capítulo cinquenta e dois

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hero estava comigo, segurando minha mão. podia-se notar o medo em seu olhar, a preocupação, a dor que ele sentia. eu não sabia bem o que dizer, então o quarto estava em um silêncio mortal. duas enfermeiras me limparam, eu vesti aquela desconfortável camisola de hospital e esperei por alguém para confirmar o que eu já sabia. após quase dez minutos, uma moça de cabelos longos apareceu, com um sorriso que iluminava todos os lugares que ela passava. era simpática, me manteve calma enquanto passava aquele gel em minha barriga.

– vamos ver o que temos aqui. – ela não parou de sorrir desde o momento em que entrou no quarto, me perguntei se a vida dela era tão feliz como parecia. no monitor, ela apontou para o meu útero.

– estão vendo essa coisinha aqui? é o bebê de vocês. – hero olhava confuso para o monitor, eu também não entendi quando passamos pela primeira gravidez.

– então eu não perdi meu bebê? – abri um sorriso quando ela respondeu que estava tudo bem. hero me abraçou e beijou minha testa, não poderíamos estar mais aliviados.

– chame a doutora robbins, por favor. – a moça sorridente, agora não sorria como antes, pediu para a enfermaria chamar alguém, talvez sua superiora. isso significava problemas.

– o que tem de errado com ele? eu sei que algo aconteceu. eu senti algo ruim. – eu estava aflita novamente, pronta para mais uma notícia ruim.

– só quero ter certeza do que estou vendo. – ela sorriu para nos confortar mas eu estava despedaçando por dentro. após minutos eternos de dúvida e ansiedade, uma loira entrou no quarto. ela sim sorria bastante, deduzi que mexia com pediatria ou obstetrícia, por causa do desenho de uma macaquinho em seu jaleco.

– sou a doutora robbins. – ela se apresentou e sentou-se no lugar da ruiva, tomando o aparelho nas mãos.

– temos um bebê aqui. – ela apontou para o local de onde não tirei meus olhos.

– e outro bem aqui. – dessa vez, apontou para outro pontinho na tela. eu arregalei os olhos e pedi que explicasse o que estava acontecendo.

– são gêmeos, consegue ver? meus parabéns. – dessa vez, seu sorriso me contagiou, eu não acreditava que havia recebido um presente desses. estava muito agradecida.

– a notícia ruim é que teve uma ruptura na placenta, o que significa muito risco para vocês três. quero te ver daqui duas semanas, vamos acompanhar de perto. vamos passar uma lista de medicamentos para manter esses pequenos ai dentro, até chegar a hora. é possível seu repouso absoluto? sem nenhuma situação tensa ou carregamento de qualquer peso? – demorei para absorver tudo mas compreendi que eu não iria perder meus bebês se tudo ocorresse bem.

– ela não vai sair da cama, eu prometo. – hero disse e a doutora sorriu. eu estava processando como ficaria sem fazer nada.

elas deixaram a sala após uma longa listra de restrição, que envolvia de caminhadas até posições sexuais que não poderia fazer. eu sabia que meu marido me trataria como um cristal absurdamente frágil a partir de agora, não me deixaria fazer nada em casa, nem mesmo trabalhar, seria estressante. eu não gostava de ficar parada e não fazer nada mas valeria a pena cada segundo, se no fim eu estivesse segurando nossos filhos.

– linda, isso é incrível. – agora quem estava radiante era hero, com aquele sorriso lindo que eu sempre fui apaixonada.

– ainda estou processando tudo. vamos ter dois bebês, trabalho em dobro. – ele beijou minha testa suavemente. eu havia ganhado alta, então podia ir para casa, hero me ajudou a calçar os sapatos e colocou seu terno por cima de meus ombros, apenas para disfarçar aquela camisola horrível. minhas roupas manchadas de sangue estavam em uma sacola, que meu marido carregava.

– jo, não pensa assim. teremos uma família, nossa casa ficará uma bagunça quando eles aprenderem a correr e brincar, e eu não vejo a hora. – eu sabia que era motivo de euforia, o que me assustou foi o fato da gravidez ser um risco para os bebês e eu.

durante todo o caminho, hero falou sobre quando escolheríamos os nomes, compraríamos roupas e móveis para os quartos. meu marido seria um pai maravilhoso e eu estava ansiosa por isso, podia imaginar acordado com os bebês até tarde, trocando fraldas e fazendo mamadeiras. seria nosso mundo perfeito, a única coisa que me desanimava era o caminho até lá. não estava fora de risco, tudo poderia acontecer e acabarmos magoados novamente, e não sobreviveríamos a isso.

[...]

era sexta-feira, alguns dias após o pequeno incidente. ted e katherine vieram me ver assim que voltei para casa, trouxeram minha sobrinha para nos alegrar. ted me disse que precisava de mim no trabalho mas eu poderia fazer tudo on-line, e caso ocorresse um problema, eu ligava para ele na hora, sem estresse, como a médica pediu. minha irmã disse que viria em casa quando não estivesse trabalhando, passar o dia comigo e trazer aurora para se conectar com os bebês, e todas essas coisas que minha irmã acredita. eu não podia reclamar do carinho que estava recebendo, recebi inúmeras ligações de conhecidos do trabalho, me desejando coisas boas, também e-mails de algumas amigas distantes, que eu não esperava receber. descobri que parte das pessoas que conhecíamos sabiam, ted publicou em uma de suas redes sociais que estava torcendo por mim, e respondeu todos que perguntaram o que havia acontecido. meu melhor amigo sempre foi assim, gostava de espalhar notícias, eu não me incomodava, contanto que ele cuidasse disso tudo.

– com certeza, eu pensei em começar na segunda. – ouvi hero conversando com katherine, ele planejou os quartos em menos de um dia.

– eu vou tomar um banho e deitar, minha pressão está super baixa. amor, posso falar com você rapidinho? – ele concordou e katherine beijou minha bochecha antes de voltar para a sala, onde ted e aurora brincavam.

eu não disse uma palavra até estar na banheira, coberta de espuma e recebendo massagem nos ombros enquanto relaxava. hero era atencioso, então eu estava acostumada com seu jeito de me mimar, até com uma simples massagem. eu segurei sua mão e ele agachou ao meu lado, acariciando minha mão.

– eu não quero mexer no quarto dele. não consigo destruir tudo. – as palavras pareciam rasgar minha garganta, era um assunto que sempre me machucaria.

– só temos mais dois quartos, linda. – eu não queria mudar de casa mas também não via outra solução.

– não vamos tocar no quarto dele, hero. estou falando sério. – ele concordou com a cabeça e beijou a palma da minha mão, logo se levantando.

– vamos encontrar outra casa logo, tudo vai dar certo, linda. não precisa se preocupar com nada agora. – ele sorriu e eu concordei, encostando a cabeça na beirada.

– vocês conseguiram uma casa nova. vocês tem só dez semanas, imagina o que vão fazer quando estiverem aqui. – conversei sozinha, acariciando minha barriga. eu sentia meu coração aquecido agora que eles estavam comigo, me sentia feliz o tempo todo.

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oi oi, gente. demorei mas postei, boa noite pra todos. logo teremos mais do nosso casal, tenho muitas coisas reservadas ainda. comentem bastante pra me motivar a escrever mais. beijinhos!!

Every breath you take | Herophine ∞Where stories live. Discover now