14. Gémea?

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– Afinal quem é este gajo?

Rachel não sabia como lidar com o desejo de acordar novamente o agressor de seu amigo e bater nele até que perdesse a consciência outra vez. Afinal, ele tinha arruinado uma sala de estar que nem era sua, sujado a cozinha e quase quebrado a porta da geladeira. E mais importante, ele tinha magoado Jake, e ninguém fazia mal às pessoas de quem gostava.

Ao se aproximar do homem para tentar reconhecê-lo, foi surpreendida por uma ordem incomum:

– Não lhe toques! – David não se tinha afastado do irmão, mas debatia-se com os mesmos pensamentos que Rachel.

Ela obedeceu e cruzou os braços, franzindo o nariz ao ver sangue na máscara que cobria a boca do homem. Ajoelhou-se e sua expressão mudou automaticamente ao reconhecê-lo.

– Sr. Connors?

– Conhece-lo?

Rachel não tinha notado a presença do namorado ao seu lado.

– Claro que conheço! – aceitou a ajuda dele para se levantar e voltou à sala, ainda perplexa. – O homem é meu vizinho. Como é que ele foi capaz de fazer isto?

Jake tentou sorrir e conter um gemido ao sentir fortes pontadas nas costelas.

– Bem, aconselho-te a mudar de bairro, Rach, porque não é comum os vizinhos se receberem com um murro na cara – conseguiu dizer.

– Um?

– Parece que foi uma receção efusiva – concordou, tossindo.

David abanou a cabeça, ainda desorientado e assustado. O homem não deveria acordar na sua presença, se quisesse preservar a sua vida. Com a raiva que sentia, ele tinha certeza de que não teria cuidado nenhum em deixá-lo bem. Não era algo que gostasse de sentir com frequência, mas alguém tinha agredido o seu irmão sem motivo aparente. Ele sabia que Jake faria o mesmo por ele.

Rachel já tinha voltado à sua calma natural, pensando com lucidez. Pela primeira vez, notou a presença de Kim, que se resguardava à parte, como se não tivesse autorização para assistir àquele momento.

– Tu estás bem? – perguntou Rachel, percebendo-a atemorizada.

Kim limitou-se a acenar afirmativamente, pois se falasse, a sua voz sairia insegura e diria mais do que gostaria. Ela não conseguia entender se tinha feito bem ou não em agredir o homem daquela maneira para ajudar Jake, e não sabia até que ponto Rachel ficaria zangada por ter quebrado a estatueta ou por não ter impedido a luta antes. Antes de tudo se partir, antes de alguém se magoar. No entanto, Kim tinha sentido apenas medo; não conseguiu pensar em nada coerente e simplesmente agiu ao ver o rapaz ferido.

– Como é que ele entrou aqui? – tornou a perguntar a loira.

– Pela porta – respondeu Jake, pegando na luva gelada que o irmão tinha trazido e lhe oferecia. – Não estava à espera de levar um murro assim que abri a porta, ok? Além disso, pensei que fosse o Aidan... – desculpou-se e levou a luva ao lábio ferido.

– Eu não consigo entender... – disse Rachel, ainda perplexa com o motivo de tanta violência. – Os Connors nunca fizeram mal a ninguém.

– Ele parecia louco quando entrou. Além de me ter confundido com um saco de pancada, revirou tudo como se estivesse à procura de algo que não sabia o que era.

– Estará doente? – David sugeriu, sem ver nenhuma razão lógica para um homem aparentemente inofensivo agir com tanta violência.

– A minha cara diz-te que ele está bem de saúde – discordou Jake, encostando a cabeça ao sofá e fechando os olhos. – Cabrão. Foi preciso vir à América para um irlandês estúpido me deixar neste estado. – riu sarcasticamente. Estaria doente? Não o homem, mas ele? Como é que não tinha conseguido se defender?

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