Capítulo 4

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Segunda-feira, 20:19 da noite.

Arthur Beaumont

Ontem, sem ter o que fazer em casa, tive a ideia de ligar para uma das garotas que eu atropelei. Algo me intrigava, talvez a forma em que tudo aconteceu, mas confesso ter ficado admirado quando Alana atendeu e reconheceu minha voz. Após certificar-me de que ela e sua amiga estavam bem, sugeri passar em sua casa para que eu pudesse ver com meus próprios olhos e embora ela tenha dito que estava ótima, sua voz dizia o contrário. Alguns serviços não aceitam erros, na polícia não era diferente. Um homicídio codificado na carreira de um investigador era como formular a própria carta de destituição do cargo público, fosse esse homicídio culposo ou não. Minha ética e conduta honesta sempre foram primordiais e algo que me destacava dentre outros colegas de ofício, não era fácil, mas eu me orgulhava de ocupar tal posição. Assim que meu expediente encerrou, passei no mercado e comprei alguns congelados, como ela comentou que não podia sair, levei até sua casa. Quando cheguei, fui pego de surpresa pela garota que provavelmente esqueceu do combinado, já que a mesma encontrava-se apenas de pijama. Envergonhada, ela pediu que eu a esperasse na sala, durante o tempo em que estivesse se trocando. Liguei a tv, organizei as embalagens na mesa e quando passei por alguns retratos, um em específico me chamou a atenção. Com a língua para fora e simulando estrabismo, Alana fazia um tipo de careta com suas amigas e era algo tão ridículo, mas ao mesmo tempo caía muito bem nela, que parecia se divertir.

— É uma pena que a Laura tenha ido embora! – Anunciou descendo as escadas, usando um vestidinho um pouco acima do joelho.

— Que bom que estão bem, eu nunca passei por isso e não saberia como reagir! – Suspirei aliviado, como se uma tonelada de culpa tivesse sido removida do meu peito. Perguntei a ela o motivo pelo qual elas se jogaram na frente do meu carro, mas ela desconversou e sinceramente? eu não estava ali à serviço, então pouco me importei. O único intuito daquela noite era saber se ela e sua amiga estavam bem, mas não pude deixar de notar sua aparência, que era bonita e agradável.

Bonita não, ela era linda.

Seu jeito irônico despertou minha curiosidade e desejo de conhecê-la um pouco mais.

— Gosta de sorvete? – O silêncio foi interrompido por quem dominava meus pensamentos, por mais que não devesse estar ali.

— Não, açúcar estraga os dentes! – Recusei a sobremesa e me despedi, levemente impressionado.

O destino não brincaria assim comigo...

Eu acabei de atropelar essa garota!

                                    *

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