capítulo trinta e nove

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hero point of view

meu anjo loiro estava em pé do meu lado, segurando forte em meu braço com seus dedos pequenos, seus olhos azuis quase saiam para fora quando eu dizia algo. foram minutos daquele silêncio vazio, a porra do silêncio que eu odiava. estava tão fodido naquela noite que nem mesmo josephine conseguia fazer sua mágica.

– acha que ela vai ficar bem? – as palavras de jo soavam como um choque de realidade, eu estava em outro mundo quando ela me achou.

– não sei, jo. é muito alto. – os olhos curiosos de josephine espiaram a água lá embaixo, haviam tantas luzes azuis e vermelhas que o rio parecia um festival.

  eu escutava pessoas comuns comentando e repórteres fazendo perguntas para câmeras, via pessoas correndo de um lado para o outro e mais luzes refletindo em josephine e eu. minha cabeça rodava como nunca antes, eu podia jurar que estava chapado mas faz tanto tempo que nem me lembro, estava completamente sóbrio. mas preferia estar louco para esquecer disso depois.

– precisamos do seu depoimento, senhor. prefere fazer isso aqui ou na delegacia? – uma pergunta nada estranha para mim vindo de uma pessoa que eu jurava conhecer. com tantos rostos naquele lugar, não assimilava mais quem conhecia ou não, apenas josephine, minha luz nessa bagunça.

– eu espero aqui. – jo beijou meus lábios rapidamente mas da maneira mais doce possível, e infelizmente tive de a deixar por um momento. não estava longe, conseguia a ver mas vê-la tão confusa daquele jeito me deixava com raiva de a trazer para isso.

– é um depoimento não oficial mas pode chamar seu advogado caso sinta-se desconfortável com as perguntas, então teremos de gravar e o colocar como testemunha. – eu sabia de tudo isso, dos direitos que me citariam e das perguntas, katherine decorou esse protocolo para que eu conseguisse minha liberdade. eu a chamaria sem pensar, se estivesse com a gente.

– vamos começar pelo porquê, rapaz. o que estava fazendo no local do crime? – um policial quase careca começou a me questionar, enquanto o com cara de idiota bebia algo no copo de isopor, eu podia adivinhar que era whiskey.

– tinha uma viagem de trabalho marcada para daqui umas horas. minha namorada saiu com a nossa sobrinha pra comprar umas coisas e eu fiquei em casa. recebi uma ligação para encontrar com um conhecido, no escritório, era para onde estava indo. sou um dos sócios, é normal me chamarem qualquer hora. – não tinha porquê esconder, era verdade e eu não queria mais problemas para jo resolver. a preocupação dela era quase palpável.

– conhecia a vítima? – neguei com um gesto e ele concordou de maneira estranha, como se desconfiasse de algo.

– essa merda estava vazia quando passei. eu geralmente dirijo rápido mas estava cansado. foi quando vi alguém parecida com uma pessoa que conheço. parei o carro e a chamei pelo nome mas não era ela. tentei puxar a garota de lá mas ela conseguiu pular. eu liguei primeiro para a minha namorada, depois chamei a polícia. – joguei meu celular na mão de um deles e acabei confirmando a desconfiança, talvez conhecessem minha ficha. eu não ligava.

– e como vamos acreditar que você não a empurrou, rapaz? – tive de respirar tão fundo para não xingar o filho da puta, apenas o olhar de josephine me acalmou, mesmo de longe.

– como disse, não é oficial. se quiser me acusar, procure minha advogada. – recuperei meu celular no mesmo minuto, eu não precisava ter feito tanto, katherine estaria orgulhosa.

– tira ele daqui, não quero ele nos jornais. – confirmei que era álcool pelo bafo do policial idiota, não deixei que se aproximasse de mim, apenas apressei os passos até josephine e pedi silêncio com o dedo em seus lábios. precisávamos sair daquela ponte infernal antes que me acusassem de algo real.

assim que entramos no carro vermelho de jo, seus olhos estavam quase transbordando seu medo e sua preocupação. seus braços me rodearam com sua força nada forte que eu tanto conhecia. quando a beijei na testa, ela desabou em lágrimas, como eu odiava a ver assim. ficamos, com certeza, mais de cinco minutos abraçados, acho que tentando assimilar tudo ainda. quando jo finalmente abriu um sorriso, tudo melhorou, o caos era apenas fora do carro, dentro dele era um lugar tão calmo quanto dentro da nossa casa.

– linda, eu sinto muito por... – seu dedo indicador calou minha boca e eu sorri com seu gesto, seus olhos brilhavam como não brilhavam há muito tempo. em momentos assim, eu notava o quanto tinha sorte.

– não quero desculpas, você está bem, isso é tudo pra mim. tudo. – ela repetiu a palavra com a voz embargada; minha princesa sensível.

– e agora vamos buscar nossa aurora. ela ficou com a sua mãe. – franzi a testa no momento que jo disse a palavra mãe.

– minha mãe está na cidade? nem sabia. tanto faz, vamos buscar ela. – claro que adorava ela mas minha mãe me sufocava para caralho. só de pensar no tanto que ela está preocupada, sinto inveja do policial bêbado.

– eu esqueci de contar. ela me ligou antes, está num hotel. amanhã vai ver a casa nova. – por que não estava na casa da minha irmã? minha mãe e sua paixão por hotéis. foi a única coisa que pensei antes de ouvir jo dizer casa nova.

– como assim casa nova? ela vai se mudar? – meu anjo loiro abriu um sorriso animado e beijou minha bochecha, deslizando sua mão por minha coxa. área proibida, josephine.

– deus, josephine. nunca mais vamos transar, ela vai estar lá 24 horas por dia, porra. – amava saber que divertia jo mas nem sua risada fofa me fazia adorar ter minha mãe tão perto.

– não fala assim, amor. ela vai ficar comigo quando você viajar. – jo estava tão comemorativa com aquilo, eu simplesmente não entendia o porquê. era minha mãe, não jesus que estava morando perto da gente.

– que nojo. – ela gargalhou como resposta e me amoleceu com seus beijos, nem ligava mais que minha mãe estava na cidade, só estava aproveitando estar com a mulher da minha vida.

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EAE. bem com vocês? espero que sim. tem tiro no próximo capítulo, estou avisando pra vocês comprarem colete. beijo na bunda, até mais.

Every breath you take | Herophine ∞Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora