capítulo trinta e cinco

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o jantar simples foi um dos melhores que tivemos, os risos, os beijos, o amor, tudo entre nós parecia finalmente no lugar adequado. deixei katherine e o grande problema para depois, precisava estar com hero uma última vez antes de lidar com mais uma merda, me perguntava como estava sempre envolvida nessas coisas. apenas nos demos conta de que era tarde após acabar com a garrafa de vinho, acabamos no sofá, os beijos quentes, os toques excitantes, como eu queria ser amada naquela noite mas minha cabeça não conseguia parar.

– desculpa. – um sussurro tirou os lábios dele dos meus, algo que eu odiava, a falta de contato entre nós, eu o queria ao meu lado, me tocando e beijando todas os minutos do meu dia.

– me conta o que aconteceu, linda. vamos resolver juntos. – eu o agradeci mas não iria meter hero nisso até ser necessário, ele não precisava se preocupar com as coisas que minha irmã fazia. não sabia como resolveria aquilo então um silêncio se instalou na sala enquanto eu pensava. hero era tão paciente, compreensivo. como eu o amava.

– acha que conseguimos chegar ao hospital? – vi seu rosto se transformar em pura preocupação, eu ainda não sabia se seria necessário mas era o que estava pensando.

– tem um engarrafamento enorme na cidade toda, a neve está parando. se conseguirmos chegar lá, ficaríamos horas no trânsito. me diz o que posso fazer para ajudar, jo. – chegaríamos lá, não importa o que teríamos que fazer. ela apenas me disse na mensagem que precisava de um médico, que havia feito merda, uma das sérias. eu não queria acreditar que ela havia voltado a se drogar mas era uma opção viável, eu precisava ver como a situação estava na casa dela, com ted e aurora. minha mente disparou quando pensei em aurora.

– me espera no carro, na frente da casa dela. não entre, okay? só vai dificultar as coisas. eu não quero que você veja ela daquele jeito. – antes de hero me questionar, eu estava longe de casa, correndo no meio da neve, pedindo a qualquer divindade que aurora estivesse segura e bem. eu estava congelando com apenas um vestido e saltos altos mas a adrenalina não me permitiu parar até bater freneticamente na porta de katherine. as luzes estavam todas acesas, a porta trancada, eu só precisava saber no que ela tinha se metido.

– josephine! eu a tranquei no quarto. você precisa pegar aurora e sair daqui. – ted parecia tão assustado, eu não conhecia aquela pessoa na minha frente. não podia imaginar o que katherine havia feito, como ela estava.

– ela machucou você ou a aurora? – meu coração se apertava apenas de pensar nisso. os três eram um exemplo de família que eu seguia, katherine não podia ter estragado tudo assim. antes que ted me respondesse, ouvi um choro abafado e o segui, encontrando a pequena menina sozinha no sofá. os poucos fios de cabelo da criança estavam úmidos, como se tivesse saído do banho a pouco. quando a peguei no braços, suas mãozinhas apertaram meu pescoço, ela se agarrou a mim enquanto gritava ou chorava, eu não sabia diferenciar.

– ela tentou afogar minha filha no banho, josephine. ela quase matou minha filha. entende o quanto ela está fodida? – o choro de aurora se tornou mais intenso enquanto conversávamos, eu não conseguia acreditar mas precisava agir rápido. podia haver água nos pulmões do bebê, eu precisava levá-la rapidamente a um hospital.

ted me deu uma bolsa branca com as coisas que aurora precisava para uns dias, eu entendi o recado. quando ela tivesse alta do hospital, eu a levaria para a minha casa, a manteria longe de katherine. ted prometeu não entregá-la a polícia até eu voltar com aurora mas algo completamente horrível estava para acontecer. eu sabia o quanto kat amava sua filha, nunca faria isso sóbria, nunca, em um milhão de anos, ela faria algo ruim contra aurora. mais tarde cuidaria dela também mas no momento minha preocupação maior era a garotinha que não parava de chorar. hero dirigiu o mais rápido que pôde mas realmente havia um engarrafamento no centro da cidade, as ruas estavam sendo abertas, todos tinham que estar em algum lugar. aurora já não chorava mais, ela respirava bem, então a deixei dormir. hero tentou nos esquentar com o aquecedor do carro, fez um milhão de perguntas e eu tive que explicar tudo. ele não estava tão bravo ou triste como eu mas sua preocupação quase ganhava da minha. estávamos há dez minutos no trânsito infernal, ele estava perdendo a cabeça.

– ela provavelmente não sofreu nada mas eu preciso ter certeza. hero, precisa pensar em algum jeito de nos tirar daqui. – seus olhos pareciam perdidos quando olhavam os carros à nossa frente. suas mãos quentes tiraram aurora dos meus braços, eu acompanhei seus passos mas não os compreendi até receber um pedido de chegar lá quando pudesse. estávamos há dez minutos do hospital mais próximo, ele disse, antes de sair do carro, que iria a levar como conseguisse e então eu o vi correndo com aurora no colo.

demorou cerca de meia hora para conseguir estacionar perto de onde hero havia me dito que a traria. graças ao seguro de saúde de ted, aurora foi admitida na ala pediátrica o mais rápido possível. encontrei hero na recepção, quase arrancando os cabelos escuros com as mãos. nunca havia o visto tão preocupado e nervoso mas compreendia completamente. quando toquei suas mãos, ele se assustou de relance mas me puxou em seus braços, me apertando em um abraço que aliviou um pouco do que eu sentia.

– não me deixaram entrar. – era protocolo do hospital, não deixavam quase ninguém entrar na ala pediátrica por questões de segurança, podíamos contaminar muito aquelas criaturas frágeis e ninguém queria isso.

– você está congelando. – hero viu o quão rápido sai de casa, não teria tempo para trocar de roupa. eu realmente estava com frio mas o que estava gritando na minha cabeça era a culpa de não ter aparecido antes. katherine me mandou mensagem, coisa que ela não faria se não reconhecesse a merda que fez. hero notou o quão distante eu estava, ele me deixou viajar nos meus pensamentos enquanto me esquentava com sua jaqueta.

– eu deveria ter ido antes. achei que era algo com katherine, não queria estragar nossa noite. achei errado, muito errado. ela poderia ter feito aquilo se ted não estivesse em casa, hero. ele não queria nos acompanhar. eu deveria ter ficado com ela, ele não merece estar com katherine agora. você não entende como ela fica quando usa essas coisas. – hero entendia como era ficar chapado mas nunca havia feito algo tão ruim como katherine, ao menos era no que eu acreditava.

– você não tem culpa, jo. aurora está em ótimas mãos, katherine não está sozinha e você e eu estamos cuidando de tudo isso. estamos juntos em qualquer situação, okay? – eu balancei a cabeça, concordando, sabia que só faria ainda mais mal ficar daquele jeito. hero beijou minhas mãos e às assoprou com um sopro quente de seus lábios, para me aquecer mais.

– estou aqui, linda. já passou. – suas palavras de conforto sempre funcionam, seu sorriso me acalma, eu não poderia o agradecer o suficiente por estar comigo nesse dia. com seus braços ao meu redor, eu finalmente me aqueci e adormeci encostada nele, esperando por qualquer sinal de aurora.

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sentiram saudade? quem surtou nesse capítulo deixa um comentário. beijinhos de luz.

Every breath you take | Herophine ∞Where stories live. Discover now