Part 20 - Desfalecendo.

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"Se você ver uma luz no fim do túnel, certifique-se de que não é um trem.

– Os Treze Porquês.

...

Cinco semanas depois.

*16:31*

Estávamos eu e Ed deitados no sofá, com um edredom, um filme, comendo um tradicional "sanduíche manteiga de amendoim", e um chocolate quente, é claro. Edward estava com as pernas toda esticadas e eu com as minhas cruzadas. Estava encostada no seu ombro e ele me abraçava, tomei um gole do chocolate e voltei com a xícara para o porta copos.

— Ei, acho que esse esse sanduíche está com gosto estranho. — Falei olhando para Ed com uma careta.

— Hmm deixa eu ver... — Quado ele se aproximou para morder eu enfiei o sanduíche na sua cara, fazendo sujar uma parte do seu rosto.

— Ah fala sério, por quê fez isso? — Falou, tentando parecer sério, mas automaticamente ele riu da situação.

 -— Vingança! - Eu soltei uma risada maligna. 

— Ui, senhorita das trevas, que perigosa você é.

Quando ele ia se levantar para pegar um pano, eu subi encima no colo ficando virada de frente para ele - que ainda ria -, levantei o seu rosto e comecei a lamber as partes que estavam sujas da pasta saborosa que agora tinha um toque do seu cheiro. Eu limpei absolutamente tudo e eu ria de suas expressões variadas.

— Você sempre foi tão quente assim?

— Sim, por quê? Não gosta? - Ele me olhou, surpreso.

—Caralho eu fiquei excitado! — Edward disse e eu cai na gargalhada.

— Idiota! —Bati no seu braço. 

- Nossa, eu vou casar com você, sério.

*23:20*

— Não vai embora! - Edward puxava o meu braço.

— Tenho que trabalhar amanhã, é sério.

— Amanhã eu também tenho uma reunião para discutirmos sobre a turnê, mas não importa FICA AQUI COMIGO!

— Já escreveu sua música Edward?

— Uma música e meia, mas fica aqui comigo. -— Coloquei o meu gorro e abri a porta. — Sabia que eu amo o seu cabelo desse jeito. — Sorri automaticamente, ainda não sei reagir a algum elogio, principalmente vindo dele.

— Você fez de propósito! — Apontei o dedo para ele. — Anda, me deixa ir. — Falei já rindo da birra que ele fazia.

— Ok, ok mas me promete que nós vemos amanhã a noite?

— Ta bom, prometo viu? — Dei um selinho nele e fui caminhando.

— BOM TRABALHO! — Escutei gritar.

— PRA VOCÊ TAMBÉM! — Retruquei.

— TE AMO, XUXU! — Disse com um sotaque diferente. Não aguentei e ri daquilo feito uma estúpida.

— TAMBÉM TE AMO!

*06:45*

— Droga! Droga! Droga! Tô atrasada! — Falei comigo mesma enquanto virava o café da manhã na minha bolsa para comer no caminho. Peguei a chave do carro, passei um batom – chego atrasada, mas chego bonita –, tranquei a porta da casa e corri para dentro do carro. E é assim que você percebe que tudo da errado quando você está atrasada, o carro não dava a partida. 

Ótimo, hoje é meu dia.²

Então vi pelo retrovisor um táxi parado, era minha única alternativa.  Então eu sai do carro, peguei uns trocados na carteira e fui em direção á ele.

— Ei, você já esta com um passageiro ai? — Pergunto, o taxista negou e disse que eu podia entrar. Entrei no carro, ele não mantinha contato visual comigo. Eu não tinha visto o seu rosto, mas ele tinha um bigode e usava óculos redondos, também usava um boné antiquado, senti um pouco de medo.

Ah qual é? Não é que eu julgo pelas aparências, mas toda pessoa que usa um bigode  e parece comportada demais... Tem um ar de psicopata.

