Capítulo 10

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— SURPRESAAA!!!

Estremeci quando acenderam a luz. Estava quase aceitando meu destino, quando meus amigos me parabenizaram pelo meu aniversário.

Pude ver que no andar abaixo havia uma mesa com um bolo, docinhos e algumas bebidas alcoólicas. Meu corpo ainda paralisado não reagia aos abraços e felicitações, Eric e Manuela também estavam lá.

— O Nicolas, O Nicol... – Por mais que eu tentasse, minha boca não conseguia formular uma frase completa.

— Eu sei, foi genial, não foi? É pra compensar todas as vezes que você nos obrigou a escapar pela sua janela! – Recusei seu abraço quando o mesmo veio em minha direção.

A casa não estava cheia, mas haviam amigos de amigos e mesmo mantendo distância, eu sabia que meu ex-namorado não tirava seus olhos de mim; diferente de Manuela, que mal conseguia me encarar. Em outra ocasião eu teria despejado tudo que estava preso na minha garganta, entretanto o desapreço seria a minha defesa.

Para justificar minha ausência, liguei para o meu irmão. Como nossa relação estava sólida, ele entendeu o motivo.

— Podemos conversar? – Eric aproximou-se, seu desconforto só não era maior que sua falta de bom senso.

— Se hoje você está aqui é graças a Manuela, agradeça a ela! – Assegurei e me retirei de sua companhia.

O ônus de ter amigos em comum com seu ex, é ter que estar em todos os lugares que ele.

— Qual é o endereço daqui? – Perguntei para uma garota loira que estava ao redor da mesa. Bom, era o meu aniversário de dezoito, então eu tinha direito de convidar alguém.

Alguém que estava fazendo falta, mas não por muito tempo.

***

Claramente desorientado, Eric tentava disfarçar sua vontade de falar comigo. Ele me seguia por todo canto, porém era inteligente o suficiente para não me dirigir a palavra.

— O que ele está fazendo aqui? – Ouvi Nicolas repudiar a presença do policial. Arthur era a peça que faltava no meu quebra-cabeça.

— Arthur, que bom que veio! – O abracei e minha nossa, que homem cheiroso!

— Mesmo sabendo que ele não é confiável, você o convidou! Não acredito que fez isso, não depois de tudo!

— Quem não é confiável? Ele, ou quem me traiu e continuou a frequentar minha casa? – Refutei seu argumento e ele ficou mudo, decerto já sabendo da pulada de cerca do amigo.

***

Agora sim estava com clima de festa! A playlist tocava músicas aleatórias,  que combinavam com o ambiente. Alguns me olhavam com reprovação, como se fosse um crime estar com outro homem no mesmo lugar que o Eric, julgavam cedo demais a substituição.

— Temos uma aniversariante entre nós? – Perguntou, enquanto um sorriso malicioso patenteava sua face.

— Pois é, as pessoas envelhecem!

— Fiquei feliz com o convite, pensei que não voltaria a falar comigo, não depois de prender o seu namorado!

— Ele não é meu namorado e eu não o chamei aqui para falar dele! – Dito isso, ele relaxou sua postura e mudou de assunto, seu sorriso ainda estava em seu rosto.

— Dezoito aninhos, se me permite dizer essa idade muito me agrada!

— E por qual motivo, senhor investigador? – Deslizei meus dedos ao redor de seu colarinho, foi o suficiente para que ele entendesse o recado.

— Não me sentiria confortável em fazer isso com uma menor de idade! – Com um movimento rápido, ele passou seu braço entre a minha cintura, puxou-me para perto de si e me beijou fervorosamente.

Aquele homem que me tomava em seus braços era tudo, menos o homem que me atropelou semanas atrás e muito menos o investigador que prendeu meu namorado.

Por muito tempo eu não me sentia tão desejada.

— Alana, você não acha que está passando dos limites? Veja só, estão todos comentando! – Laura interveio, preocupada. Mas quanto ao meu chifre tudo certo, não é mesmo?

Tive a impressão de que todos estavam sensibilizados pela prisão injusta do Eric. Sinceramente, ele teve um caso com a minha cunhada!!!! 

Nos braços de outro homem, eu balançava meu corpo conforme a melodia da música e até brinquei trocando a letra de Piece of me.

Arthur me abraçava e depositava beijos por todo meu rosto e cabeça, fazia muitas piadas e todas elas eram sem graça, era o que as tornavam engraçadas.

Em resposta ao clima desastroso, presenciei a inquietação do Eric explodir quando ele veio em nossa direção, partindo para cima de Arthur. O policial que obviamente era mais ágil, conseguiu desviar a tempo de se defender, disparando uma rasteira contra ele.

Eric levantou-se e apontou o dedo na minha cara, disse com todas as letras que eu estava sendo uma idiota e que nunca me perdoaria por isso.

Ele achou mesmo que eu não encontraria alguém? Piada!!!

— É, talvez eu tenha acabado com a sua festa! – Arthur deduziu o óbvio.

— Eu tenho certeza! – Olhei ao meu redor e das poucas pessoas que sobraram, eu conhecia no máximo duas ou três.

— Posso compensar o fiasco que foi sua comemoração te chamando pra sair, o que acha?

— É o mínimo, você foi responsável por tudo isso!

Eu estava com ele, então estava bem.

                                    *

Cyberstalking - Além do que se vêWhere stories live. Discover now