DOZE | O REI

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       Exaustos. Era assim que o grupo se sentia. Fazia dias que não tinham mais de três horas de sono e agora com a derrota significativa, demoraria para que tivessem noites tranquilas outra vez. Aceitando a sugestão de Kelaya, o acampamento fora desmontado sem demora. Ao invés de Ivory, iriam para Smaragdine escutar o Mago Idrovras Thaqirax.

     O ataque do afanador aliada à perda do fragmento atingira Arden em cheio, seu ego estava ferido. Todavia, não tinha muito tempo para pensar no próprio orgulho, pois sabia que a resposta do pai ao pouco progresso da jornada seria cheia de cólera e desgosto para com ele.

     Malya não estava em condições de conduzir o cavalo, Skadi e o voldsom concordaram em lhe dá uma carona até o reino das pedras. Nenhum dos dois Lectus pareciam muito sujeitos à conversa, era evidente que culpavam o resto do grupo pela perda do fragmento. Justo.

     — Malya. – Zaire chamou, quando já estavam na estrada. – Eu sinto muito.

    — Isso não importa. – retrucou a ivoriana pálida, com sua constante indiferença e hábito de interferir nas conversas.

    — Eu sei, mas é tudo que está ao meu alcance no momento. – replicou para Skadi, não conseguia olhar para a morena.

    — Você estava lá, Zaire. Viu o inferno que enfrentamos para pegar o fragmento. A princesa caiu de um precipício, Skadi ficou no quase e Kale por pouco não se afogou. – fechou os olhos se esforçando para fugir da tontura, os pesadelos lhe drenaram muita energia.

     — Sim, eu estava. Quase morri também, mas a briga com Arden não foi responsabilidade exclusiva minha. Teve a bruxaria... – queria se explicar.

     — A magia se aproveita das nossas fraquezas. Se pretende voltar vivo para sua família, aprenda a fugir das provocações que lhe tornem vulnerável. – interrompeu.

     — Você tem razão. Peço que me perdoe. – falou com sinceridade.

    — Esqueçamos o que se passou. – Malya deu uma batida no ombro do amaranto, aceitando o pedido de desculpas.

      No caminho para Nesta as conversas foram raras, só os soldados se atreviam a falar. Comentavam sobre a ansiedade de retornar ao lar depois de tantos dias longe de casa, a comida e o afeto que receberiam de suas respectivas famílias. Os amarantos estranhavam a conversa deles, não imaginavam que os smaragdinos fossem tão domésticos.

    Arden permanecia em silêncio, não trocava frases nem com sua irmã, que repentinamente abandonara as lágrimas pela a usual arrogância da realeza. Em seu coração, brotava a esperança de encontrar o noivo que fora levado para Tenebris, especialmente agora que tinha uma familiar tão forte e ágil.

      Vividae ficava nos limites da fronteira de Amaranto com Smaragdine, então o trajeto até Nesta era mais objetivo e seguro do que os outros que enfretaram anteriormente. Isso porque desde o primeiro ataque a capital smaragdina, a segurança de cada território do reino das pedras foi reforçado e os soldados estavam mais atentos.

      A expedição estava com muito sono acumulado, o que dificultava a clareza nos pensamentos. No final das contas, parar em Smaragdine, por pelo menos um dia, serviria para que tivessem uma noite em camas macias e lençóis sedosos.

      — Teu otimismo é ultrajante. – Halina exclamou para Kale, vendo o sorriso no rosto dele.

      Estavam há duas horas de distância de Nesta, mal conseguiam manter os olhos abertos de exaustão.

      — A jornada é mais fácil se enfrentada com esperança. – respondeu amável.

     — Perdemos um fragmento, o qual tu quase morrestes para pegar. – devolveu altiva.

Contos de Lucem - Ressurgir SombrioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora