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— ACORDA!

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— ACORDA!

Sinto meu coração acelerar em um ritmo preocupante e meu corpo sobressaltar até não restar mais nada em que eu possa me segurar, e de repente estou caindo. Gemo com o impacto sobre o chão e meus olhos começam a ganhar foco, vendo alguns lençóis ao meu redor e um par de mocassins muito sem graça. Ergo o olhar e vejo Tyler com um sorriso diabólico no rosto, segurando um megafone. Há um zumbido irritante passeando dentro dos meus ouvidos. 

— Mas que porra foi essa?! — rosno. 

— Apenas garantindo que você não se atrase para o trabalho, colega de apartamento — ele balança o megafone no ar antes de se retirar do quarto, ainda sorrindo. 

Solto um longo suspiro e caio de volta no chão com os braços abertos, encarando o teto branco. Cansada. Essa palavra me resume bem. Cansada das intrigas, das brigas com Tyler, do meu emprego miserável, dos meus pais chatos e da minha irmã perfeita. Eu só queria poder sumir para um lugar bem longe daqui e voltar apenas quando toda a minha vida estivesse resolvida. Mas sei que isso é bobagem, até porque, minha vida não vai a lugar nenhum se eu não começar a me mover. Nada vem de graça. 

Forço-me a levantar do chão, apoiando-me na cama. Jogo os lençóis que caíram com a minha queda em cima do colchão e vou até o centro do quarto, longe dos móveis, para me alongar um pouco. Sinto uma pontada nos músculos, mas não desisto. 

Theodor ainda está dormindo — como quase sempre —, então apenas troco a água e abasteço a comida da gaiola. Tomo um banho e praticamente visto qualquer coisa que encontro pela frente no closet, o que consiste em uma calça de veludo verde e uma blusa rosa. Prendo o cabelo em um rabo de cavalo e levo minha bolsa para a cozinha, onde Tyler está preparando um café da manhã que parece delicioso. 

— Ah, Teri, oi. — Ele sorri, animado demais para ser normal. — Dormiu bem? E como você acordou hoje? 

Rolo os olhos. Ah, claro. Ele está super feliz em presenciar a minha desgraça. 

— Olha só, eu vou ignorar a gracinha que você fez — digo. Depois de uma pausa e um suspiro, emendo: — Precisamos conversar. 

Ele desliga o fogão e vira-se para mim, recostando-se na pia e cruzando os braços. 

— Precisamos? — arqueia a sobrancelha.

— Estou cansada — coloco a bolsa em cima da cadeira. — De tudo. Das nossas brigas, das sabotagens, das intrigas… Sério, Tyler, quantos anos você tem? E eu? Estamos agindo feito criança e isso não vai resolver os nossos problemas. Já ficou bem claro que nenhum dos dois vai sair. 

Ele permanece implacável por um instante, mas depois seus ombros relaxam em um claro sinal de derrota e um suspiro escapa por entre os seus lábios. 

— E o que sugere que façamos?

— Olha, eu morava em um lugar horrível — eu conto. — As paredes estavam cheias de mofo e o teto estava praticamente desabando com a infiltração. Então surgiu esse apartamento e você sabe que uma oportunidade como essa aqui vale ouro… — Suspiro. — Mesmo que eu vendesse a minha parte do apartamento para você, seria praticamente impossível encontrar outro lugar como esse. Nova York é um labirinto. 

Amor à segunda vista • COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora