capítulo dez

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kat: jo?
kat: não sei se está dormindo.
kat: preciso falar com você.

jo: eu acordei agora, hero está aqui. você está bem?

kat: não, nada está bem. fui demitida do escritório, o caso dele acabou com a minha carreira. mamãe não para de dizer que ele vai matar você, ela está me enlouquecendo. e eu quero usar alguma coisa, qualquer coisa.

jo: kat, sinto muito. pode passar uns dias comigo, até você ficar bem. não me importo, de verdade, e amo ter você aqui. diz para a mamãe que você vem cuidar de mim, ela vai parar de ser louca por um instante.
jo: oh, hero disse para você trazer seu vídeo game.

  quando minha irmã chegou, estávamos comendo a comida que havia sobrado do jantar, que era muita. katherine estava com olheiras terríveis, estava de moletom e isso foi o que mais me espantou. eu sempre fui a irmã mais relaxada mas ela se cuidava tanto, eu nunca tinha a visto com um conjunto de moletom, na vida. pensei em cumprimentá-la mas ela sentou-se ao meu lado e puxou meu prato para si, terminando de comer o que estava nele.

– katherine, você acabou de sair do inferno? está horrível. – hero provocou e eu o olhei, pedindo um tempo das brincadeiras que ele e kat faziam sempre. ela não estava com um humor ótimo, estava realmente na pior.

– estamos aqui, kat, vamos superar juntos. hero é idiota mas tenho certeza que ele só quer te fazer rir um pouquinho. e eu sou chata mas estou aqui para quando quiser chorar ou assistir grey's anatomy, porque eu sei que você ama. – tudo que eu falava era num tom baixo, porque katherine aparentava estar estressada e eu não a deixaria mais brava com minha voz que eu particularmente achava enjoada.

  achei que kat iria ao menos me olhar depois das palavras de conforto mas ela apenas mostrou o dedo médio para hero e beijou minha bochecha, nos deixando sozinhos novamente. ela nem havia acabado de comer mas eu não precisava ser chata com ela naquele momento, precisava dar espaço para ela se recuperar de tudo. parte daquilo era minha culpa, eu sabia, inconscientemente.

[...]

  dois dias se passaram desde que as notícias ruins vieram a tona, dois dias cinzas para minha irmã mas velha, dois dias em que eu conseguia dormir muito bem. eu estava bem mas me sentia péssima por katherine, não podia defender que ela havia feito o que podia pela sua carreira, porque a justiça apenas teria sido feita se hero estivesse atrás das grades, apodrecendo. mas meu coração, meu estupido coração, sentia-se aliviado pela justiça não feita. eu tinha hero, agora, tinha minhas noites tranquilas de volta e eu sabia que era amada, nada podia estar melhor. por outro lado, sou uma pessoa ruim por aceitar uma tamanha injustiça. não me importo mais, pelo menos não quando hero me beija e toca meu corpo como se fosse seu instrumento favorito.

– tem certeza que fica bem? acho que precisa de ajuda com ela. katherine é uma pirralha quando está na merda, jo. posso ficar, se você quiser e precisar. – hero estava voltando para casa, ele morava perto de katherine, na cidade ao lado. ele precisava voltar para resolver o resto da papelada para sua transferência para a mesma universidade que eu estava. hero estava procurando algum apartamento perto do meu, facilitaria muito nossa vida se ele estivesse presente, mesmo que não fosse todos os dias.

– não, você precisa ir. é rápido, lembra? não vai dar tempo de sentir minha falta. – antes que ele respondesse com as falas fofas que me derretiam, eu o beijei, ficando na ponta dos pés, minha cintura foi rodeada por seus braços fortes e eu resmunguei, querendo mais com apenas um simples beijo.

– vai, antes que eu mude de ideia. – enquanto eu o deixava ir, minha cabeça apenas pensava em levar hero para o quarto e o prender na minha cama, mas éramos adultos e eu não podia deixar uma vontade carnal sobrepor-se à razão.

  hero se foi, por enquanto. katherine está no banho, então tenho um tempo sozinha antes que minha irmã volte a chorar na frente da televisão, com um pote de sorvete que eu não conseguiria comer mas a tristeza faz coisas, e ela devora como se sua vida dependesse daquilo. estava tudo bem, ou pelo menos sob controle, tudo mais tranquilo desde que kat chegou. minutos depois de meu, agora namorado, deixar meu apartamento, batidas frenéticas na porta me despertaram de um cochilo no sofá. pela hora, poderia ser hero, deveria ter esquecido algo.

– eu sei que sou amável mas tínhamos um acordo, hero. – começo a falar, enquanto destranco a porta mas ao notar que os sapatos não eram os tênis que ele usava, tenho medo de levantar os olhos e me deparar com algum desconhecido, tudo que eu não precisava era mais um problema.

– boa tarde, jo. ele saiu, então? oh, isso será divertido para caralho. – a voz apenas confirmou minhas dúvidas, era jace. o mesmo jace que, indiretamente, falou que me mataria. o mesmo que quis me estuprar porque achava que eu podia o mandar para a cadeia. puta merda. puta. merda.

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nem previ que iria publicar mais um masssss como eu disse, estou inspirada. boa noite, meus bolinhos. bons sonhos. – iza.

Every breath you take | Herophine ∞Where stories live. Discover now