Capítulo XXXVI - Poros

21 2 0
                                    

Capítulo XXXVI - Poros

Francisca não pensou duas vezes e saiu correndo, Addison que a viu sair foi atrás dela. Correram entre os carros com o sinal ainda aberto, Addison gritava para Francisca esperar e explicar o que tinha acontecido, mas ela não escutava, só sabia correr como uma louca.

Chegaram a casa ofegantes como se tivessem corrido uma maratona, entraram e se depararam com Clara deitada no sofá, parecia, também, estar cansada. Tereza abanava ela com um pedaço de papelão e Christina estava pendurada no telefone chamando um taxi. Abigail tinha sumido.

- Vamos correndo para o hospital. - Tereza gritou e logo após saiu correndo para o quarto arrumar as coisas de Clara.

- Espera, o bebê não vai, simplesmente, escorregar do útero dela. - Addison estava calma e agora abanava Clara que também conseguia se conter - Peguem as coisas dela que nós iremos para um hospital mais próximo.

- E o enxoval? Bernardo vem trazer hoje, quem vai ficar para receber? - Clara perguntou enquanto se levantava, com a ajuda de Addison. As meninas se entreolharam e não responderam nada.

- Muito bem, se não se decidem eu digo quem vai ficar. - Addison disse enquanto olhava para a janela e percebia que o taxi tinha chegado - Francisca é você a escolhida.

- Porque eu? - Francisca já estava com a bolsa no ombro quando Addison falou aquilo, olhou para Christina com um olhar de tristeza e logo após voltou-se para Addison que respondeu:

- Foi a primeira que veio a minha cabeça e você é a única aqui que eu sei o nome. - Addison disse já na porta com Clara, Christina pegou a  bolsa que estava no ombro de Francisca e saiu da casa, poucos segundos depois Tereza saía também.

A casa tornou-se vazia, nem um som entrava ou acredita-se que Francisca não ouvia. Nem mesmo o barulho, que antes era nítido, tornava-se imperceptível em meio aquela pequena casa. Olhou para a um dos móveis e percebeu que estava limpo pela metade, Deveria ela estar limpando antes da bolsa se romper? pensou enquanto dirigia-se a cozinha. Tomou um gole de café que estava muito forte e percebeu que Clara também o tinha preparado. Enxugou a testa, porque estava ou pouco úmida de suor, e voltou para o mundo. Era uma noite fria, abriu a porta dos fundos e olhou a lua pelo vasto quintal que acabava dentro da padaria. Ficou observando o nada quando percebeu que naquele dia não tinha visto Abigail, correu até o quarto dela e nada encontrou, mexeu numa das gavetas da idosa mulher até ouvir um barulho; alguém estava na casa.

Dirigiu-se até a sala e percebeu que um homem com uma grande sacola tinha entrado, olhou para ele acreditando ser um cobrador e convidou-o para sentar-se, ficaram em silencio por alguns segundos e logo após Francisca perguntou:

- Está procurando alguém?

- Na verdade estou sim, meu nome é Bernardo - essa última palavras fez desencadear diversas sensações que Francisca tinha sentido durante toda a sua trajetória com ele e concluiu o quanto era burra por acreditar que eram a mesma pessoa - Me desculpe, você está bem?

- Sim, sim, - Francisca respondeu enquanto olhava para aquele belissimo homem. O rosto parecia ter sido esculpido por Michelangelo e aqueles cabelos encaracolados lhe caíam perfeitamente.

- Estou procurando Clara, onde ela está? Acredito que ela contou sobre o nosso noivado - Francisca não conseguia ouvir, ainda estava pensando em Bernardo e como ele tinha entrado na sua vida: na cozinha da casa de Pandora.

- Clara? - repetiu - ela está em trabalho de parto. - Bernardo se desesperou, começou a fazer diversas perguntas, levantou-se, sentou-se e ficou nessa durante alguns segundos. Olhava para os lados, revirava as sacolas.

FrancisquinhaWhere stories live. Discover now