Terça-feira, 10:18 da manhã.
Minha cama estava vazia, ainda era manhã. Levantei-me à procura de Arthur, mas ele já havia ido embora.
— Bom dia, acabei ficando um pouco mais na cama, você sabe.. – Falei para meu irmão, que tomava café na sala enquanto verificava algo em seu computador.
— Sim, eu sei! Quer conversar sobre?
— Só quero fingir que nada aconteceu, não quero ficar paranóica ou coisa parecida.
— Estive conversando com o Arthur mais cedo, ainda acho importante irmos até a delegacia.
— Acredito que não seja necessário, além do mais, ele já está a par de toda situação.
— Mas não pode fazer nada, ação contradita.
— Ação o quê? – Questionei por não ter entendido o termo que foi utilizado.
— Ação contradita, quando um profissional não pode interferir em casos jurídicos ou inquéritos por ter vínculo afetivo direto com a parte contrária.
— Não temos vínculo afetivo, mas ainda assim eu prefiro esperar! Eu duvido muito que tentem invadir outra vez, ou o que quer que seja.
A ideia de ir à delegacia não era nada boa, por mais que parecesse. Como eu explicaria do assalto, telefonemas e tudo mais? As coisas estavam ficando sérias e isso me assustava.
— Seu amigo sugeriu uma ideia, porém eu fiquei de conversar com você primeiro. – Ele me olhou por cima da tela do notebook e prolongou o assunto. — Sugeriu que você ficasse na casa dele por uma ou duas semanas, mas não acho bacana, nossos pais estarão de volta em breve.
— Nada pra você é bacana, lembra do Eric?
Retornei ao meu quarto e me aproximei da varanda, aquela mesma janela que antes servia de rota de fuga para os meus amigos, serviu como porta de entrada para alguém desconhecido.
✉: Chamada de vídeo? – Mandei mensagem para Laura, que já deveria estar acordada.
✉: Bom dia pra você também! Pode ligar.
Conectei meu notebook no carregador e acessei o google meet.
— Alguém esteve aqui ontem a noite, dentro do meu quarto, na sacada.
— E você fala isso na maior tranquilidade? – Espantada, ela pareceu não acreditar na veracidade do assunto.
— Arthur esteve aqui, assim que o chamei ele apareceu e no fim deu tudo certo! – Senti os cantos da minha boca se curvarem em um meio sorriso, acanhado.
— É claro que esteve! Não é engraçado como ele sempre está por perto? – Nicolas apareceu no meio da videoconferência e nos atrapalhou, como de costume.
— Nicolas, fico feliz em saber que de todas as vezes em que eu te obriguei a pular da minha janela, em nenhuma delas você afetou suas garras! – Mudei o rumo da conversa, ironizando. — Ele conversou com meu irmão, levantou a hipótese de eu passar um tempo na casa dele, mas sei lá.
— Sei lá! – Laura gesticulou dando ênfase as aspas imaginária. — Você é uma péssima mentirosa, sabia?
De fato, eu realmente era uma péssima mentirosa e o que me confortava era saber que existia uma linha tênue entre o mentir e omitir.
— Dentre tantas pessoas, você resolveu brincar de casinha com um policial. – Nicolas recriminou. — Coitado do meu amigo! Ainda bem que ele está muito bem servido e não terá tempo para sofrer.
![](https://img.wattpad.com/cover/254516516-288-k110774.jpg)
YOU ARE READING
Cyberstalking - Além do que se vê
Teen FictionApós ser perseguida e ameaçada por alguém que sabe demais sobre o seu passado, Alana não vê outra saída, a não ser receber proteção na casa de Arthur: O investigador chefe do departamento policial de sua cidade. Entretanto abrigo, roupa limpa e segu...