DEZ | O AFANADOR

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      — Se afastem! – Malya empurrou os dois que estavam debruçados sobre o corpo do palladiano.

      Pôs o ouvido no peito do palladiano, escutou um som fraco e vacilante. Desferiu um golpe entre as duas costelas, em seguida iniciou uma série de compressões. Neste momento, Skadi se lembrou que trouxera um sublimador e inseriu na boca do jovem inconsciente. A apreensão começou a dominar a mente deles.

      — E-estou... V-vvivo. – tossiu Kale, retomando a consciência. – I-vory. – murmurou.

       — Você pegou o fragmento. – Zaire lhe saudou feliz.

       — O que aconteceu? – Malya indagou. – Onde estava?

       — Não sei. Não lembro de nada. –  levantou-se com dificuldade.

        Um ruído assustou ao grupo, as pedras do templo começavam a derrocar. O lugar iria desmoronar. Linhas de poeira sujavam as vestes deles.

     — Vamos, precisamos sair daqui agora. – o amaranto gritou.

       O grupo saiu apressado, cambaleando entre as pedras que ruíam rapidamente. Penavam para alcançar o caminho estreito por onde vinheram. Kale foi o primeiro a iniciar a escalada, seguido de Skadi que apoiava o amigo. Malya veio logo após. O amaranto era último da fileira.

       Quando Zaire começou a caminhar sobre a estrada, o solo desabou. Seu familiar se desenrolou do seu braço, onde permanecera estático até então, amarrando-se na cintura do homem enquanto se escorava em árvore.

      —Vamos, Zaire. Você consegue! –  incentivou Kale, vendo o amaranto escalar com dificuldade.

         O amaranto pegou o martelo no coldre e usou como ponto de apoio, com os braços fortes alavancou o corpo, voltando para uma zona segura. Agora os quatro estavam escorados na parede, ofegantes e assustados. Vendo a plataforma, na qual se apoiavam desmoronar aos poucos.

         — Precisamos ser ágeis. – Malya recomenda. – Kale, pise nas partes mais firmes.

         As pedras tamborilavam no precipício, o santuário de pedra ruiu completamente, restando apenas o pequeno lago e a cachoeira. Zaire rezava em pensamento para escapar vivo, seu familiar lhe ajudava a seguir o caminho. Precisavam andar de lado, já que a faixa estreita possuía um pouco mais de um palmo de comprimento.

         As rochas embaixo do pé de Skadi se desmancharam, fazendo seu corpo despencar. Um efeito dominó foi iniciado na plataforma, derrubando Malya. Mas a serpente de Zaire fora rápida e se amarrou na cintura dos dois, usando o amaranto e palladiano como ponto de apoio.

       —  Vamos tentar içá-los. – Zaire gritou para os dois que balançavam no ar.

       — Não dá. O precipício está se desfazendo. –  Kale informou, vendo que o caminho a sua frente sumira.

         Os corações aceleravam descompassados, não esperavam um desafio tão grande assim. Morreriam todos na captura do primeiro fragmento, as estrelas tinham errado na escolha. Mal conseguiam ver o solo que iriam cair, devido o nevoeiro espesso.

       É uma ótima hora para meu suposto dragão aparecer. – Malya pensou consigo mesma, vendo a serpente que lhe segurava ceder aos poucos.

        Como se ouvisse seus pensamentos, sons de asas colossais submergiram no ar, dissipando a névoa. Não era um dragão, mas uma coruja gigante, na qual a princesa Smaragdine estava montada.

       —  Finalmente cheguei. – sorriu como uma criança encantada.

        A ave pegou a serpente com as garras carregando todos em vôo, o que parecia ser um alívio se tornou ainda mais amedrontador. Em virtude da atitude de Halina de içar um voo cada vez mais alto, causando vertigem. As asas penosas lançavam rajadas de vento nos passageiros da garra. Viram os degraus embaixo de si, em seguida as árvores e o solo ficando mais próximos. Enxergaram Esteban que vigiava os degraus correr admirado com imagem da ave. A coruja jogou o grupo no chão há cerca de meio metro de altura, enquanto Halina desceu suavemente em pouso. A ave diminuiu seu tamanho para o de uma espécie comum, assim que sua mestre tocou os pés no solo em segurança.

Contos de Lucem - Ressurgir SombrioWhere stories live. Discover now