Capítulo 6

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Terça-Feira, 12:18 da tarde.

Eric Bellini

Não, que brincadeira de mau gosto foi aquela? Puta merda! Nicolas ao meu lado não calava a boca, minha cabeça estava uma bagunça e a culpada disso tudo era ela:

Alana Rivera.

Alana podia ser facilmente retratada como alguém gentil e amigável, é claro, era o que ela demonstrava ser. Eu diria que cínica seria o seu adjetivo.

— Meu amigo, está faltando diversão! vamos lá pra casa, podemos chamar algumas amigas! – Nicolas gesticulou com aspas ao dizer amigas.

— Acabei de ser descartado e você quer que eu me divirta?

— Bom, parece que a Alana já está se divertindo e você pôde ver com seus próprios olhos! – Droga, eu detestava ter que admitir que ele estava certo. Fomos para sua casa e assim que as meninas chegaram, começamos a beber. Por um momento acabei ficando só com uma delas. Sentei-me na bancada da sala, que por sua vez fazia papel de bar, quando a garota se aproximou. Ela não parecia ser dessa vida, sua maneira de se vestir era diferente, seu rosto era angelical. A garota veio até mim e astuciosamente me beijou, levando suas mãos até meu cinto. Com esperteza, o retirou na intenção de desabotoar minha calça.

A vida inteira eu tive facilidade em ter quem almejava, e isso incluia Alana. Muitas vezes eu a controlei como um adestrador que educa sua cadela e ter alguém recebendo por sexo não era um desafio, por mais que a moça se empenhasse. Retirando meu órgão que não estava totalmente duro de dentro da cueca, ela começou a chupá-lo, tentei focar em seus movimentos guiando-a pelo seu cabelo, mas foi em vão. Meus pensamentos estavam em outro lugar e meu pau não subia de jeito nenhum. Não bastasse rejeitado, Alana me deixou broxa.

Desgraçada.

— Não dá mais! – Sinalizei para que a garota parasse, que mesmo sem entender tentou continuar com o seu trabalho.

— Não está bom?

— Sei lá, cara! Eu não quero mais! – Ela era diferente, não demonstrava vergonha, não demonstrava sentimentos.

Não era ela quem eu queria que estivesse me sugando.

***

— Parabéns, além de negar foda, você broxou com uma garota que facilmente daria de dez a zero na sua pokémon evoluído! – Meu parceiro estava possesso e com razão, dinheiro mal gasto.

— Eu não broxei, ela só não fazia do jeito que eu gosto! – Eu não estava com cabeça para absolutamente nada, não eram nem quatro da tarde e eu já tinha sido escorraçado, humilhado e falhado como homem. O que mais poderia acontecer? — Acho que vou embora, muita informação e eu quero esquecer que esse dia aconteceu. Vem comigo? – Sim, eu estava carente ao ponto de querer o meu melhor amigo por perto e também, sua presença me ajudaria a não me envolver em um problema ainda maior, um problema chamado Elisa.

— Vou, né? O que eu não faço pelo meu broxa favorito?

A movimentação da rua estava diferente, alvoroçada. Ao chegar em casa, encontrei minha mãe chorando na ponta da sala e minha prima abraçada a ela. Olhei para o lado e tudo estava revirado, e do outro, um rosto que não me era estranho:

— Você?

— Eric, você está preso!

***

Cheguei em casa e me trataram como se eu fosse culpado por algo que eu não fiz, como se eu fosse a pior pessoa do mundo e, sem chance de defesa, me colocaram dentro de uma viatura.

Minha mãe estava desesperada e consequentemente, chorava sem parar. As contas estavam apertadas, a única renda da casa eram bicos que eu conseguia por aí, não teríamos dinheiro para um advogado. Se eu soubesse ao menos o motivo pelo qual eu estava sendo preso, tentaria pensar em uma defesa, mas nem isso.

Estava na cela quando Arthur mandou me chamar e, diferente de mais cedo, ele mal olhou na minha cara. Bem, eu tinha direito a uma única ligação. Sem pensar duas vezes, liguei para a única pessoa que poderia me tranquilizar, mas seu telefone estava ocupado.

— Tentei te ligar, mas foi em vão. Acho que sei com quem deve estar falando. – Falei e olhei para Arthur, que estava do outro lado da sala, no celular. — É como nos filmes e eu só tenho direito a uma ligação, como não tenho advogado, minha única preocupação e prioridade foi você. Pior que estar aqui, é não poder estar ao seu lado. Sinto muito por tudo e por não estar com você no seu aniversário, não sei quando irei ver seus olhos e seu sorriso novamente, espero que em breve. Meu tempo está acabando e eu preciso desligar, tchau. – Encerrei a ligação, na esperança que ela ouvisse o meu recado na caixa postal.

— Você sabe porquê está aqui? – Arthur sentou-se em sua mesa e questionou.

— Ambos sabemos! – Respondi de forma objetiva. — Você quer Alana e comigo longe terá passe livre para conseguir o que deseja!

— Verdade! É engraçado ver que mesmo em desvantagem, você ainda sustenta a pose de bad boy! – Apresentou um envelope que estava dentro de uma gaveta. — Recebemos uma denúncia, tráfico de drogas! – Se era verdade ou não, não fazia diferença. Eu estava preso e ele teria o campo livre para conquistar o que era meu. — Quanto a Alana, você tem razão! Com você aqui, tudo fica mais fácil. Caso queira saber, não costumo misturar as coisas; tenho potencial e vou conseguir o que eu quero de forma limpa!

— Então seja gentil, ela é mais sensível do que aparenta. – Suspirei e pedi para retornar à minha cela.

Não era do meu costume incomodar, então teria que aguentar calado até que a sorte voltasse a bater na minha porta.

A vida não tem sido fácil, a única certeza que eu tinha é que eu era inocente e que toda aquela droga foi forjada. Eu estava em uma cela com vários outros detentos, todos me olhavam feio e outros com superioridade, como se não estivessem tão na merda quanto a mim.

Deitei em um colchão velho que seria minha cama por um bom tempo, o dia seguinte seria melhor.

Eu pediria a Deus por isso.

*

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