VINTE E UM | LABIRINTO ENTREMONTES

18 5 9
                                    

       O evento com a bruxa Necrófaga assustou a todos, mais uma vez tinha conseguido se esgueirar das garras da morte. Em contrapartida, agora estava deitados no colo do interesse, buscando compreender como exatamente sua colega de jornada conseguira derrotar uma bruxa de primeira ordem e sair com apenas uma arranhão no rosto.

       — Você está bem? – Keisha indagou para sua amiga.

       Imediatamente após o conflito, o grupo seguiu viagem. Traziam alguns arranhões e luxações por conta dos ataques dos abutres, mas nada que vinhesse a preocupar.

        — Estou. – respondeu sucinta.

        — Pretende ficar com essa coisa? – questionou, apontando para o cajado que Malya resolveu impulsivamente trazer.

         — Pode nos ser útil. – não conseguia olhar para a outra.

         — Oh, é claro. Acho que pode amplificar seus poderes. Fazer feitiços sem usar runas ou pedras elementais. – disse animada.

         — Duvido que eu tenha poder suficiente para controlar um cajado de uma líder de Clã. – Malya retorquiu, ainda não entendia o porquê de ter trazido o objeto, simplesmente o fez.

         — Não seja modesta. – sorriu a amaranta. – Você é de longe a mais habilidosa dentre nós, consegue vencer uma bruxa sem um familiar. – o tom era de admiração.

       Malya sentiu os olhos desconfiados de seus colegas queimarem sua pele, só Arden parecia não se importar com a situação. Contudo, ele era o único que tinha consciência das crises sombrias dela. A palavra familiar vagou em sua mente, a criatura alada até então não dera sinal de vida, talvez também tivesse medo dela como os outros.

         — Não está com medo de mim? – franziu o cenho, fitando a jovem.

         — Por que ela teria medo de você? – Kale interferiu, comia uma fruta e sorriu simpático. – Você é nossa amiga. Mais uma vez salvou nossas vidas.

         — Imagine quando tiver seu familiar, será imbatível. Até Nocti se curvará para você, lembre-se de mim quando tiver no patamar de uma heroína. – Keisha fantasiou, divertindo-se.

        A celosiana permanecia com as órbitas desesperançosas.

          — Malya, se os ancestrais permitiram sua entrada em Palladian, nós nunca teremos o que temer quanto a você. – o palladiano pôs a mão no ombro dela, num gesto reconfortante.

          — Todavia, acredito que são necessárias perguntas. – Skadi que escutava a conversa afirmou.

          — Não, nenhuma pergunta é necessária. – Zaire retorquiu sólido, findando a conversa.

        Halina, Eleina e Aryeh não pareciam tão seguros quanto a confiança para com a celosiana. Na verdade, todos traziam um certo receio fruto das palavras da bruxa. Contudo, apenas alguns estavam dispostos a abdicar do medo em nome da confiança com a companheira.

        O clima do local mudou subitamente, já se passara algumas horas desde o início da viagem. As nuvens do céu sumiram, trazendo um Sol brilhante e poucas nuvens. O cheiro de excremento se foi, em seu lugar o odor da relva selvagem e de flores compestres apareceu. Era como se tivessem sido teletransportados para outro ambiente, um bosque mágico e quase tão puro quanto os de Palladian. Na frente deles, um labirinto despontou. As paredes eram feitas de cerca viva com flores vistosas, alcançando quase cinco metros de alturas. Pararam no bosque antes do local, olhando ao redor viram as paredes de pedra se erguerem distantes. Ao que parecia estavam no ponto mais baixo do Vale, mas nada aparentava ter ligação com as descrições macabras que ouviram antes.

Contos de Lucem - Ressurgir SombrioWhere stories live. Discover now