Capítulo 24

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De casa, para casa de alguém, por muito tempo minha rotina tem sido essa, mas não agora com a volta dos meus pais. Talvez o clima radiante espelhasse o meu eu interior, que estava alegre com a chegada do Senhor & Senhora Rivera. O céu límpido não apresentava uma só nuvem, seu tom perfeitamente azulado até me fazia lembrar de uma pessoa específica...

"Bonita camisa, eu adoro a cor preta!" 

"É azul prussiano!" 

"Foi o que eu disse!"

Meus pais viajaram a trabalho; entretanto, suas responsabilidades cessaram antes do previsto e eles decidiram estender o passeio. Conhecendo bem minha mãe, aposto que a ideia partiu dela. Após levantar, organizei meus deveres íntimos e ressaltei a organização da casa, troquei as cortinas e toalhas, cuidei caprichosamente de cada detalhe e também lidei com os móveis, que estavam empoeirados, além da limpeza do piso. Era importante que tudo estivesse em perfeita ordem.

O silêncio da casa denunciou que eu estava só, quando acordei meu irmão já havia saído.

— Oi, você vem almoçar? – Liguei para ele.

— Não, preciso correr contra o tempo e ainda tenho que buscar nossos pais no aeroporto! – Explicou de maneira esgotada.

— O que houve com o carro deles? Eles saíram daqui dirigindo! 

— Eu não sei, só saberemos mais tarde! 

— Que horas eles chegam? 

— Às cinco e quarenta e cinco! 

— Tudo bem, qualquer coisa é só mandar mensagem! – Me despedi e encerrei a ligação.

Pensei em preparar uma surpresa de boas vindas, mas o que? Reservar uma mesa em um restaurante bacana, ou fazer uma noite especial repleta de queijos e vinhos? Ambas opções eram válidas, no entanto, eles voltariam cansados demais para isso. Não queria ter que ir para o fogão, mas não tive escolha.

Minha dúvida era escolher entre massas ou derivados, mas correria o risco de interferir na dieta da minha mãe, que cismou em ser low carb. Sem muita preferência, considerei investir no risoto de shitake, que apesar de ir queijo na composição, não era tão pesado quanto as outras alternativas. Cortei as cebolas em pedaços microscópicos, lavei o arroz carnaroli e separei o restante dos ingredientes, tais como: cogumelos, queijo parmesão e vinho seco. Coloquei os itens para ferver e em uma outra panela o vinho, para que o álcool fosse evaporizado. Por fim, juntei o caldo de shitake com o arroz e o cozinhei, deixando-o levemente cremoso. 

Algo simples e sofisticado, espero que gostem.

Depois de pronto, coloquei o risoto no marinex e guardei-o no forno, em seguida cuidei da bagunça que ficou na pia. Estava lavando a louça quando o som da campainha repercutiu pela casa, sequei as mãos na parte de trás do shorts e fui até a porta, quando a abri, Arthur estava lá.

— Precisamos convers..

— Você é surdo ou o que? Não entendeu quando eu disse que não quero me envolver em mais problemas? – Falei quando vi que era ele do outro lado. — Não quero que meus pais cheguem e encontrem um policial dentro de casa, por favor, eu agradeceria se fosse embora! 

Cyberstalking - Além do que se vêWhere stories live. Discover now