capítulo vinte e cinco

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  era quatro de julho, o feriado preferido de katherine. decidimos comemorar em venice beach, uma das cidades favoritas de quase todos que vivem na califórnia. aurora estava encantada com tantas cores, pessoas e paisagens, aqueles olhos azuis brilhavam e exploravam tudo, curiosamente. na manhã que chegamos, hero pegou nossa garotinha e a levou para passear beira-mar. estávamos cansados da viagem mas meu noivo não quis saber de descansar, ele estava mais elétrico do que aurora. tive tempo de me acomodar no hotel incrível que ficamos, desfiz as malas e tomei café da manhã antes de cair na cama para um sono de mais horas do que programei. quando acordei, aurora estava dormindo de barriguinha para cima, ao meu lado. kat havia comprado roupas tão lindas para nossa viagem, aurora parecia uma bonequinha com aquelas roupas coloridas. antes de sair da cama, coloquei a pequena no ninho que eu havia comprado para quando ela dormisse em casa, apenas a impedia de rolar da cama e me deixava segura para fazer minhas coisas enquanto ela dormia. encontrei hero quando abri a porta do banheiro da suíte, seu cabelo ainda estava úmido mas ele já estava vestido, não podia acreditar que havia perdido um banho com ele.

– eu queria tanto poder voltar pro banho com você. – hero sorriu como se já tivesse isso em mente, as vezes que entrávamos juntos no chuveiro, eram as melhores. era incrível como, mesmo depois de anos juntos, parecíamos adolescentes com tesão e hormônios descontrolados.

– katherine vai nos perdoar, estamos tentando fazer um desses. aurora não vai acordar tão cedo, ela estava cansada. pelo que pensei, temos mais de uma hora sozinhos. já pro banheiro, mocinha. – sim, era tudo que eu teria planejado se não estivesse dormindo. hero pensou em aurora, katherine e em nosso tempo sozinhos, deus, eu idolatrava aquele homem. ele podia ser protetor e fofo num momento, dominador e quente no outro. em poucos minutos eu estaria gritando seu nome, com as unhas fincadas em sua pele suada. uma bagunça molhada e mais do que quente, era tudo que eu precisava naquele momento.

[...]

– não acho que ela é uma megera, kat. só um pouco mal compreendida pela família. kylie sempre foi sua favorita, mesmo ela sendo uma mimada, khloé é simplesmente com quem eu me casaria, se pudesse. ow, ela tem dedo podre pra homens mas é um doce, então a perdôo. – hero e ted olhavam para nós tão entediados que jurei que estavam dormindo de olhos abertos. meu então recente noivo tentou acompanhar, dizendo que kendall era a mais normal do clã kardashian mas eu e kat tínhamos argumentos melhores do que o achismo dele.

– é por isso que adoro você, kat. pode usar sua boca inteligente até para assuntos de merda como esse. – ted brincou com minha irmã, a fazendo revirar os olhos como uma criança birrenta.

– josephine faz o mesmo mas ela sabe usar a boca para outras coisas. por isso, estou levando minha noiva para o quarto nesse segundo. – hero e eu nos olhamos por um milésimo de segundo, criando uma tensão sexual entre nós que qualquer perceberia. katherine ficava desconfortável quando fazíamos isso e me mandava sair da frente dela.

– vocês não podem sair no meio do jantar, eu mato os dois. – ela não faria mal a um inseto, por isso teddy riu, o que a provocou e a levou a dar um tapa nele que eu até senti.

– podemos, sim. estou no meu período fértil e ele precisa me engravidar. você sabe, só fazemos sexo para reproduzir. – minha irmã fez menção a um vômito, ted ainda ria dela e tudo parecia perfeito com a nossa pequena família. eu os amava mais do que tudo.

