✘ Você e Eu » Ed Sheeran (FINALIZADA)

Part 8 - O susto

Eu tentei absorver tudo aquilo, era muito para a minha cabeça, muito de fato para eu controlar minha raiva.

— Que merda aconteceu com você! — Gritei não me importando com as pessoas que estavam na cafeteria.

— Para de ser idiota, Edward.

 — Como você pode... — Depois a minha ficha foi caindo. — Foi ele não foi? — Ela fez um silêncio curto. — Quando isso ocorreu? — Ela abaixou a cabeça. Se levantando bruscamente e saindo da cafeteria. Fui atrás dela. — Alice, você vai me dizer. Volta aqui. -— Puxei seu cachecol a fim de parar a moça. Mas fiquei ainda mais perplexo quando vi seu pescoço com manchas semelhantes e quase evidentes.

— Para!

— Ah, mas você vai fazer um corpo de delito agora. — Afirmei.

— Esquece isso, droga.

— Esquecer? Você está ficando doida menina? — Interrompi, realmente muito bravo. — Por que você não me disse? Eu poderia ter tomado providências.

— Olha Ed, é sério ele só...

— Ele nada. Como ele foi capaz de fazer uma atrocidade desse gênero?

— Olha, me escuta, AGORA! — Me calei, esperando uma explicação. — Olha... você não vai achar ele... Ocorreu semana passada, eu vi... Ele f...— A voz dela falhou e ela recuou. Seus olhos  marejaram, respirou e continuou. — Ele sumiu depois disso. Depois dele me dar esse golpe eu desmaiei. Eu não sei para onde ele foi, não vai adiantar ligar para a policia, já é tarde o suficiente para ele estar na Europa agora.  — Ela respirou, eu vi que ela iria chorar então a abracei forte. Alice cravou as suas unhas em meu moletom. — Você tinha razão. Já tinha acontecido isso antes, eu só fui burra o suficiente pra não ver o que acontecia.

— Deveria ter me avisado. Poderia ter ajudado você.

— Fiquei em choque demais para reagir a qualquer coisa. — Engoliu em seco.— Por isso fiquei afastada por um tempo, aquilo foi muito forte para mim, nunca pensei que iria acontecer novamente, ele me prometeu.

— Você estava em um relacionamento abusivo, você provavelmente não vou porque estava cega por ele. — Falei, na tentativa de tranquiliza-la. — Olha, a gente vai na delegacia agora, fazer um corpo de delito, e depois vamos pra minha casa, beleza? Daí a gente te tira disso.

Ela assentiu.

...

 Alice estava toda borrada com rímel e batom quando chegamos na minha casa. A polícia abriu uma investigação sobre o namorado dela, e, de acordo com eles, Jake já tinha passagem pela polícia por casos semelhantes, além de tráfico de drogas. Alice desmoronou quando soube, acho que ela não sabia com quem estava lidando a todo esse tempo.

Pedi para ela dormir na minha casa, quem sabe assim conseguiria animar ela, ou fazer esquecer nem que seja por alguns segundos esse feito traumático.

Então a mesma avisou que iria tomar um banho. Eu mostrei a ela, e indiquei também o quarto que ela iria dormir.

— Ei, você gosta de panquecas? — Perguntei antes dela sair da cozinha.

— Gosto, por quê?

— Por nada. — Na verdade é porque acho que a única coisa que sei fazer bem é panquecas, então eu ia fazer para nós.

Bem não só pra ela, já que ouvi um grito soando lá de cima.

— Edward! — Era a voz de Alice. Subi para ver o que era, e me dei de cara com uma cena que queria ter a opção de desver. Harry estava deitado na banheira, com um Iphone, um livro, um pacote de mashmallows e um óculos escuros, os meus óculos escuros. — TEM... TEM UM MENDIGO NA SUA BANHEIRA!

— Ei eu não sou mendigo! Você me respeita! — Harry apontara para Alice.

— HARRY! — Eu gritei.

— Tá, eu vou sa...

— EU JÁ CANSEI DE FALAR ISSO COM VOCÊ!

