Capítulo 1

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"A razão e o direito vencem - ainda que desarmados."

Sexta-feira, 20:38 da noite.

Há algumas semanas, quando as ameaças começaram, jamais imaginei que as coisas iriam tão longe assim. Meu corpo em estado de alerta, encontrava-se rígido de tanta angústia. Comigo no carro, um modelo popular de cor cinza, estavam minhas duas amigas, Laura e Manuela. Nos conhecemos na época do colégio e permanecemos juntas desde então. Sempre acreditei que as levaria comigo para toda a vida, se não como amigas, ao menos, como cúmplices.

Laura era uma jovem de estatura mediana, cabelos longos e escuros; ondulados. Fora isso, ela namorava com Nicolas, que por sua vez era o melhor amigo do meu namorado. Manuela era um caso à parte, além de amiga, ela era também namorada do meu irmão, uma das coisas mais inexplicáveis que já vi, já que acreditava que aquele garoto estava morto por dentro.

— Resumindo, eu pego o dinheiro e você fica de olho na movimentação! – Notifiquei Laura, para que nada além do combinado fosse feito. — E você...

— Eu vou ficar esperando por vocês com o carro ligado! – Prontificou Manuela. — Boa sorte!

Confesso que a decisão de fazer um assalto não era muito inteligente, considerando que Laura e eu tínhamos dinheiro o suficiente.

Quer dizer, nossos pais.

Motivo pelo qual resolvemos cometer um crime? Bem, Certa noite, não lembro-me exatamente qual, ouvi meu namorado discutir com alguém, através do celular. Ele até que tentou fazer o mínimo de barulho possível, mas ainda assim consegui ouvir toda a conversa e pelo o que eu entendi, ele estava devendo pessoas, as quais ele conseguia drogas para o consumo pessoal. Essas pessoas para quem ele devia não somente estavam o ameaçando, como a mim e as meninas também e por isso elas estavam tão envolvidas quanto eu.

Olhando para o mercadinho que ficava metros à frente, percebi que voltar atrás não seria uma opção, não mais. Coloquei na cintura a arma que Laura pegou escondida na gaveta do pai e cobri-a com a blusa de moletom, que parecia ser duas vezes maior que eu. As ruas estavam vazias e, para nossa sorte, o comércio também. Respirei fundo ao cruzar a entrada e com pesar apontei o revólver para o senhor de idade que estava no caixa, dando voz de assalto.

— Não reage, eu só quero a grana! – Estendi a ele uma sacola, enquanto apontava a arma em sua direção. — Rápido, merda!!! – Acelerar o funcionário a gritos funcionou; contudo, quando estávamos prestes a sair do estabelecimento, um homem apareceu e me segurou pelo braço.

Meu Deus! De onde foi que ele surgiu?

— Você está pega, mocinha! – O sorriso sádico do homem denotava sua confiança, ele havia tomado o meu posto e agora era a pessoa mais temida daquele ambiente.

— Me larga! – Me debati, tentando escapar. Eu estava tão nervosa, que por descuido esqueci-me de que estava armada, o que não significava muita coisa, eu jamais teria coragem de usar uma arma de fogo contra alguém. Senti meu coração acelerar e o nó se formar na garganta, determinando que aquele seria o meu fim, logo, já não tinha tanto poder.

Minha expressão fechou-se dura, quando subitamente me veio à cabeça uma lembrança dos meus pais. O que eles achariam de mim? Todo o meu esforço para que eles me reconhecessem como filha cairia por terra, tamanho desgosto.

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