CINCO | A JORNADA

84 20 182
                                    

        Macio. Foi a primeira sensação que Malya sentiu ao despertar. Estava em uma cama confortável, com mais travesseiros que o necessário. Abriu os olhos confusa, tentando resgatar suas últimas memórias.

     Abandonei minha casa. Forasteiro. Lappam. Fera. Tentou ordenar os pensamento com dificuldade.

      — Vejo que finalmente despertou. – disse polido.

    O homem que a perseguira no comércio entrou na tenda, tinha um hematoma no maxilar e mantinha a mão próxima às costelas, disfarçadamente sem causa mácula na sua aparência impecável. Parecia ter enfrentado uma briga nos últimos tempo. Malya reconheceu os olhos azuis límpidos, procurou a fiel lâmina nos bolsos.

      — É isto que estás procurando? – mostrou a adága. – Tens ótimas armas para uma celosiana.

       — Me devolva! – exigiu ela, tentando se levantar. Desistiu logo em seguida, estava tonta.

       — Calma, feristes a cabeça na queda. – ele tentou se aproximar.

     — Fique longe ou arranco os seus olhos. – ameaçou, fazendo o outro recuar.

    — Com as unhas? – zombou. – É assim que demonstras gratidão com quem te salvou do deserto.

      Nesse momento, Malya notou os bordados dos travesseiros e brasão na camisa de linho que o homem vestia. Era o símbolo de Smaragdine. Estava em uma tenda com um smaragdino, um muito influente ao que parecia.

     — Vá à merda. – disse por impulso.

     — Meça suas palavras, celosiana. Não sabes com quem está falando? – ele parecia irritado.

     — Com escória, a qual todos os smaragdinos pertencem. – toda a raiva acumulada clamava para sair. Estava sendo inconsequente sabia disso, tinha aprendido a ser mais comedida.

     O rosto do homem enrubesceu, franziu o cenho, encarando a jovem mulher que o desafiava. Ele até então mantera uma postura incitadora.

     — Sou Arden Smaragdine, príncipe do reino das pedras. Salvei tua vida no deserto e poderia tirá-la agora. Não tens medo? – questionou entufado.

     Malya escutou com cuidado o que ele dizia, agora começava a ficar aflita. O que a realeza poderia querer com ela? Por que um príncipe lhe perseguira e salvara? O que fizera Lappam fugir? E a sensação que percorrera seus braços, o que significava?

      — O que está acontecendo? – inquiriu. – Por que estou aqui?

     — Esta é uma questão que também me atormenta. – uma mulher loira entrou na tenda. – Por que não avisou que ela tinha despertado?

     — Estava tentando colher informações, Halina. Precisamos saber o máximo possível daqueles com quem iremos trabalhar. – sussurrou, mas ainda foi escutado pela celosiana.

     — Diga seu nome. – a princesa exigiu, analisando a outra com desdém.

     Halina estava com os olhos inchados, o nariz vermelho e olheiras densas. Os cabelos desgrenhados davam uma aparência dramática a figura, a celosiana se divertiu com o sofrimento da outra mulher. Reprimindo-se logo em seguida, Ramla uma vez dissera que sentimentos assim deveriam ser evitados.

    — Eu vou repetir a pergunta. O que eu estou fazendo aqui? – Malya ignorou.

    — Olhe para os seus braços. – Halina devolveu. – És tão burra que não reconheces a marca dos Lectus? Não falam sobre a profecia em Celosia?

Contos de Lucem - Ressurgir SombrioHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin