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FICA LONGE DO MEU BANHEIRO!

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FICA LONGE DO MEU BANHEIRO!

O bilhete foi escrito com letras maiúsculas. Foi uma surpresa para mim chegar no meu banheiro e encontrar uma torneira nova instalada na pia. Não acredito que Tyler fez isso. Sei que não foi por bondade ou gentileza, visto que ele só quer manter distância, mas mesmo assim não deixa de ser uma surpresa para mim. 

O orçamento está apertado, é verdade. O que eu ganho trabalhando no teatro é uma ninharia, e se não fosse pela herança deixada pelos meus avós, eu, provavelmente, ainda estaria morando no meu antigo apartamento, um lugar pequeno e horroroso onde os usuários de maconha usavam a minha porta como ponto de encontro, e além do mais, era perto da casa dos meus pais, ou seja: precisava aturá-los com mais frequência falando mal do meu emprego dia e noite, da minha formação acadêmica e do quanto Bianca deveria ser um espelho para mim; um exemplo a se seguir. Eu amo os meus pais, sei que eles só querem o melhor para mim, mas eu odeio ser comparada com a minha irmã bem estruturada na vida e ser taxada como um fracasso, mesmo que ninguém tenha coragem de dizer isso na minha cara. Sei que as coisas não vão bem para mim, mas eu ainda acredito que um dia vai surgir uma oportunidade para que eu possa mostrar o meu talento e ganhar dinheiro com isso. Eu só… preciso de mais tempo. 

Tyler não está em casa. Ele deve ter saído com algum amigo ou algo assim. Não me interessa. Mas… não custa nada agradecer pela torneira nova. Entretanto, o sentimento de gratidão desaparece quando percebo que os itens de decoração que eu comprei na loja chinesa da esquina sumiram completamente. Mas que grande filho da puta! Não acredito que ele simplesmente se livrou das minhas coisas sem nem me consultar antes. 

Meu celular apita indicando uma nova mensagem, me fazendo, por um segundo, esquecer da raiva. 

BIA: Está em casa?

TERI: Estou. 

BIA: Ótimo. Chego em 10 minutos. 

Arregalo os olhos. 

Merda.

Eu não estou pronta para falar com Bianca agora. Não que eu não ame a minha irmã, mas ela também defende a ideia dos meus pais de que eu deveria procurar algo melhor para a minha vida.

Pego as peças de roupas jogadas pela sala, porque também não quero ter de ouvir o quanto sou bagunceira. Sei que isso é verdade, mas convenhamos: quem gosta de ouvir sobre seus defeitos? Isso mesmo: ninguém. Eu tenho total noção de que não bato muito bem da cabeça, mas gosto de pensar que as melhores pessoas carregam consigo um pouco de loucura. 

— Oi, Bia — cumprimento a minha irmã depois de atender a porta. 

Ela passa por mim, em passos firmes, sem dizer nada. Rolo os olhos e fecho a porta. Há um momento de silêncio enquanto ela olha tudo ao redor, antes de se voltar para mim, boquiaberta. 

— Espera aí… Você conseguiu comprar esse apartamento com aquela mixaria deixada pelo vovô? 

— Eu tive sorte… 

Amor à segunda vista • COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora