Capítulo XXXVIII - De volta as minhas origens

62 2 1
                                    

- Levante-se. é hora de ir. - uma senhora de idade lhe acordou com bengaladas. Francisquinha estava deitada no banco da rodoviária quando despertou. Levantou-se, sacudiu a poeira que tinha acumulado na sua roupa e seguiu a velha.

Andaram até chegar numa casa simples, não muito longe dalí. A idosa lhe ofereceu café e Francisca aceitou. Olhou para a casa, um pouco bagunçada, mas limpa e sentiu-se confortável. Como se já estivesse ali antes.

- Você vai dormir agora ou prefere ficar aqui? - A mulher perguntou sem muita cordialidade. Revirou uma sacola e tirou de lá umas garrafas de café.

- A senhora me conhece? - Francisquinha perguntou enquanto bebericava o café quente e ralo. Sentia-se acolhida naquela casa, mas nem uma lembrança lhe vinha a cabeça.- Você trabalha para mim faz três dias menina, esqueceu? Eu te peguei deitada em cima das minhas coisas, você me contou um pouco sobre a sua vida e eu te deixei ficar aqui. Não estou entendendo. Você está drogada?

- Não, não. Nunca fui de me envolver com droga.

- Então deixe de perguntas e vá descansar. Amanhã você acorda cedo para dar um jeito nessa cozinha e me ajudar na rodoviária. - A mulher já estava saindo do cômodo quando Francisca perguntou:

- E nós faremos o que amanhã?

- Nós vendemos comida. Café da manhã, lanche... essas coisas. Me deixe descansar! - Francisquinha fitou a saída da mulher enquanto a silhueta dela desaparecia em meio ao breu que tinha a casa. Passou os olhos rapidamente pelos cômodos e de algum modo reconhecia, e sabia, onde tudo ficava. Sempre teve uma memória boa, mas estava sendo enganada pelas limitações do seu próprio corpo a servir uma mulher desconhecida, mas boa.

Sentou-se no sofá ali próximo e mexeu numa vitrola que ali se encontrava. Selecionou ao acaso um disco em meio a tantos, e empoeirados, colocou para tocar e ouviu sentada no sofá. Parecia que já tinha ouvido aquela música, as notas dançavam na sua mente, na frente dos seus olhos até que ela dormiu.

- Francisca, acorde. - dizia uma voz grave. Francisca abriu os olhos e estava em meio a escuridão. Levantou-se com medo e correu em vão, porque tudo parecia infinito. uma cadeira apareceu ao seu lado e ela observou uma fumaça se materializar em pessoa na sua frente. - Não está bom não?

- Não. - respondeu Francisca sem entender a pergunta. Não é a resposta para qualquer pergunta. A personificação lhe tocou com o seu dedo gelado e disse:

- Não esqueça que você desejou não voltar. - e ela acordou.

Era manhã, um cheiro de café pairava no ar. Francisquinha levantou-se, foi ao banheiro e depois se dirigiu a cozinha. A mulher estava sentada na mesa, de cabeça baixa, esperando o café esfriar.

- Teve outro pesadelo? - perguntou sem nem mesmo levantar a cabeça, parecia que sentia a presença de Francisquinha.

- Como a senhora sabe?

- Você acordou tão cedo. Ainda são 06:00 horas e... eles são frequentes. Você sempre sonha que está na total escuridão e aparece um homem que lhe diz que você ''escolheu não voltar''.

- E eu já lhe contei porque escolhi não voltar? - Francisquinha perguntou sentando-se. Olhou para a senhora e ela tinha os cabelos bem penteados, presos num rabo de cavalo ralo. Ela olhou para a mulher que num movimento negativo disse: não.

Francisca contou o ocorrido de anos atrás e a senhora ouviu atentamente sem dizer uma palavras. Depois que ela terminou, a mulher levantou-se, tirou o café da manhã, olhou para Francisca e disse:

- Meu nome é Felicidade.

- E eu não já sabia?

- Não. Você nunca me contava nada sobre você, então eu disse que só diria meu nome se você contasse a história do ''eu escolhi não voltar''. - Felicidade saiu da cozinha e a deixou sozinha. Francisca ficou ali parada pensando no nada e depois de alguns minutos ela foi ao encontro da Felicidade.

- Vamos minha filha, temos que chegar cedo se não alguém toma nosso ponto.

A Felicidade e Francisca caminham juntas até chegarem na rodoviária. Montaram a venda e ficaram ali durante todo o dia.

Chegando a noite elas voltaram para casa. Francisquinha vasculhando suas coisas encontrou um caderno onde ela anotava sobre o seu dia. Não o chamava de diário porque odiava esse nome, mas era como um.

''De volta as minhas origens.

Antes de vim para cá eu só tinha medo da morte. Mas como já a conheci, hoje só tenho medo da Felicidade. Digamos que ela é uma senhora com aparência de boa, mas como eu já vivi bastante sei que não devemos confiar em tudo que vemos. Lendo algumas anotações, descobri que tenho muito tempo aqui, mas minha mente não diz o mesmo. Parece que eu me privei dos acontecimentos passados e estou vivendo uma nova vida. Será eu uma outra pessoa? Nem eu mesmo sei responder.''

Kamu telah mencapai bab terakhir yang dipublikasikan.

⏰ Terakhir diperbarui: Apr 26, 2015 ⏰

Tambahkan cerita ini ke Perpustakaan untuk mendapatkan notifikasi saat ada bab baru!

FrancisquinhaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang