seis

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Fiquei aliviado por poder passar uma noite longe de casa

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Fiquei aliviado por poder passar uma noite longe de casa. O lar deveria ser um ambiente de paz, para descansar os seus ossos, mas no meu caso se parece mais com o inferno. Então decidi aceitar a proposta de Denzel para sair e beber alguma coisa, e acabei acompanhando uma mulher até a sua casa… Acho que já dá para saber o que veio depois. Ao acordar hoje pela manhã, eu queria fazer aquela noite durar pela eternidade, mas sabia que teria de enfrentar o meu problema alguma hora. 

Agora, chegando no meu — mas não completamente — apartamento, percebo que Teri, para testar a minha paciência, comprou objetos de decoração ainda mais grotescos e enfeitou as prateleiras. Decido não me irritar por isso — por enquanto. Vejo-a pendurando um quadro na parede, mas não consigo ver com clareza o que é. Boa coisa não deve ser, disso eu tenho certeza. Aproximo-me sem fazer muito barulho, e ela parece completamente absorta, pois não nota a minha presença em nenhum momento. Eu já citei que Teri Grace é a mulher mais distraída e desastrada que você vai conhecer na sua vida? Nesse quesito — e no estilo —, ela é única. Quando se está perto dela, você sempre pode esperar o pior, porque a mulher é capaz de derrubar o teto sobre sua cabeça apenas com a força dos pensamentos. 

Eu paro atrás dela, totalmente surpreso. O quadro não se trata de uma pintura de um pônei colorido ou de um urso de pelúcia vomitando arco-íris pela boca, mas sim de uma paisagem natural, com um campo verde, um rio, uma casa com chaminé e um céu estrelado. É de muito bom gosto até. Percebo a suavidade das pinceladas, a sensibilidade dos detalhes, a dedicação em cada parte. É impossível que Teri tenha escolhido a obra por conta própria. 

— De todos os objetos de decoração que você já comprou, esse, sem sombra de dúvidas, é o melhor. 

Teri dá um pulo pelo susto, virando-se para mim com a mão sobre o peito. Seus olhos encaram o meu rosto e depois olha de volta para o quadro antes de finalmente voltar-se para os meus olhos. 

— Você… gostou? — sua pergunta é quase hesitante. 

Avalio melhor a obra de arte antes de responder.

— É. Gostei. Uma noite no campo… Um pouco clichê, é verdade, mas é belíssimo. Parece que o artista quis passar um pouco de sensibilidade. 

A sombra de um sorriso surge no canto da sua boca. 

— É verdade. Você entende de arte? 

Dou de ombros. 

— Um pouco. — Faço uma pausa. — Mas, me diz… quem te presenteou com isso? Porque você, de forma alguma, teria comprado algo tão discreto. 

Seu riso chega até os meus ouvidos e fico surpreso ao notar um pouco de rubor se espalhando por suas bochechas. 

— Você tem razão: eu não o comprei. Na verdade… eu o pintei. 

Dou risada. Que piada! Mas quando olho para ela, seu olhar está baixo e suas bochechas continuam vermelhas. Ah. Meu. Deus. 

— Espera… isso é sério? — pergunto, descrente, engolindo o riso.  

Amor à segunda vista • COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora