DEZESSETE | PALLADIAN

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       — Recomponha-se. – Halina exigiu sacudindo Aryeh, o qual ainda sentia os resquícios do transe das Sirenas.

       — Malya você não tem nenhum artifício mágico que possa nos tirar dessa? – Zaire questionou, vendo as rochas cada vez mais presentes no campo de visão.

     Todos já estavam de volta no convés, vendo o paredão iminente se aproximar. Iriam afundar.

      — Não, eu não tenho. – replicou irritada, desejando que eles nunca tivessem conhecimento de seus humildes poderes mágicos.

     — Nada disso teria acontecido, caso não tivessem sido patéticos de cair nos sons das malditas sirenas. – Halina exclamou com uma fúria palpável.

      — Ora, Halina isso não foi algo possível de ser evitado. – defendeu-se o irmão.

      — Calma, calma eu voltei. – Aryeh se levantou, cambaleando aos poucos.

      Ainda tonto, o novoivoriano começou a bradar ordens, que os outros corriam para obedecer. Caso batessem no rochedo, afundariam sem grande resistência, era um conjunto de pedras grande o suficiente para levá-los à desgraça.

       — Segurem-se! – gritou, fazendo o barco dar uma curva violenta.

       Os membros da expedição se apoiaram nos lastros, sentindo a inércia conduzir seus corpos. O rochedo foi evitado graças às habilidades do novoivoriano, o qual sorriu orgulhoso do próprio mérito.

      — Graças à Iya. – Keisha murmurou.

      A noite já caía, as três luas brilhavam no céu e as estrelas tremulavam sobre eles. Era uma lua tripla, por isso a visibilidade era gentil o suficiente para que não se perdessem no mar e conseguissem manobrar o drakkar para longe das pedras.

        — Estou morrendo de fome. – Kale exclamou.

         — Vou preparar algo para que possamos comer. – Zaire afirmou. – Você vem Keisha? – a mulher enrubesceu com a pergunta, mas seguiu o homem.

         — O que você viu em seus delírios, querida amiga? – Kale indagou a Skadi.

        — Eu... – olhou para os lados envergonhada. – Não vi nada. – seu rosto se tingiu de vermelho, fazendo o palladiano cair na gargalhada.

       — Não há mal em ter luxúria, Skadi. É parte de nós. – consolou a amiga, a qual seguiu constrangida.

       O ivoriano se juntou ao novato e príncipe, os quais discutiam mais uma vez o trajeto. Avaliavam o local onde estavam e quando chegariam em Palladian. Chamaram Kale para contribuir com a conversação, chegando ao consenso de que amanhã antes do pôr do sol, já seriam capazes de vislumbrar a ilha desconhecida.

      Os amarantos retornaram ao convés com tigelas quentes e distribuíram entre os presentes, todos estavam um pouco embaraçados com os últimos acontecimentos. Olhavam envergonhados para os outros, temerosos de que as fantasias imaginadas pudessem ser lidas através do semblante. Halina se divertia com a situação e agradecia mentalmente por não ter sido aturdida por uma sirena. Discutiram um pouco sobre a habilidade recente da princesa, mas ela garantiu que tinha sido um evento isolado e duvidava ser capaz de realizar tal coisa novamente.

      — Kale. – a princesa chamou.

      — Pois não? – voltou-se para ela.

      — Aquilo que disse, sobre eu ser imune às Sirenas... – tinha medo da informação que receberia em resposta. – Pode significar que Caspian ainda estar vivo?

Contos de Lucem - Ressurgir SombrioDonde viven las historias. Descúbrelo ahora