Capítulo XXIV - Soberba

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Este capítulo eu estou dedicando a uma querida amiga, Jasmine, que sempre fica enchendo meu saco pedindo mais capítulos todos os dias que me vê na escola. Obrigado gata, muito obrigado.

            Eu sempre fico feliz quando vejo algo impressionante, resumidamente todos os dias. E a coisa mais impressionante que conseguimos perceber hoje em dia é o amor. Como pode dizer uma pessoa que namora a uma semana que ama a sua parceira, como diria Rafaela: ‘’é mentira’’. O amor é como toda/qualquer comida que você ingere até o momento que você esta ali admirando você está amando, a partir do momento que você come acaba sendo um bolo de verdades que você esconde dentro de si mesmo. Verdades que você não tem coragem de dizer. Verdades para proteger o seu parceiro e eu não culpo vocês por isso. Na verdade a culpa não é de ninguém.

            Todo dia é um novo dia, não porque o sol nasce, mas porque nos acordamos. O dia só começa quando você acorda você só vive quando você acorda. E era isso que pensava Francisquinha naquela manhã.

Era cedo. As pessoas entravam de volta no ônibus e só queriam continuar a viagem. Estavam cansadas e dessa vez a culpa não é minha. A viagem era longa, mas estava se tornando maior ainda por causa das constantes paradas para banheiro e comida. Na verdade, ninguém queria ficar dentro do ônibus, nem Francisquinha, era tudo fechado e acomodado entre si. O seu mundo era delimitado entre o corredor e a cadeira do seu acompanhante/vizinho ou a janela e uma cadeira ao seu lado. Nada era interessante de mais.

Um homem que Francisquinha não tinha percebido que estava viajando junto com a tripulação de menos de vinte pessoas entrava no ônibus, sentava-se próximo a outro homem e com as mãos estalava o pescoço fazendo um som insuportavelmente bom. Tão bom que Francisquinha tentou repetir e repetiu. Colocou uma das mãos no pescoço e a outra passou até a altura da orelha e empurrou para o lado como o homem fez e doeu.

Doeu tanto que pensou que ter ficado tetraplégica. No pânico tentou mover as mãos e não conseguia. Só ficava parada. Os olhos aos poucos se enchiam de lágrima e ela não conseguia chorar. Não conseguia se mexer. Só conseguia pensar no futuro ela ali parada pelo resto da vida.

Não encontraria Bernardo de novo e aquilo era o que mais queria naquele momento. Pensava em como ele cuidaria dela e nada mais seria impossível. Até que se viu com as mãos sobre as pernas e conseguia mover os pés. Foi só um susto, ainda bem. Pensou alto e só percebeu isso quando o homem da cadeira de trás também disse.

- Ainda bem mesmo. - ele estava de olhos fechados e por alguns segundos Francisquinha pensou que aquele fosse um vidente. - imagina se fosse verdade.

- O que? - disse se virando o olhando para o homem que agora estava de olhos abertos.

- O que lhe aconteceu. - e fechou os olhos de novo.

- O que me aconteceu? - queria saber mais, sua sede de sabedoria nunca se cessava e sempre queria mais. Como um bicho esfomeado queria mais.

- Se você não sabe imagina eu. - abriu um dos olhos como um pirata.

- E como sabe?

- Só lhe ouvi dizer ainda bem.

Mas era tão real.

- Ainda bem. Pensei que também tinha lhe acontecido algo.

- E o que lhe aconteceu?

- Nada

- Nada? E porque ainda bem?

- Ainda bem que eu... Estou indo para o Rio. - mentiu. E aquilo não pesava mais na sua consciência. Na verdade, quase nada pesava.

FrancisquinhaWhere stories live. Discover now