10. Lasanha vegetariana

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KIM estava maravilhada. Após a surpresa inicial, permitiu-se desfrutar dos jatos de água tépida que caíam do chuveiro. A sua curiosidade a levou a explorar todos os elementos naquela cabine de vidro, e um sorriso de pura felicidade iluminou seu rosto.

Sobre o espelho, que permitia que ela se visse enquanto tomava banho, botões grandes convidavam-na a ser pressionados. E ela respondeu a esse convite quase instantaneamente. Pouco depois, uma música alta ecoou pelo espaço, competindo com o som da água que corria por seu corpo. Kim teve que carregar rapidamente o botão novamente para silenciar a música. Com a música finalmente desligada, ela abriu a porta do chuveiro e espiou ao redor, aliviada por não ter sido surpreendida por ninguém.

Depois, ela pegou os frascos de produtos no pequeno suporte de parede e cheirou as suas fragrâncias, saboreando o aroma de cada um deles. Incapaz de decidir, ela misturou uma pequena quantidade de todos os frascos nas mãos e esfregou-as, sorrindo enquanto a espuma se formava entre os seus dedos.

Fixando o espelho à sua frente, ela levou as mãos ensaboadas até ao cabelo, confundindo a mistura de gel de banho e champô com seus longos fios castanhos. Em segundos, o seu cabelo estava completamente branco e com uma textura e aroma completamente diferentes do habitual.

Sem saber bem porquê, a testa ainda coberta por ligaduras começou a arder com intensidade. Ela tentou afastar o tecido, que agora sabia não ser completamente à prova de água, da sua pele escoriada, e a ferida abriu novamente. Kim tentou aliviar a ardência, mas parecia inútil.

Ignorando o incómodo, ela continuou a massajar o cabelo, cuidadosamente contornando a ferida. Ela se aproximou mais do espelho e começou a remover a espuma, moldando o cabelo de maneira excêntrica.

Ela não se conseguia lembrar de um momento tão divertido. Ela conseguia encontrar fascínio nos detalhes mais simples, até mesmo ao tocar o seu próprio corpo pela primeira vez, descobrindo pontos que não sabia que existiam e áreas tão sensíveis que a fizeram retirar as mãos ensaboadas mais rápido do que esperava.

Quando finalmente terminou o longo banho e voltou ao quarto, enrolada numa toalha, encontrou algumas roupas femininas na cama. Kim não tinha a certeza se eram para ela ou se estavam apenas desarrumadas, então ela decidiu não mexer no que não lhe pertencia. No entanto, ela passou os dedos pelo tecido suave do top cuidadosamente dobrado sobre o colchão, mas foi interrompida por uma batida na porta. Ela retirou imediatamente a mão, esperando ver o rosto irritado do rapaz que a resgatara.

– Posso entrar? – Rachel parecia menos irritada do que ele, e o seu sorriso era reconfortante.  – Deixei-as aí para ti. – disse, indicando as roupas na cama. – Posso falar contigo?

Kim limitou-se a sorrir e a acenar afirmativamente.

– Espero por ti lá fora.

Kim vestiu as roupas gentilmente oferecidas por Rachel e não se deu ao trabalho de olhar ao espelho para se certificar de que estava apresentável. Aquilo não importava desde que ela se sentisse confortável. De certa forma, os calções curtos e o top de alças eram tudo o que precisava. Se pudesse, andaria nua pela casa e pelas ruas, pois o calor era quase insuportável, mas algo na mente lhe dizia que não deveria.

Assim que desceu para conversar com Rachel, um aroma adocicado lhe provocou náuseas. Guiada pelo cheiro, dirigiu-se à cozinha e fez um esforço para ignorar a sensação quando notou a jovem loira a colocar dois pratos sobre o espaçoso balcão.

– Parece que te servem. – Rachel aprovou as roupas que Kim usava. Na verdade, ambas eram fisicamente parecidas, apesar de Kim ser mais magra e menos curvilínea.

– Sim, obrigada... – Kim vacilou por um momento ao perceber que ainda não sabia o nome dela.

– Rachel. – respondeu a loira, com um sorriso caloroso e gestos amigáveis. – E senta-te aqui.

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