Capítulo II - Esperteza

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PARA DAR uma de grã-fina e disfarçar o fedor pela falta d’água em sua casa, Francisquinha dizia que tinha alergia a perfume e que o empregado for embora e estava sendo obrigada a ir e vim de pé.

Petúnia não gostava que ela fosse para a escola a pé. Não pelo fato do Sol ser escaldante, mas por ela gastar o solado do sapato andando demais. O que há de se fazer? Dinheiro lhe faltara até para o pão imagine para sapatos.

A tia não é estudada, os pais dela não valorizavam isso e só queria que a filha casasse e fosse morar com o felizardo. Era menos uma boca para alimentar.

Uma vez, um pessoal de um povoado veio contando uma nova história de Francisquinha, deixe-me lembrar:

Num dia normal como qualquer outro, Francisquinha sem perceber o tempo perdeu a noção da hora e saiu às pressas para a escola. Era dia de prova e não poderia perder nem uma aula. Esquecera-se de tudo, até de comer. A barriga roncava como uma porca prenha e as colegas já estavam incomodadas.

Na hora do intervalo uma conhecida não muito rica lhe deu uma bala de gengibre para ver se saciava a fome da pobre coitada que já estava a catar gomas de mascar do chão. A bala desceu como uma pimenta e caiu como uma pedra no estômago vazio, a fome foi tanta que esqueceu que poderia saborear a bala até chegar a casa e também guardar a goma de mascar que vem no meio na geladeira. Mas estava desesperada e o erro já estava feito.

Voltara para casa com raiva de si mesma pela gulodice e quando chegou viu sua tia aos prantos, a blusa velha, caída nos seios em formato de ‘’v’’ já estava molhada de tantas lagrimas derramadas, acabara de receber uma noticia muito ruim, e o pai de Francisca estava nela.

FrancisquinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora