TRINTA E DOIS | O DESFECHO DA BATALHA

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        — Não! Não! Não! – choramingou, balançando o rapaz morto, sentia a dor consumindo sua alma.

     Tinha perdido sua irmã e agora Skadi era arrancado de seus braços, despedaçando-o mil partes machucadas. A perda desastabilizou o grupo, a serpente de Zaire estava amarrada e o familiar de Halina estava com uma asa quebrada. Kelaya convocou um encantamento de fogo, espantando o antílope. Agora a meia bruxa se encaminhava para o rapaz enlutado, pronta para eliminar mais um Lectus. Confiante das honrarias que receberia de seus mestres pelo grande feito. Ela estava a dois passos de Kale quando sentiu as entranhas ser perfurada pelas costas, buscou o algoz com vigor. Encontrou os cabelos loiros de Halina.

      A princesa tinha se recuperado da queda, vendo a ivoriana morta, adiara a dor em nome da vingança. Penetrou as colunas da traidora, que não a vira chegar por trás. Uma listra de sangue escorreu da boca de Kelaya, sem forças derrubou o cajado. Halina olhou para Kale, que delicadamente removeu a lança do corpo de Skadi indo na direção da meia bruxa moribunda. A smaragdina puxou a espada para fora do corpo da outra, dando espaço para que o palladiano enterrasse a lança no pescoço da assassina. Encerrando qualquer chance de sobrevivência.

      A derradeira coisa vista por Kelaya foram os olhos de desprezo de Arden, aquele a quem ela realmente amava. Nocti e Dália viram a morte de sua serva indiferentes, ela fora um instrumento útil, mas provara com a derrota no campo de batalha que não era boa o suficiente para sobreviver a Era da Escuridão. Não tinham preocupações quanto à vitória, apesar da energia para se manter na superfície estar se desgastando, ainda tinham muitos inferos para lutar em seus nomes.

       “Aussir, venha.”  Malya pediu mentalmente.

       “ Creio não ser a hora correta. ”  O dragão via a disputa a partir dos olhos dela.

        “ E quando será? Quando todos morrermos? ”  estava cercada por inferos raivosos.

       Quase metade do batalhão sombrio ainda estava vivo, o grupo dos Lectus estava perdendo a batalha.

         “ A responsabilidade da derrota recairá sobre ti, caso eu vá adiantado. A feiticeira disse para ser sábia...” insistiu a fera alada.

          Hayat dissera para que ussasse o dragão como recurso de ataque direto a Nocti, quando este estivesse vulnerável. Aussir e Nocti se conheciam da guerra anterior, eram velhor inimigos.

         “ Cale-se e venha agora.” ordenou usando sua autoridade de mestre.

        A fera alada cedeu ao pedido da mestre, saindo de seu esconderijo, no qual ficara depois de colocar Malya à espera da expedição. Sentia o cheiro de sangue, suor e medo. Era o mesmo cenário da primeira Guerra Sombria, apenas em escala reduzida. Ao menos por enquanto Nocti não tivesse o Coração de Dália nas mãos.

         Todos olharam para cima, no momento em que os sons das asas gigantes penetraram os tímpanos. A beleza da criatura contrastava com a aparência de abetedouro do local, Aussir viu os Lectus encurralados pelos inferos desceu a toda, buscando alguns demônios com as garras afiadas. Poderia ter jorrado fogo de sua bocarra, mas essa era uma tática que poderia ferir os aliados cercados.

        — A fera alada. – Arden disse para si mesmo, vendo o dragão despedaçar um demônio no ar.

        Kale correu com o corpo de Skadi nos braços, colocando-o junto da urna da irmã. Não permitiria que maculassem os cadáveres de seus entes queridos. Zaire conseguiu soltar sua familiar das cordas, dado a vantagem que a criatura recém chegada proporcionou. Pediu para que ela levasse Aryeh, que fora ferido, para um lugar longe do campo de batalha. O novoivoriano não estava mais em condições de lutar, um dos seus membros, os que eram feitos de próteses de madeira, fora quebrado. Deixando-o o homem massudo desequilibrado.

Contos de Lucem - Ressurgir SombrioWhere stories live. Discover now