SEIS | KALE

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       — Olá! – o desconhecido cumprimentou com um sorriso largo, como se nada tivesse acontecido.

       O rapaz tinha pele morena, cabelos compridos e olhos levemente encapuzados. Usava uma blusa azul clara folgada, a qual revelava tatuagens extremamente detalhadas no peito e braços. A calça que usava também era bastante leve e folgada, semelhante uma roupa de banho. Tinha uma sacola tiracolo, feita de um material semelhante ao das outras peças.

    — Quem és tu? – Arden veio mancando, com o machado ainda na posição de ataque.

    — Sou Kale! – exclamou entusiasmado.

     — Kale de onde? A qual família pertences? – o príncipe prosseguiu inquisitorial.

     — Ah, claro. Eu cheguei tão de repente... sou Kale, um Lectus. E minha família é Palladian. – respondeu alegremente.

     Todos ficaram estáticos, observando a euforia do recém-chegado. Ele parecia uma criança deslumbrada.

     — Então, eu acho que cheguei no momento ideal. Vocês estavam em apuros. – rompeu o silêncio, ainda falava exultante. – Vejo que dois de vocês já têm um familiar.

     A ivoriana permanecia montada em seu javali de cristal, a grande serpente de Zaire encolheu e agora se enrolava no braço do amaranto como uma pulseira.

    — Olá! – o palladiano estendeu a mão para o ivoriano.

    — Olá. Você também tem um familiar? – a ivoriana já preparava suas anotações.

    — É claro. – começou assertivo. – Tudo que tem vida no continente de Lucem e nos oceanos são meus familiares, assim como do povo de Palladian, omitiu que essa relação estava ficando fraca, devido Tenebris.

      O palladiano cumprimentou cada pessoa presente no local, inclusive os soldados que estavam recolhendo os cavalos assustados. Halina recuou ao aperto de mão do novo integrante, o qual se mostrou bastante compreensivo com a atitude da princesa.

     — Acho que posso lhe ajudar com esse ferimento. – afirmou ao ver Arden puxar a flecha da sua coxa, soltando um grunhindo tímido.

    — Não se preocupe, estamos há poucas horas de nosso destino. Lá, receberei cuidados médicos. – falou o príncipe.

    — Sei que acabei de chegar, mas eu não acho que seja uma boa ideia seguirmos viagem durante a noite. As criaturas ficam mais agitadas quando o sol se põe, é difícil se comunicar com elas. Talvez devêssemos acampar em algum lugar seguro. – sugeriu prestativo.

     — Certo. – Arden travou a mandíbula.

    O grupo seguiu caminhando, já que os cavalos não pareciam dispostos a serem montados, ainda estavam atordoados com o atentado.

      — Para onde foram os ladrões? – a ivoriana questionou. – Você os matou?

     — Oh, não. – negou assustado. – Só os enviei para um lugar distante.

    — Como chegou aqui? – perguntou de novo.

    — Não posso falar. – sorriu gentil.

    — Como podemos confirmar que é realmente um Lectus? – continuou.

   — Todos os palladianos são Lectus. – permanecia amável.

   — Não compreendo. – o rapaz pálido franziu o cenho.

    — Todos os palladianos estão conectados a força vital de Lucem. Portanto, qualquer um poderia ser um Lectus. – parecia feliz em responder as perguntas.

Contos de Lucem - Ressurgir SombrioWhere stories live. Discover now