Capítulo 23

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Quarta-feira, 15:18 da tarde.

Arthur Beaumont

Nesses quatro últimos dias que se foram, percebi que estar em casa jamais voltaria a ser como antes. O silêncio que marcou unicamente cada cômodo imitava a desesperança causada pela falta da garota que possuía meu coração, e toda sua extravagância. Seu sorriso era a coisa mais linda que eu já vi e de modo igual a toda droga ilícita, acabei me tornando dependente dela. O único e mínimo contato que Alana mantinha comigo era quando visualizava meus stories no instagram, e vice-versa. Não era muita coisa, contudo, melhor que nada. Vagando pelas redes sociais, vi que Laura marcou presença em um evento privado, pelo jeito não aprenderam que compartilhar sua localização na internet não era uma ideia muito inteligente, especialmente quando se tem alguém atrás de você. Printei a tela que indicava o endereço do local, decidido a ir até ele. Laura e Alana estavam sempre juntas, algo me dizia que dessa vez não seria diferente. 

Anoiteceu e a hora do evento se aproximou, me aprontei vestindo uma camiseta discreta e calça jeans de tom escuro, desse modo ficaria confortável e não chamaria atenção. Minhas mãos suavam e meu corpo achava-se enrijecido de puro nervosismo, e se ela realmente estivesse lá? Ou pior, e se ela estivesse acompanhada de alguém? Quando a vi pela última vez, ela deixou claro que sua vida seguiria sem mim. 

Curiosa a forma de como isso me afetava.

Andando sem pressa para dentro do recinto, esbarrei em algumas pessoas que agitavam-se alvoroçadas no meio da multidão. A batida que tocava pelo músico estremecia meus pés que estavam sobre o piso sujo, os gritos de animação me incomodavam e a luz mais ainda, se destacavam excessivamente em flashes rápidos que ofuscavam diretamente minha visão. O ambiente parecia ser mais um festejo universitário do que qualquer outra coisa. Usando minhas mãos para afastar-me daquela gente que me cercava, observei toda a área. 

Atravessei a pista em direção ao salão de bebidas e sentei-me numa poltrona aconchegante que havia perto do bar, com os dedos batendo ansiosamente em meus joelhos, suspirei procurando-a. Será que ela realmente viria, ou eu que me deixei levar pelo desejo de querer encontrá-la? Fui até o balcão, me servi com cerveja de baixo teor alcoólico e voltei para pista, que agora estava um pouco mais escura. Olhei em volta novamente e desisti, quando se gosta de alguém, sua capacidade manipulativa decresce. 

A música que antes era alegre, tornou-se duradoura e numa algazarra não tão distante, fui capaz de identificar a voz afetuosa que partia logo à frente. De uma forma que eu nunca havia visto antes, lá estava ela, genuinamente feliz. Terrivelmente encantadora, Alana vestia um micro vestido preto e apertado, era tão curto que se a mesma abrisse um pouco mais as pernas, seria capaz de mostrar toda sua intimidade.

Ela não estava feliz, estava é bêbada. 

Abraçada a Laura, as duas amigas cantavam a melodia que tocava. Me aproximei delas que ainda não tinham me notado, bom, pelo menos foi o que eu imaginei, até ver que Alana me olhava fixamente a poucos metros de distância.

— Você diz que me odeia, mas continua me ligando. Por que quer partir meu coração e me amar ao mesmo tempo? Você veio do inferno e me fez perder a porra da minha cabeça, o que eu fiz pra merecer isso? – Só compreendi a letra da música quando constatei que ela cantava e dedicava abertamente para mim. 

Elas não estavam só, Laura estava acompanhada de seu namorado e haviam outras pessoas que não eram do meu conhecimento, eu me sentia um tolo desajeitado, como se fosse a merda de um adolescente que sofria bullying na hora do recreio. 

Cyberstalking - Além do que se vêWhere stories live. Discover now