— SURPRESAAA!!!
Estremeci quando acenderam a luz. Estava quase aceitando meu destino, quando meus amigos me parabenizaram pelo meu aniversário.
Pude ver que no andar abaixo havia uma mesa com um bolo, docinhos e algumas bebidas alcoólicas. Meu corpo ainda paralisado não reagia aos abraços e felicitações, Eric e Manuela também estavam lá.
— O Nicolas, O Nicol... – Por mais que eu tentasse, minha boca não conseguia formular uma frase completa.
— Eu sei, foi genial, não foi? É pra compensar todas as vezes que você nos obrigou a escapar pela sua janela! – Recusei seu abraço quando o mesmo veio em minha direção.
A casa não estava cheia, mas haviam amigos de amigos e mesmo mantendo distância, eu sabia que meu ex-namorado não tirava seus olhos de mim; diferente de Manuela, que mal conseguia me encarar. Em outra ocasião eu teria despejado tudo que estava preso na minha garganta, entretanto o desapreço seria a minha defesa.
Para justificar minha ausência, liguei para o meu irmão. Como nossa relação estava sólida, ele entendeu o motivo.
— Podemos conversar? – Eric aproximou-se, seu desconforto só não era maior que sua falta de bom senso.
— Se hoje você está aqui é graças a Manuela, agradeça a ela! – Assegurei e me retirei de sua companhia.
O ônus de ter amigos em comum com seu ex, é ter que estar em todos os lugares que ele.
— Qual é o endereço daqui? – Perguntei para uma garota loira que estava ao redor da mesa. Bom, era o meu aniversário de dezoito, então eu tinha direito de convidar alguém.
Alguém que estava fazendo falta, mas não por muito tempo.
***
Claramente desorientado, Eric tentava disfarçar sua vontade de falar comigo. Ele me seguia por todo canto, porém era inteligente o suficiente para não me dirigir a palavra.
— O que ele está fazendo aqui? – Ouvi Nicolas repudiar a presença do policial. Arthur era a peça que faltava no meu quebra-cabeça.
— Arthur, que bom que veio! – O abracei e minha nossa, que homem cheiroso!
— Mesmo sabendo que ele não é confiável, você o convidou! Não acredito que fez isso, não depois de tudo!
— Quem não é confiável? Ele, ou quem me traiu e continuou a frequentar minha casa? – Refutei seu argumento e ele ficou mudo, decerto já sabendo da pulada de cerca do amigo.
***
Agora sim estava com clima de festa! A playlist tocava músicas aleatórias, que combinavam com o ambiente. Alguns me olhavam com reprovação, como se fosse um crime estar com outro homem no mesmo lugar que o Eric, julgavam cedo demais a substituição.
— Temos uma aniversariante entre nós? – Perguntou, enquanto um sorriso malicioso patenteava sua face.
— Pois é, as pessoas envelhecem!
— Fiquei feliz com o convite, pensei que não voltaria a falar comigo, não depois de prender o seu namorado!
— Ele não é meu namorado e eu não o chamei aqui para falar dele! – Dito isso, ele relaxou sua postura e mudou de assunto, seu sorriso ainda estava em seu rosto.
— Dezoito aninhos, se me permite dizer essa idade muito me agrada!
— E por qual motivo, senhor investigador? – Deslizei meus dedos ao redor de seu colarinho, foi o suficiente para que ele entendesse o recado.
— Não me sentiria confortável em fazer isso com uma menor de idade! – Com um movimento rápido, ele passou seu braço entre a minha cintura, puxou-me para perto de si e me beijou fervorosamente.
Aquele homem que me tomava em seus braços era tudo, menos o homem que me atropelou semanas atrás e muito menos o investigador que prendeu meu namorado.
Por muito tempo eu não me sentia tão desejada.
— Alana, você não acha que está passando dos limites? Veja só, estão todos comentando! – Laura interveio, preocupada. Mas quanto ao meu chifre tudo certo, não é mesmo?
Tive a impressão de que todos estavam sensibilizados pela prisão injusta do Eric. Sinceramente, ele teve um caso com a minha cunhada!!!!
Nos braços de outro homem, eu balançava meu corpo conforme a melodia da música e até brinquei trocando a letra de Piece of me.
Arthur me abraçava e depositava beijos por todo meu rosto e cabeça, fazia muitas piadas e todas elas eram sem graça, era o que as tornavam engraçadas.
Em resposta ao clima desastroso, presenciei a inquietação do Eric explodir quando ele veio em nossa direção, partindo para cima de Arthur. O policial que obviamente era mais ágil, conseguiu desviar a tempo de se defender, disparando uma rasteira contra ele.
Eric levantou-se e apontou o dedo na minha cara, disse com todas as letras que eu estava sendo uma idiota e que nunca me perdoaria por isso.
Ele achou mesmo que eu não encontraria alguém? Piada!!!
— É, talvez eu tenha acabado com a sua festa! – Arthur deduziu o óbvio.
— Eu tenho certeza! – Olhei ao meu redor e das poucas pessoas que sobraram, eu conhecia no máximo duas ou três.
— Posso compensar o fiasco que foi sua comemoração te chamando pra sair, o que acha?
— É o mínimo, você foi responsável por tudo isso!
Eu estava com ele, então estava bem.
*
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Cyberstalking - Além do que se vê
Teen FictionApós ser perseguida e ameaçada por alguém que sabe demais sobre o seu passado, Alana não vê outra saída, a não ser receber proteção na casa de Arthur: O investigador chefe do departamento policial de sua cidade. Entretanto abrigo, roupa limpa e segu...