Part 3 - Braços de gibis

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Alice

Sim, há certamente grandes possibilidades dele ser um estuprador ou um assassino... Eu sei disso. É claro que tenho bastante noção das coisas, sei que as pessoas não criam vínculos com estranhos nada, isso é completamente bizarro. Lógico que isso não é algo de assumir publicamente mas... Já que não sou muito de estar acompanhada de alguém, a solidão as vezes toma conta. Não sei se isso talvez foi um tiro no escuro porém... Eu preciso de amigos. Sei que é ridículo, entretanto, pode dar certo.

Combinei com ele às 19:00. Meu namorado viaja o tempo todo e nunca para quieto, raramente tenho chances de ver ele, as vezes isso me leva a tomar decisões como essa para um bem maior em relação ao meu emocional.

Quando chegamos a cafeteria, houve uma mudança totalmente no clima. Senti o baque do aquecedor e acabei tirando a blusa, ele fez o mesmo e eu me assustei quando deparei com milhares de tatuagens em seu braço, fiquei surpresa e encantada ao mesmo tempo.

— Uou! — Eu ri. — Essas tatuagens são de verdade? — Perguntei.

— São sim, gostou? — Ele falou me lançando um olhar malicioso.

— É claro! Isso é tão legal. Você é um gibi ambulante! — Eu disse, impressionada.

— Todo mundo diz isso. — Ele riu. — O legal de te-las é que, absolutamente todas têm algum significado importante pra mim. Essa aqui, como exemplo. — Disse apontando para uma tatuagem de uma pata. — Foi a minha primeira tatuagem. Fiz ela quando tinha 18 anos. E antes que diga, sim, eu sou muito estranho.

— Na verdade, até que não é não. — Dei de ombros. — Você faz o que quer, sem se importar com que os outros pensam. Isso é incrível!

— Exato! — Ele estalou os dedos.

— Mas, eu confesso que achei que você tinha dezoito anos agora. — Ele riu.

— Não sou tão novo assim. Quem me dera ter dezoito hoje.

— Sério, você parece ser novo. Tem quantos anos...? — Pergunto.

— Vinte e dois. — Ele estalou a língua. — Deixa eu adivinhar a sua idade agora. — O ruivo me encarou e levou as mãos ao queixo, fingindo pensar, algo que me fez rir. — Dezenove! — Estalou os dedos e apontou para mim.

— Vinte e um. — Cruzei os braços encostando no assento e arqueei uma sobrancelha. O ruivo fingiu estar decepcionado.

— Droga! Estava tão confiante.

— Eu sou Alice, aliás. Ontem você me perguntou, mas eu fui delicada feito um coice de mula. — Falei e ele riu.

— Tá tudo bem. — Deu de ombros. — Eu sou Edward, prazer. Um músico meio fracassado da qual a carreira está começando a subir agora. — Edward fez uma reverência com a mão.

— Músico, ui, que chique. Se não me dissesse isso acharia que era um dos vampiros de Crepúsculo e que brilhava no sol.

— Acho que talvez eu brilhe no sol devido a pele quase transparente, porém... Não daria pra ser vampiro. Só de ver sangue já me dá tontura. — Edward abanou as mãos, dispensado a ideia de sua cabeça. — Se quiser, me chame só de Ed.

— Tudo bem, 'Ed'. — Dei ênfase no apelido e fiz uma careta.

Conversamos bastante, o papo fluía automaticamente como se nos conhecêssemos a anos. Gostei muito dele, seu senso de humor me encanta. Notamos que conversamos por muito tempo quando o dono nos avisou que a cafeteria estaria fechando em trinta minutos.

— Seu chefe é um idiota! — Ed ficou abismado com a história da demissão. E ele não parava de remexer no café que acabara de pedir.

— Meu ex chefe. — Corrigi.

— Tudo bem mas... Você fez o certo, eu acho que se fosse comigo, eu ainda batia com o balde na cabeça dele. — Eu ri. — Eu estou livre amanhã, posso te ajudar a arrumar um emprego se quiser. É só você me ligar. — Ed disse me passando o seu número, eu assenti, totalmente feliz por ele se oferecer. — Nós vamos juntos. — Disse, enquanto saímos da cafeteria.

— Ok, eu vou te ligar, sem falta. — Ele me acompanhou até a minha casa e nós mais rimos do que qualquer coisa até chegar lá.

— Tudo bem. Uma pena que passou tão rápido. — Edward levou as mãos ao bolso. — Eu te vejo amanhã. Foi um prazer conversar contigo.

— Okay, Edward. Vê se não sai atacando pessoas por ai. Não queremos que saia nos jornais que tem vampiros nessa cidade, seria bizarro. — Ele riu.

— Não vou, Alice. E, por favor, não persiga um coelho e caia em um buraco. A gente precisa mais de você que o País das Maravilhas precisa. — Ed deu uma piscadela e eu revirei os olhos sorrindo.

Edward

Naquela noite, não consegui dormir. Era composições uma atrás da outras, milhares de melodias e letras que vinham na minha cabeça. Fiquei pensando o porquê disso está acontecendo. Não é obvio? Ela era o empurrão que eu precisava para conseguir escrever músicas boas. Isso era do que eu estava precisando mais do que tudo na minha vida, de alguma pessoa nova em minha vida.

Meu cérebro me diz que eu sou estou indo rápido demais e não estou tendo uma atitude muito madura.

Entretanto, meu coração afirma que eu estou começando a possuir os sinais iniciais de uma paixão por alguém que mal conheço.

 ✘ Você e Eu » Ed Sheeran (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora