capítulo trinta e três

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josephine's point of view

– bom dia. – herro acaba me assustando, eu estava o olhando dormir e de repente, seus olhos se abrem como se eu percebesse.

– estava me olhando dormir? você é lindamente estranha. – ri ao ouvi-lo e concordei em silêncio. ao montar nele, resmungo e me deito sob seu corpo. estava dolorida.

– suas pernas doem? as minhas sim. – hero aperta minha cintura com seus braços, me mantendo perto, e beija meu cabelo.

– como se tivesse corrido uma maratona. estou com um chupão no pescoço, sabia? – ele apenas sorri da minha careta ao mostrar meu pescoço. era um hematoma bem feio.

– marcas de sexo. deveriam fazer uma hashtag assim. – a conversa boba na cama, um dos melhores momentos do nosso dia.

– tenho uma notícia ótima. a neve está tão forte que interditaram as avenidas, o noticiário disse que é a pior nevasca dos últimos anos, então vamos ficar em casa. – ele não ficou tão feliz como eu, na verdade parecia bravo com algo.

– que merda. é nosso aniversário de namoro, jo. eu tinha feito a reserva naquele restaurante que você gosta. – olhei para baixo, procurando me manter longe de seu olhar mas claro que ele notou. como poderia esquecer a data? preciso voltar a colar anotações pela casa.

– você esqueceu. menos pior, não vamos ter um jantar mesmo. que porra, eu queria ver você tomando vinho enquanto tocam a nossa música no piano. sinto muito, jo. – eu me sentia péssima por ter esquecido mas ainda pior por ver hero triste consigo. sabia que ele fazia de tudo para me fazer feliz, até ir em um restaurante lotado apenas porque eu gostava.

– obrigada por lembrar. e eu me desculpo um milhões de vezes por esquecer. eu nem sabia que dia era ontem. – ele nega com a cabeça e acaricia meu rosto com seu polegar.

– os últimos dois dias foram loucos, você nunca foi tão tarada como nas últimas 48 horas. – acabamos rindo porque era um fato, ficamos tanto tempo de luto, esquecemos de como deveríamos cuidar da nossa relação. agradeço a seja lá quem for por passar pelos estágios do luto, agora finalmente eu podia apenas aceitar, voltar a viver minha vida e trabalhar no emprego que amo. nunca iríamos nos esquecer do bebê, nunca deixaríamos de amá-lo mas era hora de seguir em frente.

– hoje é dia 14, linda, acho que deve estar tentando lembrar. – hero informa enquanto eu estava um pouco perdida com os devaneios.

– eu sei que é. é dia dos namorados e nosso aniversário de namoro. – nossa única data clichê, um aniversário de namoro no dia dos namorados, me lembrava bem do primeiro ano, quando ficamos mais de uma hora na fila do mesmo restaurante que ainda frequentamos. hero aprendeu a fazer reservas duas semanas antes, depois daquele dia.

– vou achar um jeito de comemorar. temos vinho e netflix. eu tenho você a noite toda, não poderia ser melhor. – eu precisava concordar, sempre gostei de ficar em casa, com hero, era ainda melhor ficar fazendo nada na nossa casa.

– então iremos comemorar. vou procurar alguma coisa pra cozinhar, não é um jantar incrível mas é alguma coisa. – ele concordou prontamente e me virou na cama, ficando por cima de mim. seus lábios tomaram os meus em um beijo doce, suas mãos passeavam por meu corpo. era realmente um bom dia.

[...]

14 de fevereiro, algo me incomodava naquele dia. eu sabia que estava esquecendo algo além do aniversário de namoro, só não sabia certo o que era. vasculhei meu calendário, os e-mails, anotações mas o macbook não podia me dizer o que eu estava esquecendo, eu não queria preocupar hero, então deixei minha mente focada nos e-mails de trabalho, ele fez o mesmo. tomamos um café da manhã ótimo e agora estávamos sentados trabalhando. ele acabou primeiro, eu tinha mais trabalho naquele dia do que em outro qualquer. hero jogou grãos de milho não estourados em mim, até eu desligar o computador e finalmente deitar no sofá, recebendo o melhor carinho do mundo, meus cabelos agradeciam. alguns segundos, não minutos, após eu me deitar, meu celular apitou, hero estava acostumado a olhar as notificações, assim como eu no celular dele, então ele parou o bipe no meio quando desbloqueou a tela.

– quatro dias? – ele fala baixo, olhando para a tela como se fosse um animal estranho.

– o que são quatro dias? – peguei o celular de suas mãos e li a notificação. sabia que estava esquecendo uma coisa importante.

– minha menstruação está atrasada há quatro dias. que merda, eu esqueci da injeção. eu tinha uma consulta hoje de manhã. – hero me olha como se não entendesse o que estava acontecendo mas ele iria, em alguns minutos.

– eu não posso estar grávida. eu não quero estar. – elevo o tom de voz sem ter intenção e é no exato segundo que começo a tremer que hero segura minhas mãos e pede calma.

– não surta antes de saber. você tem algum teste em casa? – quase uma caixa daqueles testes caros de farmácia. eu os usava quando esquecíamos da camisinha ou da pílula mas hero não precisava saber disso. eu subi as escadas correndo, tropecei pelo caminho mas hero estava atrás de mim, não me deixaria cair. o teste me encarava, eu podia ouvir aquele maldito rindo de mim.

– vou ficar aqui com você. – naquela altura das coisas, fazer xixi em um pedaço de plástico na frente de hero parecia normal, ele podia ficar onde quisesse, eu só precisava ver o sinal de negativo logo.

– três minutos. não encosta, é nojento. – hero riu baixo e se agachou em minha frente, acariciando minhas pernas enquanto eu olhava fixamente o teste.

– eu não estou pronta. – esperava dizer isso para ele há meses, apenas não havia um momento certo. hero ficou feliz com a ideia de termos o primeiro, me disse que nunca se imaginava com uma criança mas passou a amá-la a cada segundo. ele gostaria de ter alguém o chamando de papai mas eu não queria ser mãe naquele momento, nem de longe.

– eu também não, jo. – sua resposta me surpreende completamente, eu jurava que iríamos discutir mas era um alívio ouvir que não estávamos prontos.

– eu gostava da ideia de ter um filho com você, é claro. mas eu pirei quando me contou. não estava pronto, estava fodidamente assustado, com medo de te perder de novo. eu só aceitei o que tínhamos feito. – eu sabia bem lá no fundo que hero não queria ser pai, não tínhamos nem vinte e cinco anos, era loucura.

– não sabe como estou feliz em saber disso. não podemos ter uma criança agora. – agora sabemos quão perdidos estaríamos com um filho, é cômico pensar que deus tirou uma criança de nós porque não estávamos prontos. eu sei que a culpa não era minha ou de ninguém mas minha mãe diria isso, se estivesse aqui, que deus nos livrou disso.

– é, não queremos uma agora. mas se você estiver, vamos conseguir, eu acho. – não, não tem essa opção. eu não posso estar grávida.

– acho que já passou de três minutos. você pode ver? – hero concorda e pega o plástico da minha mão, ele olha cautelosamente mas não diz nada. a espera simplesmente me deixa fora de mim.

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matei vocês de curiosidade, eu sei. meu trabalho está feito kkkkkkkk. até o próximo, que pode sair ainda hoje ou daqui uma semana. fiquem à alerta. beijo

Every breath you take | Herophine ∞Where stories live. Discover now