Capítulo 18

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Os protestos de Elisa em favor do primo eram quase inaudíveis, descontrolada, a garota tentava afastar o investigador de cima do meu ex, que agonizava no chão.

— Você tem noção do que vai acontecer comigo se essas fotos caírem nas mãos do meu pai?

— VOCÊ, VOCÊ e VOCÊ! Isso é tudo que enxerga? O próprio umbigo? E quanto a mim, o que acha que o seu papaizinho vai fazer?

— Eu fiz de tudo por você e tudo que você fez foi me trair de todas as formas cruéis possíveis! – A tristeza parecia cheirar bem, visto que por diversas vezes precisei parar para respirar pausadamente. — Eric, eu te amava!

— Você amava ter alguém que desafiasse o seu pai, o que é diferente! Quem sabe atingindo o todo poderoso ele prestasse um pouco mais de atenção em você? Alana, você mente para o seu irmão, engana os seus pais e é por isso que você é só! Você é perversa, encontrou um otário que assim como eu, caiu direitinho na sua lábia, a diferença é que agora você não me engana mais! Já contou a ele o que andou fazendo? – Sem entender, Arthur olhou para mim e depois voltou a encarar o rosto do garoto, que mais parecia se divertir com a situação que causou. — Não, é claro que não contou!

— No futuro, quando você perceber o quão injusto está sendo, ligará implorando por perdão e eu vou sentir raiva, porque mesmo depois de tudo eu não vou conseguir te odiar!

— Garota, que futuro? – Gargalhou ridicularizando meus sentimentos. — O que você tem de bonita por fora, tem de vazia por dentro! Eu quero você fora da minha vida!

Uma facada no coração teria doído menos.

— Retiro o que eu disse, você é um babaca! E ah, caso não saiba, esse homem aí que acabou de te dar uma surra me fode bem melhor que você, e eu não precisei fingir gozar em nenhuma das vezes! – Precisei voltar ao carro antes que as lágrimas tomassem conta do meu rosto, amaldiçoando-me por ter me reduzido a tanto.

Como eu pude ser tão cega?

— Você está bem? – Preocupado, Arthur entrou no carro logo em seguida.

— Não, mas vou ficar!

Existem fotos em que estou nua por toda internet e pelo jeito a culpa seria toda minha, afinal, eu as enviei. Encostei a cabeça na janela do carro e me permiti chorar por todo o caminho de casa. Quando chegamos, não tive coragem o suficiente para desbloquear meu celular e pelo o que eu vi através do visor, ele estava repleto de notificações e isso fez com que o ar fosse absorvido com dificuldade pelos meus pulmões.

— Acho que agora seria o momento ideal para termos aquela conversa, estamos de acordo? – Assenti quando Arthur pediu por um posicionamento. Guardar segredo tem sido insuportável e eu devia isso a ele.

— Eu estava com medo e fiz coisas das quais eu me arrependo, queria poder voltar atrás, mas eu não posso... –  Levei as mãos até o rosto e chorei mais uma vez. — Eu roubei, menti e magoei pessoas, talvez eu mereça passar por tudo isso! O que tem de errado comigo? Tudo o que sou afasta as pessoas!

— Não há nada de errado com você, fora sua teimosia! E outra, não existe nada que seja considerado um erro, a vida é baseada em novas oportunidades e perspectivas, você aprenderá isso com o tempo! – Complementou. — Talvez o seu momento agora não seja sobre o amor, seja sobre você!

— Assim que meu pai tomar ciência dessas fotos ele vai me mandar pra bem longe e talvez eu nunca mais volte a te ver. Não quero que fique com uma lembrança ruim de mim, então não me peça para contar a verdade, por favor...

— Eu não entendo esse seu medo, mas garanto que eu vou descobrir de um jeito ou de outro. Espero que eu não me arrependa de ter te acolhido! – Arthur foi para o banho e eu tive que encarar os vestígios das fotos que ainda estavam espalhadas pela sala. Eu queria desmoronar feito uma pilha de tijolos de um prédio vazio e velho, queria um abraço que amenizasse toda a dor que eu estava sentindo, mas eu não tinha ninguém, exceto o homem que tomava banho cômodos à frente.

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