– não acordem minha filha, pervertidos nojentos. eles são sujos. – kat afirmou para ted, balançando a cabeça em desaprovação.

  hero e eu resolvemos andar pela praia, talvez ficar por lá até o sol nascer. era tarde quando saímos, presumia que passava de uma da manhã. a areia nos meus pés me deixava brava, a fricção que os grãos faziam era extremamente desconfortável e me obrigava a falar palavrões. era incrível como pessoas gostavam de ficar beira-mar durante a madrugada, não estávamos sozinhos, era óbvio. hero estendeu sua camisa para que eu me sentasse naquela areia infernal, beijou minha testa e andou até a água, despreocupado, e me atrevo a dizer, feliz. por mais de cinco minutos, observei o quebrar das ondas, era relaxante o som que o enorme oceano emitia. eu poderia morar em lugar assim mas sempre usaria tênis, não conseguiria viver com tanta areia.

– você é josephine langford? – uma garota com o cabelo tingido de vermelho, me examinava com olhos de águia. eu nunca tinha visto olhos como aqueles na vida, eram tão azuis que não pareciam reais. ela era um rosto familiar, delicado mas não a conhecia.

– só jo. posso saber seu nome? – algumas pessoas passaram por nós enquanto um desconforto se instalava entre eu e ela.

– audrey, deve ter me visto nos jornais. assim, talvez. – ela puxou os cabelos vermelhos para trás, simulando um rabo-de-cavalo bagunçado com os fios.

– isso, eu estava tentando me lembrar do seu rosto. não quero ser rude mas temos assuntos pendentes? – eu não a conhecia intimamente, a garota parecia um tanto perturbada e eu realmente queria que hero estivesse segurando minha mão.

– não, eu só precisava te entregar isso. não deixa que ele veja, jo. para a sua segurança. – ele? deus, se isso fosse algo envolvendo hero, algo ruim, eu não iria aguentar. passamos por tanta coisas nos últimos meses que me esqueci de como era bom viver em paz, a viagem estava colocando minha mente no lugar e eu odiaria que algo ou alguém estragasse isso.

  a garota desconhecida, cujo nome eu apostava ser inventado no minuto que perguntei, não esperou nem que eu pegasse o pendrive, antes que eu perguntasse sobre o que era aquilo, ela correu como se eu fosse uma assombração. li uma etiqueta colada nele que dizia "eu sinto muito" em letras maiúsculas. me assustei com hero parado em minha frente, apenas notei sua presença quando uma gota de água escorreu de seu corpo para meus pés. antes que ele visse o que eu tinha em mãos, escondi em meu sutiã.

– podemos ir para casa? quero comer e dormir numa cama de verdade. – hero concordou enquanto secava seu corpo com a toalha que eu havia trazido. ele nunca se lembrava de nada mas acho que era um tanto maternal para isso, sempre tinha tudo em mãos, sejam remédios ou guarda-chuvas. precaução nunca matou alguém, matou?

  a caminhada de volta pareceu durar uma década, sem contar no silêncio que nos embalou. hero não notou que o clima estava estranho e pesado, ele notaria quando eu não fosse para a cama porque estava curiosa demais para dormir e precisava ver o que havia naquela merda que uma estranha me entregou. eu não deveria dar atenção e eu não iria, se hero fosse apenas um cara normal, mas seu passado trazia desconfiança quase o tempo todo. eu confiava nele, não no que fez no passado, sabia que suas atitudes voltariam para nos assombrar um momento ou outro. era tão fácil mandar hero para a cama, eu apenas precisava dizer que iria demorar no banheiro, ele achava que tinha a ver com "problemas de mulher", como o próprio dizia.
  um vídeo. uma pasta solitária com apenas um arquivo de vídeo e um documento de dez páginas, sem nome ou data. encarei a tela até ganhar a coragem que precisava para abrir. gostaria de não ter clicado, gostaria de continuar no meu país das maravilhas por pelo menos mais uns dias. minha bolha de alegria, em que só existiam coisas boas, hero e eu, nosso paraíso privado, acabara de ser estourada.

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eu sei que demorei uma eternidade para atualizar mas peço minhas desculpas aqui. irei tentar escrever mais, prometo que tentarei. obrigada por não me deixarem, quase 10K mesmo sem eu estar ativa. é isso que me faz continuar, então THANKS.

Every breath you take | Herophine ∞Where stories live. Discover now