Capítulo XV - Patamar da importância (bônus)

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- EU PRECISO ser forte – Francisquinha tirava as suas conclusões sobre os acontecimentos enquanto batia ferozmente na mesa. Batia tão forte que toda a sala e acabou sendo convidada e retirar-se da mesma para tomar um ar.

            Não suportava ficar parada na porta da secretaria. Não era ouvida e como falava de mais acabava se estressando com o andamento da conversa. Um jogo de poderes no patamar da importância, e quando nós falamos de importância Francisquinha está em ultimo lugar.

            A conversa for rápida, só foi perguntado o que estava acontecendo e como Francisquinha não as tinha acabava inventando. Falava que estava com problemas enquanto a brisa suave debatia contra seu rosto, era a única discussão que ela queria que durasse uma eternidade. E continuava a falar para não perder nem um pouco daquele novo sentimento.

             No estrondo da porta lápis indo de encontro ao chão foi que a conversa acabou. A mulher de postura firme aproveitou a deixa e os segundos da menina acolhida, sentada na cadeira em silencio para anunciar o fim da conversa. Olhou para ela e viu uma moça cansada e a mandou para casa. Reconheceu que era um daqueles dias em que ela só queria estar em casa a qualquer custo e poderia fazer qualquer coisa para conseguir isso. A mulher de postura firme, apesar de tudo, já foi uma menina.

            Como de costume voltou para casa andando, a única diferença é que chegaria mais cedo, um pouco antes de escurecer. Andou até chegar numa árvore, às folhas amarelas eram levadas pelo vento ao sul, direção contrária ao caminho da sua casa. Viu um ninho de pássaros e percebeu que a mãe deles estava desesperada procurando o filhote desaparecido. Olhou para o chão e viu a casca do ovo quebrada, o filhote morto, vermelho ainda, nem totalmente formado estava. Pensou no que iria fazer e acabou que não iria deixar aquela pobre criatura morrer estirado numa pedra, sendo fervido pelo Sol até que sua pele se desfaça e vire pó. Resolveu enterrar ali mesmo. Com o coração apertado o pegou com duas pedras e o colocou ao seu lado, fez um pequeno buraco que pelo menos servisse para o pequeno corpo. O colocou, cobriu da areia seca, arrancou a cruz do seu pingente e a colocou ela próxima ao tumulo. Fez uma oração pela alma dele e retornou ao caminho para sua casa.

             Mesmo com pouca água a sua alma estava lavada, nem todos os grandes castelos escondem os grandes tesouros. Estamos caminhando até chegar num lugar onde iremos parar e descansar. Viver é uma bola e a todo o momento estamos sendo arremessados em ladeiras e em quadras para fazer pessoas e até animais felizes. Somos muitas das vezes pessoas boas, mas nossos olhos não conseguem se fechar com alguns acontecimentos e apesar de tudo cargas a serem levadas por pessoas boas, pessoas que nem se importam se somos aqueles das fotos do fundo de um álbum vermelho escondido numa gaveta.

FrancisquinhaWhere stories live. Discover now