"Respira fundo Alice, são só dez minutos dentro de um carro com ele." — Penso.

*06:57*

— Ei você já passou do ponto, senhor. — Falei já assustada, ele acelerou o carro, eu entrei em pânico. A única alternativa que me sobrou era pedir ajuda, mas em um movimento relâmpago ele apontou um revólver para minha cabeça.

— Se você tentar, de alguma forma se defender eu vou estourar os seus miolos. — Sua voz, eu conhecia sua voz, e quando ele tirou o óculos e os bigodes postiços eu vi... Eu sabia...

Que porra é essa?

— Jake?! — Falei, muito assustada.

— Surpresa, linda? — Ele parou o carro em um lugar cheio de árvores, coberto por neve, deserto.

— C-como sabe? — Até ai já estava tremendo de medo.

— Como sei? Ah pergunta pro seu namoradinho, ele te chama de linda o tempo inteiro não é?

— Ed não é meu namorado. — Minto. Eu usava frio.

— Ah não, claro. Sempre defendendo as pessoas que ama. — Ele riu ironicamente.

— O que você quer? — Minhas palavras ecoaram no silêncio. Logo ele saiu do carro e me tirou de lá á força, segurando o meu braço e me machucando igual no dia da festa. Pegou algemas e prendeu os meus braços para frente.

Me digam que eu irei acordar a qualquer momento, por favor.

Meus olhos já estavam a beira das lágrimas, mas eu irei segurar, não irei dar esse gostinho para ele.

— Não sei... — Ele tirou um canivete de sua mochila, e eu tinha certeza de que eu não iria sair viva dali. — Talvez tirar proveito do seu corpo... — Engoli em seco. - E depois matar. — Jake puxou os meus cabelos com força, colocando o canivete sobre o meu rosto, me fazendo sentir a morte perto de mim. — Te torturar, antes disso, talvez... Há várias possibilidades.

— Vá a merda. — Jake pressionou o canivete sobre o meu rosto mais forte, me fazendo sentir uma dor enorme, gritei, em pânico.

— Oi? Repita, eu não escutei.

— VÁ. A. MERDA.! — Eu estava louca, com toda a certeza, mas seria melhor ele me machucar, do que machucar outra pessoa. Ele me chutou a minha perna com agressividade fazendo eu cair no chão e gemer de dor. Rasgou as minhas roupas contra a minha vontade, elas não me protegiam  mais o suficiente do frio cortante que ali predominava.

— Eu poderia te matar agora... — Olhava fixamente para mim. — Mas você mesma vai fazer isso. — Gargalhou de prazer.  — Adeus. — Seus olhos refletiam ódio, ódio por mim. — Vadia! — Entrou no carro e me deixou lá, em uma manhã fria, quase sem roupas, e com um ferimento na perna.

Eu não entendi o que eu fiz para ele, eu realmente nunca entendi.

Eu andava, manca. Minha perna sangrava, e eu tremia de frio. Eu lutava contra o meu corpo, gritava para ver se achava algum sinal de vida. As coisas giravam, e giravam  procurava, mas não enxergava nada além de neblina, meus cabelos colavam sobre o meu rosto, também sujo com o líquido vermelho. Minhas veias queimavam e já havia andado bastante. Quando finalmente avistei uma casa. Fui correndo – ou pelo menos tentando – até lá. A minha perna esquerda não se movia direito, mas ainda tinha a outra.

Cheguei, bati a campainha, ninguém, bati, e bati mais uma vez, nenhum sinal de vida.

— Por favor! Por favor abra essa porta! — Eu implorava. Mas então eu desisti.

Talvez não era mesmo pra eu continuar vivendo.

Encostei em uma árvore próxima, eu estava com medo, um medo que jamais sentira antes. Meu soluços estavam descontrolados, senti a minha visão ficar turva, soltei um suspiro... e apaguei.

 ✘ Você e Eu » Ed Sheeran (FINALIZADA)Where stories live. Discover now