4. Virgem outra vez

7.2K 515 56
                                    

DAVID tinha até medo de abrir os olhos naquele momento. Há largos minutos que permanecia sobre a namorada, acariciando os seus cabelos ligeiramente húmidos, sussurrando-lhe tolices carinhosas ao ouvido, deliciando-se com o conforto do corpo quente e nu sob si.

Podia parecer inacreditável, mas conseguira passar quase seis meses sem vê-la, quase seis meses sem lhe tocar.

– Quem és tu e o que fizeste ao David? – murmurou Rachel, ensonada, de encontro ao ombro dele. David demorou a raciocinar e a perceber que língua é que ela falava. Quando conseguiu lembrar-se de que voltara ao planeta Terra e que possivelmente a estava a esmagar com o seu peso, sorriu simplesmente e roçou o nariz contra o pescoço da loira. Bocejou e com um gemido longo e satisfeito, confessou:

– Estive tanto tempo sem fazer nada que acho que voltei a ser virgem.

O tom da sua voz ao dizer algo tão inocente fez Rachel explodir numa gargalhada.

– Tecnicamente, isso é impossível, David.

– Nunca duvides dos efeitos da abstinência prolongada de um homem – argumentou, rindo também. Beijou-lhe o ombro e saiu finalmente de cima dela, rolando para o espaço vazio da larga cama de casal.

– Oh, e então que tal foi a primeira experiência? – brincou ela, sentando-se na cama e fixando-o com um olhar felino.

– Hum... – ponderou antes de continuar, molhando os lábios com a língua. – Quente – classificou. – Excitante. E demasiado rápida. Acho que estou a voltar à virgindade de novo – disse, com uma careta. Rachel tornou a rir e abanou a cabeça ao recordar porque o amava e conseguia namorar com ele há tantos anos, mesmo com as profissões de ambos a intrometerem-se na relação.

– Oh... e nós não vamos querer isso. Mas vais ter que te manter virgem durante mais umas horas. – Rachel puxou-o para um beijo doce e rápido e deixou David profundamente frustrado quando se afastou e se levantou da cama, deixando-o sozinho.

– Tive saudades tuas. – David colocou-se de joelhos na cama e fitou-a com um sorriso quase inocente, sendo completamente verdadeiro.

– Acredita que consegui perceber na perfeição como tiveste saudades minhas – confirmou Rachel, esbugalhando os olhos e acenando com a cabeça, intensificando a veracidade da afirmação. David fora fantástico há minutos atrás. Incansável e absurdamente ousado. Dera-lhe prazer de todas as formas, obrigando-a a reconhecer que para além de sentir falta do seu carinho e doçura natural, sentia também falta do seu corpo e do seu toque. Se ela soubesse que o reencontro de ambos iria ser tão apaixonado como aquele, tê-lo-ia visitado mais cedo.

Como se David estivesse a seguir a linha de pensamentos dela, saiu da cama e não a deixou escapar. Consciente da própria nudez, abraçou-a pelas costas, dificultando-lhe a tarefa de prender o cabelo rebelde, e traçou uma linha de beijos pelos ombros e nuca descoberta. Rachel fechou os olhos e sorriu, obrigando-se a afastá-lo.

– David... – começou, ao sentir as suas mãos delicadas sobre a sua barriga lisa, puxando-a mais de encontro a si.

– O próprio - respondeu num murmúrio, mordiscando-lhe o maxilar.

– Eu estava a pensar em comer.

– Fantástico. Estava precisamente a pensar no mesmo. – Acabou por descer as mãos até ao elástico da roupa interior que ela insistira em vestir de novo e puxou-as para baixo, numa lentidão interminável.

– Tu és louco! – Rachel virou-se e tornou a ajeitar a sua roupa para depois saltar para o colo de David, que a avaliar pela sua rigidez, de encontro ao corpo semi-vestido, estava mais do que pronto para a levar à loucura de novo. – Se essa vontade toda é uma consequência da tua virgindade readquirida, lembra-me de nunca mais te deixar.

UPRISINGOnde as histórias ganham vida. Descobre agora