Capítulo 8

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Terça-feira, 20:33 da noite.

Laura Hernandéz

A vida quando refletida em adolescentes entediadas pode se tornar perigosa, e foi assim que eu me senti há quatro anos. Meus pais nunca se importaram comigo, não verdadeiramente. Minha mãe sentia-se culpada por não ter dado um filho homem ao nojento do meu pai, e meu pai usava essa desculpa para trair minha mãe, como se a falta de um herdeiro homem justificasse suas puladas de cerca.

Até o dia que eu cheguei em casa e o peguei transando com a vizinha.

O casamento foi ao fim, gritos para todos os lados e assim se consolidou a ruína do casamento perfeito, ou pelo menos, a fachada.

Terapia familiar? Seria uma ótima opção, se não fosse um escândalo. Largada à própria sorte, eles decidiram me matricular em um colégio de educação integral, aquela história do "Quanto menos tempo em casa, melhor."

O colégio era ótimo, mas era um saco ficar lá o dia inteiro. A instituição oferecia método de ensino internacional e não somente éramos obrigados a estudar línguas adicionais, como também suas respectivas culturas - sem contar as tarefas extracurriculares e obrigatoriedade de matrícula em pelo menos uma modalidade esportiva.

Lembro do estresse que foi me adaptar com a mudança no meio do período letivo. Eu me sentia perdida, era muita informação. Todos já tinham seus grupinhos fechados, panelinhas. E eu? fiquei para escanteio, até que alguém me enxergou.

Comparada com a atual, parece que a "Alana" antiga foi abduzida e trocada, mas ela só cresceu. Quando eu a conheci, éramos apenas pré adolescentes. Nossa amizade foi ficando cada vez mais forte, ao ponto de uma não conseguir ficar longe da outra.

Nem parece que já ficamos meses sem trocar uma única palavra, tudo porquê eu não quis ir ao show do Justin Bieber.

Quando Manuela entrou no primeiro ano do ensino médio, nos tornamos imbatíveis, a santa trindade. Manuela era bolsista, mas isso não anulava o seu mérito de estar ali. Uma vez ou outra aparecia alguém querendo invalidar sua presença, por ela não ter o padrão de vida como os demais alunos, mas esqueceram que para estar ali, era preciso ter inteligência, e isso ela tinha de sobra.

Enquanto eu lembrava dessas coisas, me questionei: Como é que chegamos até aqui? Estava na sala da minha amiga, quando ela desceu a escadaria, chorando.

— O que aconteceu? – Perguntei, tentando lhe acalmar. Alana chorava de soluçar e apertava o próprio rosto, marcando-o com as unhas.

— Eu não vou precisar falar com o meu irmão, sua amiga Manuela já resolveu isso! – Praguejou. Ela começou a falar e eu fiquei incrédula com a revelação. Manuela ligou a pedido da tal pessoa, o que significava que não estávamos livres e não parava por aí. Ela disse que a tal pessoa ligou e objetivou um acordo, em troca de um habeas corpus. A exposição de um segredo.

— Puta merda, eles transaram? – Eu estava passada, dobrada e guardada na gaveta com essa informação.

A pessoa que estava fazendo isso parecia odiar a Alana, mas quem? É um fato que ninguém gostava dela na época do colégio, mas tinha um único motivo: Eric.

Como um troféu posto em uma prateleira, ela não fazia questão alguma de esconder seu suposto romance.

Eric trabalhou na secretaria da instituição, como auxiliar. Toda garota que se aproximava dele tinha a vida transformada em um inferno, coitadas! Foram tantas meninas que eu nem sabia por onde começar. Eu podia ter intervido na época, mas eu não fiz nada.

Eu estava tão arrependida!

*

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