✘ Você e Eu » Ed Sheeran (FINALIZADA)

Part 6 - Ciúmes

"E o riso dela? Era algo absurdamente dominador. Ninguém tinha a menor chance diante dele."

- A Menina Que Roubava Livros

...

Edward

— Como assim te traindo? Está louco? — Eu ouvi a conversa baixa de Alice com seu namorado ao adentrar ao cômodo da sala. Fechei a porta devagar, em estado de alerta.

— Você acha que os vizinhos não vêem as coisas, né? Tá achando que ninguém sabe da sua vidinha particular com qualquer pessoa que for.

— Amor, não é nada disso.

— Nada é o caralho, sua vagabunda. — Jake empurrou Alice pelos ombros e começou a avançar para cima dela.

Sabe quando você sente uma dor tão forte no peito, como você tivesse levando uma facada? Além de culpa, senti algo semelhante a isso.

Sem pensar duas vezes, puxei Alice para trás e entrei na frente dela.

— Cara, você deveria se acalmar e ouvir o que sua mulher está falando. — Eu afirmei. — Não é como você está pensando que as coisas são. — Jake me encarava com os olhos vermelhos de raiva. Ele era visivelmente maior do que eu, e também mais forte, o que tornava meio difícil eu não parecer meio amedrontado ao falar. Tomei coragem e fiz um movimento com a mão suavemente pedindo para ele recuar, como se fosse um toque alertando uma conversa madura.

— Espero uma boa explicação. — Ele comentou.

— Olha, cara, entende uma coisa: as coisas não são desse jeito não. — Falei com as mãos juntas, esperando a compreensão dele. — Fui eu que entrei aqui de manhã, e nós saímos juntos, e eu realmente esperava que Alice...— olhei para trás vendo a mulher com os olhos marejados e encolhida no canto, se escondendo nas mangas da blusa. — ... Tivesse te contado sobre seu novo melhor amigo, mas ela não o fez, e isso realmente foi errado da parte dela. Mas mesmo assim não é um motivo para crucificar e brigar com a mesma. — Eu falei, tentando passar o máximo de confiança na minha voz. — Alice anda solitária, e fala de você o tempo inteiro, ela sente saudades de você. E não precisa se preocupar de eu ter um caso com ela, pois eu sou gay. — Menti. — E nem curto adultério também. E pode ter certeza que o que ela andou me contando, fui a única visita por aqui, então se for descontar ódio em alguém, que seja em mim, que sou homem, não nela. — Jake permaneceu fitando ela, e a mim, em um completo silêncio.  — Olha, vou deixar vocês se resolverem, vou pra minha casa, mas espero que você realmente procure entender o situação, Jake.

Eu olhei para Alice e me prontifiquei de sair, orando para que nada de ruim acontecesse. Embora fervendo de raiva, mantive a calma e meditei um pouco.

...

Tarde da noite, eu deitado em minha cama pensava na situação de Alice. Não esperava certo tipo de desconforto dessa forma. Pensei em várias soluções, porém, parecia melhor, de fato, me afastar.

E, decidido disso, peguei meu celular, entrando no contado dela clicando para excluir.

Admirei a foto dela por um instante, e observei suas mãos sobre o seu delicado rosto naquela fotografia. Respirei fundo, e pensei um tempo antes de clicar em confirmar a exclusão do contato.

Deixei meu celular sobre o peito, suspirei encarando o teto. Eu sabia que era errado, mas mesmo assim eu arrisquei tentar uma chance com Alice. Mesmo sabendo que era errado, mesmo involuntariamente.

Eu sou, realmente um ser humano desprezível.

Meu telefone tocou. E olhei o número desconhecido na tela, recusei logo de cara, mas logo voltou a tocar. Após a terceira ligação, eu atendi, meio nervoso.

— Alô. — Disse com a voz grossa e empoderada.

— Você é mesmo gay? — Era a voz de Alice. Claro.

Eu deveria mentir? Ou não?

— Não, não sou. — Sentei na cama passando as mãos sem jeito atrás da nuca. — Mas foi o certo a se fazer para a tensão na hora. Não queria que algo de errado acontecesse, muito menos que seu namorado interpretasse nossa amizade mal.

— Bem, foi uma ótima desculpa. — Alice riu sem jeito do outro lado da linha.

— Bem, e como vocês estão? — Escorei na janela, observando a lua cheia que tomava atenção naquele céu escuro.

— Jake foi comprar uma pizza, em forma de desculpas. Como todo cara, sempre tentando disfarçar a cagada com comida. — Eu ri sem graça.

— Bem, que bom que estão bem.

Silêncio. Quieto e amargo silêncio.

— Você vai se afastar? — Alice perguntou com a voz trêmula.

Abaixei a minha cabeça, observando o telhado da minha casa.

— Não sei se é bom permanecer Alice. Não quero atrapalhar em algum relacionamento. Principalmente o seu. — Passei a minha mão no cabelo.

— Não tem como atrapalhar algo que já está praticamente em ruínas. — Alice afirmou.

— Acontece, Alice, que as coisas não são assim. Não posso atrapalhar algo assim.

— Você não atrapalhou, muito pelo o contrário. Fazia anos desde que não me sentia tão alegre. Eu gosto da sua companhia, e da sua amizade, é algo que realmente valorizo, embora não te conheça nem há uma semana. — Comentou com a voz trêmula. — Mas de qualquer forma, Edward, se você não quiser permanecer na minha vida, agradeço por ter compartilhado um pouco do seu universo comigo. Obrigada.

Alice desligou. E meu rosto ficou vermelho, mesmo eu estando sozinho.

Droga, não poderia deixar ela ir.