Capítulo XXXIV - Sorriso

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Francisca acordou herdando o sorriso do sol que agora estava estampado no seu rosto. Estava radiante. Os cabelos negros estavam, cada vez mais, brilhantes confirmando ainda mais o ditado que diz: ‘’Amar faz bem para a alma e ainda mais as madeixas. ’’ O autor deste pode ser um homem, ou mulher, que morreu velho, talvez eu. Se ele já tiver criado há tempos atrás então o crédito é dele.

Estando ela a levantar-se percebeu que o dia estava frio, sentou-se na cama e ficou olhando para a janela. O Sol pairava com simplicidade escondendo com cinismo o que fazia no sertão antes dela chegar neste novo ambiente.

Pouco a pouco foi despertando e colocando a preguiça de lado trazendo, como todos os dias, a vivacidade de estar viva. Como é bom nascer novamente, pensou, logo após bocejou como uma leoa, mas na verdade era. As suas madeixas poderiam facilmente ser confundidas com o pelo do felino selvagem.

Levantou-se e continuou a observar os seus cabelos num espelho, que estava atrás da porta do quarto. Ajeitava-os e, aos poucos, o aspecto foi mudando e ela foi se tornando a mulher que escondia ser. Olhou para o seu corpo e observou às curvas torneadas, eu devo estar um pouco gorda, pensou alto enquanto olhava para os seus glúteos desejando algo menos avantajado.

- Pois digo eu que esta apaixonada. – disse Clara, que estava escutando atrás da porta, em voz baixa, mas num tom audível para quem estivesse do outro lado. Bateu, sem hesitar Francisca abriu e logo após entrou ela. Tereza cumpria sua tarefa monótona de todos os dias: olhar o sol por alguns segundos e Christina ainda dormia com a boca aberta.

- Apaixonada eu? – mentiu descaradamente e ela sabia que era mentira. Estava mesmo apaixonada por Bernardo e não esperaria que morresse ali mesmo de ansiedade.

- Sim senhora. Vamos lá, conte-me, quem é? Onde conheceu? E o mais importante, o nome. – Clara estava entusiasmada, poderia pular de alegria.

- Conheci antes de vim para cá e o nome dele é Bernardo. – Francisquinha entregou o jogo e falou com um ar de pouca importância, segurando a alegoria que crescia dentro dele para gritar aos sete ventos que o amava.

- Eu sabia, ninguém aqui me engana. Foi à mesma coisa com Christina e agora você, nossa mais nova irmã está apaixonada por um gatinho. – estávamos, já, sentadas na beira da cama e, enquanto dizia isso, Clara cutucava minha barriga com um sorriso largo no rosto me fazendo também rir.

- Como sabe que ele é um gatinho? Você nunca o viu? – perguntou curiosa, será que naquele dia, em que ela atravessava a rua, era mesmo ele e Claro tinha visto.  Não, pensou, estava longe e eu me confundi.

- Pelo nome, reconheço o nome de um homem bonito quando ouço e você não tem cara de que namora com qualquer um.

- Na verdade, essa é a primeira vez que eu namoro. ~- Francisquinha falou envergonhada. Quem estava na sua frente era uma das mulheres mais bonitas do Rio e esta mesma está grávida.

- Bem sei eu e isso não é desculpa. Ou poderá ser? Não sei. O que eu digo é: tem que se arrumar mais. Hoje iremos comprar algumas roupas.

- Está bem, mas voltamos cedo que tenho que trabalhar.

- Sim... E onde ele está? – Clara encontrava-se, agora, em pé arrumando a sua cama e falando sem olhar para trás. Francisca ficou olhando para ela e o seu corpo que sabia o que fazer, era flexível e ao mesmo tempo magro. O corpo perfeito.

- Ele voltou para Bahia

- Bahia? Você o deixou voltar para a terra dele? – Clara virou-se abruptamente e me encarou com as mãos na cintura - Mulher como você é besta. Imagina deixar um homem fugir desse jeito.

FrancisquinhaWhere stories live. Discover now