Domingo, 10:17 da manhã.
O silêncio ocupava todo o local, havia aquele sentimento de algo estranho pairando no ar, eu só não sabia o que. As janelas da casa encontravam-se todas trancadas, e não somente elas; as portas também estavam da mesma maneira. De acordo com a lei de Murphy, não há nada de ruim que não possa piorar. Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause mais dano possível. Procurei por Arthur pela casa, mas não o encontrei. E como poderia? Ele quem me deixou nessa situação, enclausurada.
— Calma, existe uma explicação óbvia para isso! – Tentei me convencer de que a ocasião não passava de uma coincidência, pura tolice. Era isso mesmo, tolice. Por mais que eu tentasse negar, tudo o que me foi dito por Laura começou a fazer sentido e, agora eu me sentia duplamente culpada. Não sei o que fiz, mas sei que alguma coisa foi feita, porque quando se descobre que todos ao seu redor te odeiam, não é culpa deles.
É sua.
Em busca de uma escapatória, busquei por uma saída de fácil acesso, mas não havia uma sequer. Todo azar parecia ser pouco, além de não ter informado meus pais e nenhuma outra pessoa sobre o meu paradeiro, a área para onde fui levada por livre e espontânea vontade não contava com uma rede de cobertura. Era esse o herói que todos do departamento policial aplaudiam, o homem que foi capaz de aprisionar uma mulher, que na noite anterior, o mesmo confessou amar.
Aproximar-se de Arthur foi como um suicídio lento, a ponta de um precipício que trilhei sem perceber.
***
Domingo, 15:23 da tarde.
Reclusa durante todo o período matutino, aceitar minha sina resultou como última opção, infelizmente eu não tive outra alternativa, a não ser essa. Alguns momentos eu passava no sofá, impaciente; e em outros, forçava portas e janelas, na esperança que por um milagre, talvez, eu conseguisse escapar. A tarde chegou e, com ela, a fome começou a aparecer. Caminhei até a cozinha e tudo estava exatamente do jeito que foi deixado, exceto por alguns frascos que comportavam uma espécie de produto, no qual eu não tinha entendimento.
— Cheire isso por mais alguns minutos e teremos sério problemas! – Feito um fantasma, o homem que me deixou trancafiada apareceu.
— Por onde esteve? Por que me deixou presa nesse lugar?
— Clorofórmio, se inalado por seis minutos ou mais, acabará desmaiando. – Retirando a composição química do meu alcance, Arthur colocou-se diante de mim. — Eu fiz algo para você, venha, me acompanhe! – Entusiasmado, ele me arrastou pelo braço para o lado de fora da casa. — Eu passei a manhã inteira projetando, o que me tornaria motivo de piadas por um bom tempo caso essa informação vazasse, principalmente, na subdivisão papiloscopia. – Arthur apresentou a cabana improvisada, que foi montada ao lado do lago. — Você sabe, né? Policiais, uma única garota... é meio raro! – Subentendeu. — Enfim, o que achou?
— O que eu achei? Você realmente deseja saber o que eu achei? – Sua empolgação era notória, maior que a apreensão que ilustrava em meu rosto. — Até a sua última geração foi amaldiçoada por mim, Arthur! Eu já passei por tanta coisa, pensei que você tinha ido embora e me deixado para trás, aprisionada.
— Não foi intencional, além do que, se fosse para deixar você encarcerada, eu deixaria acorrentada para que não tentasse fugir! – Se o seu propósito era me tranquilizar, não deu certo. — Podemos recomeçar, mademoiselle? – Confusa demais para responder, evitei seu toque, porém, depois de analisá-lo com mais calma, percebi que suas intenções eram boas, apenas se perdiam na falta de bom senso. — O que foi? Não me diga que você realmente achou que eu seria capaz .... Alana, eu já disse a você que nem eu, e nem ninguém tocará em um fio de cabelo seu, pode confiar em mim!
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Cyberstalking - Além do que se vê
Teen FictionApós ser perseguida e ameaçada por alguém que sabe demais sobre o seu passado, Alana não vê outra saída, a não ser receber proteção na casa de Arthur: O investigador chefe do departamento policial de sua cidade. Entretanto abrigo, roupa limpa e segu...