— PARA DE GRITAR COMIGO!

— Saí logo daí! — Harry saiu, murmurando algo sobre grosseria, gritos e mulheres. Ele olhou pra Alice mais uma vez, olhou pra mim e mexeu as sobrancelhas e desceu.

Eu sorri torto para Alice, e disse:

— Pode tomar seu banho agora.

Ela sorriu amarelo.

— Espero que não ache alguém no ralo da pia também.

Desço as escadas e vejo Harry, deitado, acho que estava tentando parecer sexy. Eu queria morrer.

— Ah! Chegou o galã! — Eu reviro os olhos e desvio pra cozinha, e adivinha quem vai atrás de mim?

— Me conta vai... Ela é sua namorada ou o quê?

— Só minha amiga. — Suspiro e continuo a preparar as massas das panquecas.

— Mas... Ah você gosta dela né? — Ele fez aquela carinha e arqueou as sobrancelhas.

— Vem cá, que merda você está fazendo aqui? Primeiro a porta que você nem pagou, agora isso? Me poupa que você tá achando que aqui sempre é sua casa. Da proxima vez que encontraer voce bêbado aqui, eu chamo a polícia. E como você entrou aqui? — Lembrei do buraco na porta, que tentei colar com fita crepe. Voltei meus olhos para lá e vi que elas estavam rasgadas. — Eu contarei aos seus pais que você andou invadindo aqui se fizer de novo também. Só vai sair da cadeia pagando fiança. — Disse, muito bravo. Harry me encarou por algum tempo. — Agora, aceita panquecas? — Tentei quebrar o clima pesado, ja que Harry fizera 18 recentemente e estava descobrindo um pouco mais do mundo. Ele assentiu, em silêncio.

— Você as vezes me surpreende com sua grosseria. Eu venho aqui porque meus pais ao menos não implicam  se eu ficar bebado na sua banheira. — Ele respondeu, revirei os olhos.  — E porque aquela sua garota está com um olho roxo?

— Não é minha garota.

— Tá, mas e o olho roxo?

— Ah, eu não sei... Ela terminou com o namorado de uma forma horrível, eu não vou tirar proveito disso agora.

— Mas vamos descobrir! — Ele fala, coçando o queixo.

— Ah é? Como então? — Pergunto, ele pensa por um tempo.

— Já sei! Eu chamo a Demi pra vir pra cá amanhã! Ela também está fazendo uma pausa aqui na cidade. Se a agenda dela estiver vazia, nós acampamos em algum lugar por ai, você tem mais chance de descobrir se ela gosta de você! — Disse após estalar os dedos. Eu olhei pra ele, ele olhou pra mim fazendo uma cara de gazela – nem sei se isso é possível.

— Você é um gênio! — Falei, animado, batendo na mão de Harry.

— Panquecas prontas! Agora só falta a calda. — Falei.

— Um minuto que eu vou ligar pra ela, se tudo ocorrer bem, a missão coruja epiléptica está de pé.

— Coruja epiléptica?

— Shhh! — Pegou o seu celular e saiu da cozinha.

Eu não estava fazendo isso com a intenção dela gostar de mim, sinceramente. Queria que ela esquecesse aquilo que aconteceu, se foi um grande impacto para mim imagino como foi pra ela. Alice deveria descansar um pouco a cabeça, superar tudo isso.

Porém, vou deixar que Harry realmente ache que eu estou fazendo por isso. Eu gosto dela, gosto mesmo, mas o melhor a fazer agora é diminuir o ritmo de como tudo está acontecendo.

Depois de alguns minutos ele chega na sala de jantar, eu estava arrumando os pratos e ele do nada chegou murmurando coisas sem sentido.

— Eai, ela topou? — Pergunto.

— Claro que topou, Demétria perde uma farra por acaso? — Eu ri e balancei a cabeça.

— Você tem autismo. — Comentei.

— É perda ou ausência das capacidades cognitivas, não autismo.

Harry havia parado por um instante, fixado nas escadas, eu também olhei e vi Alice descer a mesma, com as minhas roupas.