capítulo vinte e um

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– ela não falou comigo desde que cheguei aqui. só a faça comer alguma coisa, eu volto daqui uns minutos. preciso preencher os papéis de entrada de katherine. – eu conseguia escutar tudo, de maneira distante e baixa mas ainda conseguia. apenas não tinha vontade de responder e conversar, tudo que eu queria era ficar com katherine mas ela ainda estava em cirurgia.

– jo, sou eu, seu teddy bear. hero está tão preocupado que me ligou, você acredita? acho que ainda vamos rir bastante disso, sabe como ele tem ciúmes. agora, olha para mim. só isso, jo. – ted esteve comigo nos últimos anos, nos piores e melhores momentos da minha vida, e eu sabia que ele era um verdadeiro amigo mas se nem hero conseguia me fazer falar, ninguém mais conseguiria. eu queria ser deixada em paz, quieta, até poder ver minha irmã estável e fora de perigo.

– algum familiar responsável por katherine langford? – uma moça ruiva, vestida de azul, estava parada na porta pela qual kat entrou há horas atrás. antes que ted tentasse me segurar, eu já estava na porta do quarto de katherine.

  meu corpo se estremeceu quando vi katherine naquela cama, ela não estava sangrando e nem mesmo parecia machucada mas as máquinas ligadas à ela transmitiam medo para qualquer um que entrasse no quarto. ela ainda estava inconsciente mas a médica responsável pelo caso, me deixou ficar; ela nos deixou a sós, depois de me dizer sobre como havia sido a cirurgia e como katherine passaria os próximos dias.

– ela disse que você pode me ouvir, então vou te contar umas coisas. kat, todos estão loucos de preocupação lá fora, você realmente nos deixou assustados. eu acho que vi hero chorando quando eu voltei do banheiro, você pode zoar ele depois. até teddy está aqui, ele estava bem preocupado com você mas eu estava longe demais para confortar ele. eu não sabia que vocês eram tão próximos mas fico feliz por ele estar aqui. bom, você vai ficar bem, uma médica legal está cuidando de você e ela me disse que daqui umas semanas você poderá ir para casa. kat, eu vou cuidar muito bem de você. não tem ideia do quanto me sinto culpada por tudo, você não pode imaginar. só me importa que você está comigo, viva e logo ficará bem. você vai ficar bem, não vai, kat? por mim? pela nossa família de três? hero é mais seu irmão do que eu. – claro que eu estava em lágrimas mas kat não podia me ver, talvez eu tivesse sorte e ela realmente me escutasse mas eu não sei. não tenho certeza de nada no momento.

  passei muito tempo lá, não sabia se era dia ou noite mas ninguém havia pedido para eu me retirar ainda, então eu ficaria segurando a mão de kat até não poder mais. algumas enfermeiras deveriam estar me odiando, já que eu as chamava várias vezes em menos de uma hora. a qualquer alteração nas máquinas, meu coração errava uma batida e eu surtava mas agora tudo estava estável e kat estava aquecida, não gelada como antes, finalmente consegui aquecer seu corpo, após pedir mais cobertores para uma senhora realmente idosa que limpava o corredor. a mesma médica ruiva que me conduziu ao quarto mais cedo, estava de volta, com um sorriso brilhante que iluminava todo o ambiente, eu teria de agradecer ela por trazer um pouco de alegria para aquele lugar.
  conversamos por quase dez minutos mas enfim ela me disse que eu deveria ir para casa, porque katherine passaria por outra cirurgia, nada complicado, segundo ela, era apenas para fechar a ferida da bala e garantir que cicatrizasse perfeitamente bem. após me despedir de katherine, ela me perguntou se poderia ligar para o marido ou namorado de minha irmã, o que me deixou extremamente confusa, já que katherine estava solteira, pelo que eu sabia.

– sou a família dela, a única família que ela tem. por que precisa de um namorado? sou irmã dela, não vou sair do lado dela por nada no mundo, doutora. – eu não dormia fazia muito tempo, então a josephine má estava falando por mim, coisa que eu odiava.

