UM | HALINA SMARAGDINE

260 52 564
                                    

        O Sol ainda despontava timidamente no horizonte de Nesta, principal cidade de Smaragdine,  quando a comitiva real chegou às portas do castelo. O tilintar das armaduras ecoou no pátio principal, anunciando a entrada da expedição.
   
      — Halina, acorde! Acorde! – a voz aguda e eufórica exigia.

       — Ahn, o que é Nesri? N-não amanheceu ainda. – retrucou sem abrir os olhos, reconhecendo a voz da irmã mais nova.

     — Levante-se, sua dorminhoca. – ordenou a menina de oito anos. – A comitiva chegou.

     — Todos os dias chegam comitivas, Nes. – pôs o travesseiro em cima da cabeça, tentando fugir das intentadas da irmã.

    — Não a comitiva de nosso irmão! Se Arden não lhe importa, talvez Caspian seja do seu interesse. – zombou a criança.

     Ao ouvir o nome do noivo, Halina levantou-se bruscamente da cama. Um sorriso amplo surgiu em seu rosto sonolento.

    — É claro que me importo com nosso irmão, Nesrin. – disse firme.

    — Não o suficiente, já que despertou somente ao ouvir o nome de seu prometido, não é mesmo. – a menina debochou da irmã mais velha.

    — Ora, sua capetinha! – brincou a outra, correndo em direção a criança. – Nesrin, vá para seu quarto. Vou me arrumar e juntas desceremos para encontrarmos a comitiva. – pediu, depois de uma pequena sessão de cócegas.

    Assim que Nesrin saiu, Halina correu para seu armário e escolheu o vestido que Caspian mais gostava. O tecido cor de salmão com contas douradas contrastava com os olhos verdes água e cabelos loiros da jovem, diferente das outras peças da realeza a roupa em questão não tinha tantas pedras preciosas. Marcava a curva da cintura, deixando a clavícula parcialmente exposta e os braços cobertos até os cotovelos.

    A princesa soltou os cabelos, cobrindo as orelhas proeminentes. Certa vez, uma amiga dissera que os cabelos presos davam destaque a ponta do nariz arredondado de Halina, a qual lhe fazia parecer um roedor. Nunca mais prendera o cabelo. Depois de colocar os sapatos e lavar o rosto, foi em direção ao quarto da irmã. Em vão, já que a pequena tinha saído sem ela.

     — Sabia que não aguentaria a ansiedade! – falou para si mesma, andando pelo corredor.

     Ao chegar próximo à escada do salão principal, encontrou Nesrin abaixada com os olhos vidrados procurando alguma imagem. Só viam as sombras.

    — Escondida, não é! – disse, pegando a mais nova no flagra.

    — Shiii! – acenou a outra. – Estão numa reunião importante, os guardas não me deixaram entrar.

     Halina estranhou a informação, mas se juntou a irmã na tentativa de saber o conteúdo da reunião. Ajoelhou-se no último degrau da escada que dava para o salão e se concentrou nas palavras.

       — É evidente que algo está fora da normalidade, a Fronteira de Mortem retornou à atividade. – Arden falava num tom sério, que fez as irmãs se encararem.

     — Desse modo, não nós resta escolha a não ser recuar as tropas de Celosia. Ao menos, até que tenhamos noção do que estar realmente acontecendo. – O rei Fergus afirmou, também sério.

      Fazia cerca de vinte anos que Smaragdine promovia pequenos conflitos em Celosia, em razão das pequenas resistências celosianas em ceder ao imperialismo do reino das esmeraldas. Amaranto seguia um caminho parecido com a ascenção da Rainha Abayomi. As batalhas celosianas eram esporádicas, mas levaram a queda da dinastia Badriyyah. Celosia que antes vivia uma monarquia, agora era dividida em distritos industriais, como cidades-estado, dominadas por uma aristocracia usurenta. E eram os distritos da fundição que mais interessavam aos smaragdinos.

Contos de Lucem - Ressurgir SombrioWhere stories live. Discover now