Capítulo 16

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Terça-feira, 10:18 da manhã.

Minha cama estava vazia, ainda era manhã. Levantei-me à procura de Arthur, mas ele já havia ido embora.

— Bom dia, acabei ficando um pouco mais na cama, você sabe.. – Falei para meu irmão, que tomava café na sala enquanto verificava algo em seu computador.

— Sim, eu sei! Quer conversar sobre?

— Só quero fingir que nada aconteceu, não quero ficar paranóica ou coisa parecida.

— Estive conversando com o Arthur mais cedo, ainda acho importante irmos até a delegacia.

— Acredito que não seja necessário, além do mais, ele já está a par de toda situação.

— Mas não pode fazer nada, ação contradita.

— Ação o quê? – Questionei por não ter entendido o termo que foi utilizado.

— Ação contradita, quando um profissional não pode interferir em casos jurídicos ou inquéritos por ter vínculo afetivo direto com a parte contrária.

— Não temos vínculo afetivo, mas ainda assim eu prefiro esperar! Eu duvido muito que tentem invadir outra vez, ou o que quer que seja.

A ideia de ir à delegacia não era nada boa, por mais que parecesse. Como eu explicaria do assalto, telefonemas e tudo mais? As coisas estavam ficando sérias e isso me assustava.

— Seu amigo sugeriu uma ideia, porém eu fiquei de conversar com você primeiro. – Ele me olhou por cima da tela do notebook e prolongou o assunto. — Sugeriu que você ficasse na casa dele por uma ou duas semanas, mas não acho bacana, nossos pais estarão de volta em breve.

— Nada pra você é bacana, lembra do Eric?

Retornei ao meu quarto e me aproximei da varanda, aquela mesma janela que antes servia de rota de fuga para os meus amigos, serviu como porta de entrada para alguém desconhecido.

✉: Chamada de vídeo? – Mandei mensagem para Laura, que já deveria estar acordada.

✉: Bom dia pra você também! Pode ligar.

Conectei meu notebook no carregador e acessei o google meet.

— Alguém esteve aqui ontem a noite, dentro do meu quarto, na sacada.

— E você fala isso na maior tranquilidade? – Espantada, ela pareceu não acreditar na veracidade do assunto.

— Arthur esteve aqui, assim que o chamei ele apareceu e no fim deu tudo certo! – Senti os cantos da minha boca se curvarem em um meio sorriso, acanhado.

— É claro que esteve! Não é engraçado como ele sempre está por perto? – Nicolas apareceu no meio da videoconferência e nos atrapalhou, como de costume.

— Nicolas, fico feliz em saber que de todas as vezes em que eu te obriguei a pular da minha janela, em nenhuma delas você afetou suas garras! – Mudei o rumo da conversa, ironizando. — Ele conversou com meu irmão, levantou a hipótese de eu passar um tempo na casa dele, mas sei lá.

— Sei lá! – Laura gesticulou dando ênfase as aspas imaginária. — Você é uma péssima mentirosa, sabia?

De fato, eu realmente era uma péssima mentirosa e o que me confortava era saber que existia uma linha tênue entre o mentir e omitir.

— Dentre tantas pessoas, você resolveu brincar de casinha com um policial. – Nicolas recriminou. — Coitado do meu amigo! Ainda bem que ele está muito bem servido e não terá tempo para sofrer.

Cyberstalking - Além do que se vêWhere stories live. Discover now