ONZE | ONIRIUM SOMBRIA

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      — O l-ladrão, ele e-enfeitiçou a Malya, disse algo como o-onix, oniv... Eu não me lembro, foi tão rápido. – Keisha gaguejou.

      — A culpa é de vocês. – Skadi disse baixinho. – A culpa é de vocês! – agitou as mãos.

     A ivoriana estava em choque com o que acontecera, num momento Malya estava ali lutando ao seu lado, noutro estava inconsciente sem dar nenhuma resposta. Isso era demais para ela, um excesso de emoções gigantes para seu bom senso aguentar. Principalmente, depois de tudo que viveram em Vividae, quase morreram uma dezena de vezes para resgatar o fragmento, tudo em vão por conta de uma rivalidade tola entre dois homens adultos. Skadi saiu trêmulo, sentia a raiva crescer em seus músculos, mas ainda não estava confortável para liberá-la na frente dos outros. A voz de seus protetores ainda o condenava, pela falta de controle.

     — Eu não sabia que isso poderia acontecer. Não sei o que deu em mim. – Zaire pôs as mãos no rosto.

    — Como não sabia? Foi você quem começou aquela discussão tola! – vociferou Arden.

    — Já chega! É o suficiente por hoje. – Halina interveio. – Temos muitos problemas para resolver, brigar agora é tolice.

    — Sempre foi, na verdade. – Kale estava frustrado.

      — Eu sei palladiano, eu sei. – a voz da princesa estava embargada, assim como os olhos cheios de lágrimas.

     Não estava chorando por conta de Malya, mal a conhecia. Mas uma enxurrada de emoções a tomou de supetão, fazendo com que as lágrimas brotassem involuntariamente. Sentia ausência de controle sob seus sentimentos. Saiu para sua tenda, não queria que a vissem tão vulnerável.

      — Vou colocá-la em minha tenda, lá é o lugar mais confortável. – Arden declarou, pegando a mulher desacordada no colo.

     — E depois? O que faremos? – Zaire questionou, não havia zombaria em sua voz.

     — Chamarei Kelaya, quando o sol nascer. Ela provavelmente saberá o que devemos fazer para reaver Malya. – respondeu orgulhoso.

     — E quanto ao fragmento? – Keisha pensou alto.

     — Pensaremos nisso depois. No momento, Malya deve ser nossa prioridade. – o príncipe anunciou, já entrando na tenda.

      Colocou a mulher em sua cama, encarou o corpo descordado por alguns minutos. Deu-lhe leves tapas na face, mas não obteve resposta. A mulher não parecia doente ou ferida, era como se estivesse dormindo. Sonhando, ao que parecia, uma vez que suas órbitas se movimentavam agitadas debaixo das pálpebras.

      ❝ onirium sombria – escutou o afanador dizer, antes de perder a consciência.

      Desgraçado, mil vezes bastardo. – pensou.

    Conhecia as palavras, era um encantamento dos bruxos do norte para evocar pesadelos nas vítimas.

   Maldito. – xingou mais uma vez. – Quando eu pegá-lo arrancarei seus dois olhos sem compaixão.

    Depois disso, sentiu sua consciência cair rapidamente e retornar abruptamente. Não tinha acordado, mas sua mente estava ativa e produtiva. Contudo, fora de seu controle. Sentiu seu corpo se imprensado, tateou ao redor e percebeu que estava dentro de uma caixa. Uma caixa de madeira que diminuía cada vez mais.

     Tentou chutar as paredes de madeira e gritar por socorro. Morreria sufocada em pouco tempo se continuasse ali dentro, procurou o pingente no pescoço. Inútil, ele não estava ali. Sua respiração falhava, estava tudo escuro e apertado. De repente, as paredes da caixa pararam de se mexer. O som de arranhos tomou o lugar da aflição anterior, estavam tentando abrir a caixa.

Contos de Lucem - Ressurgir SombrioWhere stories live. Discover now