– os exames que enviamos ao laboratório eram apenas para garantir que a cirurgia ocorreria bem, garantir a quantidade de sangue necessário para o procedimento e etcetera. mas os níveis de hormônio estavam elevados demais para um trauma como o da senhorita langford, então pedi um beta hcg, apenas para tirar qualquer dúvida... – eu a interrompi com uma risada que não esperava sair da minha boca tão cedo mas era a josephine estranha que estava me comandando, a josephine que não havia dormido.

– está me dizendo que minha irmã está grávida? minha irmã, que acabou de levar um tiro e quase morreu, está esperando um bebê? você só pode estar brincando. – eu ainda estava rindo mas a médica não parecia estar brincando, mesmo que ela também estivesse sorrindo para mim.

– vou pedir para alguém te acompanhar até a recepção, senhorita langford. assim que katherine sair da sala de operação e estiver estável, ligaremos. fique em casa, ordens médicas. – ela sorriu e afagou meu ombro como um gesto de carinho, então deixou o quarto. segui uma enfermeira até encontrar hero e teddy na sala de espera, eu não tive outra reação a expressão a não ser abraçar hero, e foi exatamente o que fiz.

– o que aconteceu, jo? como kat está? – hero parecia mais tranquilo após meu abraço, talvez ele precisasse mas eu estava distante demais para notar antes.

– ela está dormindo por causa dos remédios mas está muito bem. nos mandaram ir para casa enquanto ela passa por outra cirurgia mas quando ela puder receber visitas, vão nos ligar. ela está viva e bem, hero. ela está bem. – a última frase simplesmente saiu dos meus lábios e pareceu atingir hero em cheio; nós dois caímos no choro imediatamente. kat estava bem e o mundo parecia um lugar melhor, era um sentimento inexplicável.

[...]

– seu amigo foi embora mas disse que ligaria. – hero disse sem alterar sua expressão ou voz, sua mão em minha coxa apenas se fechou mas logo relaxou e pousou no volante novamente. ele estava em um processo longo para controlar o ciúme que sentia de mim mas algo me dizia que iria dar certo, de um jeito ou de outro. hero conseguia qualquer coisa quando se esforçava, ele era quase um super-herói de quadrinhos.

– eu não sabia que ele e kat eram tão íntimos mas agora preciso perguntar umas coisas para aquele vagabundo. – hero não conseguiu evitar uma risada carregada de sarcasmo, o que me fez revirar os olhos.

– também penso em matar ele, jo, mas qual é o nosso motivo? ele fez algo para kat? – eu balancei a cabeça e hero rapidamente olhou para mim mas eu não queria mais conversar. estava cansada e a josephine malvada poderia ocasionar uma tempestade a qualquer segundo. eu contaria da gravidez outra hora, quando a josephine cruel estivesse adormecida.

– as vezes eu tenho vontade de deixar você no meio do nada, jo. você é chata. – hero provocou uma brincadeira mas ele não faria isso se soubesse o território que estava pisando. era um campo minado.

– sério? as vezes tenho vontade de chamar meu amigo lúcifer e pedir para ele vir buscar você. você me tira do sério. – ele estava se divertindo com meu péssimo humor mas eu realmente queria agredi-lo, não era nenhum tipo de brincadeira.

– você ama quando tiro você do sério, josephine. nunca me pediu para parar, acho que estou fazendo certo. como nosso vizinho disse uma vez, as paredes decoraram seus gritos? – cretino!

– não adianta jogar esse joguinho barato comigo, amor, eu sou melhor que você nisso e não quero brincar. você realmente não quer mexer comigo agora, hero. – ele ergueu as mãos em sinal de rendição mas finalmente se calou, logo quando chegamos.

– eu preciso dormir mas qualquer coisa sobre ela, você vai me acordar, entendeu? e quero dormir sozinha, estou cansada e preciso da cama inteira. você pode ficar no sofá por hoje, pelas gracinhas que fez. – joguei meus sapatos no canto, perto da porta e subi as escadas que dava acesso aos quartos.

– quando foi que você virou uma vadia cruel, josephine? – ouvi hero lamentando sozinho na sala, o que me fez rir.

  tudo estava tão calmo que nem parecia a minha vida mas eu preferia acreditar que era real e permaneceria assim por um bom tempo. katherine iria me explicar sobre o bebê que estava a caminho mas eu, não a josephine cruel, estava pensando em nomes para o bebê que mal era um ser humano.

Every breath you take | Herophine ∞Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang