Capítulo 11

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Para que pudesse se trocar, Arthur me levou consigo para sua casa. O passeio repentino nos pegou de surpresa e o uso informal seria o mais adequado para a ocasião. O investigador quase sempre era visto em suas roupas sociais que impunham seriedade e respeito, geralmente eram camisas de algodão na cor preta e calças de alfaiataria da mesma cor, ele realmente era extremamente elegante e atraente.

— Serei breve, enquanto isso, sente-se e fique à vontade! – Sua casa era bem organizada, seu cheiro era de limpeza e sua decoração um pouco exorbitante para um homem solteiro, mas tudo combinava muito bem. Pelo menos essa foi a impressão que eu pude ter do único cômodo que me foi apresentado, infelizmente.

— Podia ao menos ter oferecido um copo d'água! – Deixei meu pensamento escapar pela boca. Senti minhas bochechas queimarem quando Arthur apareceu atrás de mim, notando meu comentário infeliz. Tentei disfarçar elogiando sua casa, mas não funcionou. Ele parecia se divertir com minha gafe.

— Obrigado, eu costumo me interessar por coisas bonitas! – Sorriu de soslaio e conduziu uma piscadela.

Arthur tinha uma aparência máscula completamente diferente de todos que já provei, embora tenham sido poucos. Mordisquei os lábios só de imaginar em ter aquele homem para mim, que era totalmente diferente do meu ex.

— E então, quais são seus planos para hoje, além de acabar com a minha festa surpresa?

— Terá que esperar, senhorita Rivera! – Colocou no bolso sua carteira e chaves. — E se for parar pra pensar, não foi tão ruim assim, já que será recompensada por isso!

***

Arthur dirigia focado em sentido ao parque, uma vez ou outra um sorriso tímido desabrochava em seu rosto. 

— O que foi? – Perguntei a ele, que sorria para mim e balançava sua cabeça em negação.

— Não gosto quando faz isso com a sobrancelha, me sinto desprotegido! – Sorriu novamente, só que dessa vez deixando uma mão no volante e, com a outra, me apertou a coxa.

Meu corpo parecia aceitar bem a ideia de estar com outro homem, o segundo em toda a minha vida no parâmetro sexual. Seus toques me causavam sensações de arrepio e curiosidade, como se uma certa indecência lutasse contra a minha razão. Eu precisava apagar esse fogo que me consumia, principalmente, no meio das pernas.

Arthur seguiu até um hotel e fez check-in ainda no estacionamento, pelo sistema drive. Era um ambiente muito bonito, não tão luxuoso como os quais minha mãe fazia questão de se hospedar em nossas viagens, mas era um hotel e tanto.

— Bom, tendo em vista que ainda não almoçamos, achei que seria uma proposta interessante. O que acha?

— Saquei, você paga o almoço e em troca espera que eu te dê a sobremesa, né? – Zombei por ter achado engraçado, mas pelo jeito eu fui a única.

— Quem está dizendo isso é você! Minha intenção foi prezar pela minha integridade, já que eu não posso deixar meu carro ou marcar bobeira por aí; ossos do ofício!

Burra, bem feito! Quem mandou falar demais? É lógico que isso fazia total sentido, ele era investigador e sua vida estava em constante perigo.

***

Cada vez que Arthur abria a boca, eu me sentia ainda mais desprovida de inteligência - e olha que eu sempre me considerei bem esperta. Ele falava muito bem, sua dicção era invejável, além da sua capacidade em dominar qualquer assunto abordado.

— Alana, você consome bebidas alcoólicas? – Perguntou, enquanto provava um pouco do licor que tinha solicitado.

— Não muito, a idéia de ficar chapada não me apetece! – Mentirosa! Seria isso que minhas amigas gritariam na minha cara se ouvissem tamanho disparate.

Amigas, se é que Manuela ainda cabia nesse plural.

— Continue assim!

Quando Arthur me chamou para sair, eu não esperava que fosse um almoço. Não quer dizer que estava sendo ruim, mas eu sabia que ele podia me oferecer outras coisas, além de beijos arrebatadores. Eu queria mais e sabia que ele queria tanto quanto eu, só não queria acreditar ou dar o primeiro passo.

— Senhor investigador, uma vez me disse que não usava sua algema somente para prender bandidos, será que poderia me dar uma demonstração de como o senhor a usa habitualmente? – A intenção era provocá-lo, deu certo.

O olhar do homem mudou completamente depois do meu comentário desbocado, que passou a  me olhar com tesão e impureza, como se esperasse isso há tempos.

— Podemos ficar aqui, terminar nosso almoço e depois subir para o quarto; ou podemos dar uma volta e fazer o que for do seu agrado, é só dizer. – Ele tentava demonstrar que tinha total controle da situação, mas não era isso que seus olhos diziam.

— Eu sei o que eu quero, e eu quero você! E você? Me deseja tanto quanto eu te desejo?

Sem que eu pudesse terminar, fomos em sentido ao elevador. Aqueles minutos dentro da cabine mais pareciam horas. O calor ainda percorria por todo meu corpo, meu coração batia acelerado pela adrenalina, os sentimentos aflorados em saber que em questão de minutos eu o teria dentro de mim.

— Tem certeza? – Perguntou,  enquanto me enlaçava em seu abraço me mantendo presa a ele.

— A questão é, você quer? – Sua proximidade me tirava o ar. O ambiente monitorado não colaborava comigo, eu estava pouco me importando com as câmeras e por mim, eu cederia ali mesmo.

— Mais que tudo, mas é a sua vontade que deve prevalecer! – Sua respiração falhava, como se não pudesse mais segurar sua ereção, que por sinal era notória.

Não era necessariamente amor, na verdade eu não o conhecia tempo suficiente para que eu pudesse sentir isso por ele, mas Arthur me despertava um sentimento jamais sentido antes. Seu beijo me deixava atônita, mole e com vontade de ser preenchida, como se meu corpo sentisse necessidade de algo que somente ele podia oferecer.

E eu estava disposta a descobrir que sentimento era esse.

*

                                    

Cyberstalking - Além do que se vêWhere stories live. Discover now