capítulo vinte e sete

706 52 11
                                    

– eu era sua amiga, como pôde fazer isso? – eu realmente gostaria da resposta. ele era cruel, um perigo para mim desde sempre.

– você havia brigado comigo. uma briga que durou quase três meses, jo. não nos falávamos mais, então você se encaixou no padrão que jace queria e eu pensei em escrever seu nome. – hero iria me mandar para a morte por uma briga, agora sinto vontade de gritar por ajuda. com quem estava me casando?

– então me apaixonei e acabou. jace não me deixou cair fora mas eu parei de gravar. estava com medo de que ele matasse você. eu sinto muito, jo, muito. – katherine entrou no quarto quando hero disse sua última palavra. eu estava tão confusa, estava uma completa bagunça, me sentia nauseada e sentia que iria desmaiar a qualquer momento.

– o que fez com ela? – kat fez hero se afastar de mim, segurou meu rosto entre suas mãos e olhou no fundo de meus olhos, talvez tentando checar se eu ainda estava viva.

– tem uma lista. uma lista de vítimas. eu era a próxima, ele escreveu meu nome. mostra pra ela. – eu não estava pedindo, mesmo não conseguindo ficar de pé, minha voz tinha um tom autoritário que eu não achava muito natural.

katherine olhava para a tela do notebook como se estivesse vendo um filme de terror. bom, talvez minha vida fosse um, nessa altura, apenas me perguntava se iria acabar morta no fim. hero seria capaz de me machucar? eu não acreditava que a resposta era um sim assustador, lutei pelo nosso relacionamento mesmo indo contra tudo que eu aprendi. tive tantos traumas, pesadelos e crises, por meses, para acabar com ele dizendo que planejava me matar. deus, me sinto tão enjoada, talvez seja nojo, a adrenalina, não me importa agora. eu escutava os gritos de katherine mas não entendia o que ela dizia, também escutava hero mas suas palavras não passavam de pedidos de perdão, não para ela, para mim. eu não via como iria superar um segredo tão obscuro, não sabia se queria lutar mais por um relacionamento com ele. no momento, eu queria parar de lutar tanto, desistir.

– chega! – é, eu havia encontrado minha voz, katherine se assustou com o grito inesperado mas ele, o homem com quem eu tinha enormes planos, nem mesmo se mexeu.

– jo, desculpa estar gritando. vamos ficar bem, não vamos? vou pedir para ted nos levar para casa, você pode ficar comigo pelo tempo que precisar. não vou deixar ele chegar perto de você, eu prometo. – agora que o choque havia passado, conseguia olhar para hero novamente mas não conseguia decifrar o que ele estava pensando. kat, após se tornar mãe, aflorou seu lado superprotetor, então absolutamente tudo parecia um risco, um perigo para mim. eu não a julgava, não mesmo.

– eu não vou embora. chega de fugir, não sou criança, kat. você pode nos dar licença? só por alguns minutos. – ela relutou de princípio mas finalmente saiu do quarto.

– jo, você precisa me perdoar. vamos passar por isso como já fizemos inúmeras vezes, linda. não desiste de nós agora. – hero continuava falando enquanto eu andava pelo quarto, ele não havia entendido que eu queria um pouco de silêncio. eu iria falar, não ele.

– acho que não me entendeu. eu vou falar e você vai me escutar sem dizer uma letra, já escutei o suficiente por um século, hero. senta na porra da cama antes que eu passe por cima de você. – ele levantou as mãos em sinal de rendição e sentou na beira do colchão. seus olhos pararam de olhar nos meus, ele parecia como uma criança que acabara de ser repreendida por sua mãe após fazer algo errado. acho que é isso que somos agora, chega a ser cômico.

– eu aceitei todas as suas merdas até agora, fiz o que estava ao meu alcance para manter isso em pé mas você sempre tem uma carta na manga, um segredo ou uma mentira maior do que o seu ego. seu passado me fez querer fugir por muito tempo, e agora que eu estava deixando tudo para trás, você me fodeu, de novo! – perdi meu fôlego quando ele abriu a boca, como se fosse pronunciar algo.

Every breath you take | Herophine ∞Where stories live. Discover now