capítulo onze

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– relaxa, jo. só vim conversar. faz tempo que não vejo você, estava com saudade. – eu dou dois passos para trás ao ser tocada no braço por jace, me sentia em perigo mas como iria pedir ajuda?

– não acho bom você entrar, eu estou ocupada. – realmente estava, katherine iria aparecer a qualquer minuto, se eu tivesse sorte. jace manteve aquele sorriso perverso, que me deixava mais assustada a cada segundo.

– minha presença incomoda, jo? não é a primeira vez, eu vou embora. – suspirei aliviada quando o vi virando as costas e saindo pelo corredor, um peso saiu de meus ombros no mesmo instante mas ele parou antes de entrar no elevador, ainda com aquele sorriso sombrio nos lábios. – o que vai vestir para dormir hoje? eu gosto daquela calcinha vermelha.

senti meu sangue gelando em minhas veias, agora que eu sabia que jace me observava nos meus momentos mais íntimos, apenas pude confirmar que realmente tinha alguém sempre me olhando, eu tinha essa sensação mas ela acabou quando hero chegou. entrei no apartamento sem pensar duas vezes, tranquei a porta todas as vezes que a chave permitia e me sentei no sofá, controlando o pânico que estava sentindo. quando eu pensei que estava segura, novamente uma batida na porta me incomodou e eu corri até ela, desejando como nunca que ao abrir visse hero.

– um babaca estava segurando o elevador. – hero comenta quando me vê e eu o abraço como se fosse uma despedida, era evidente, eu sentia o pânico na minha respiração e hero também notou, me abraçou de volta e me levou para dentro. eu agarrei sua jaqueta com as unhas e não soltaria por um bom tempo, não até me sentir segura novamente.

– linda, você precisa falar, eu não sei ler pensamentos ainda. – eu concordei e me soltei dele, podendo voltar para o sofá confortável onde eu estava sentada. – sou eu, jo. não me olha assim.

– desculpa, eu estou assustada. jace apareceu aqui e viu que você não estava... ele disse que me vê quando estou no quarto e... ele já me viu quase nua. – eu digo, notando que minhas mãos tremiam enquanto eu gesticulava.

– desgraçado. não fazia ideia, jo, nem sabia que ele estava morando aqui. vou acabar com isso, prometo. – concordei em silêncio, um silêncio que estava me consumindo. eu queria gritar por ajuda mas não sabia se alguém poderia me ouvir, hero estava comigo e iria me proteger, eu sabia mas mesmo assim, meu coração ainda errava suas batidas a cada vez que eu lembrava daquele sorriso cruel de jace.

[...]

não deixei hero dormir. fiz ele procurar por qualquer câmera no meu apartamento todo, até mesmo dentro dos armários, mas não encontramos nada. era noite quando katherine finalmente apareceu na sala, onde eu revirava as almofadas em busca de qualquer coisa que ligasse jace a um stalker doente.

– perdeu o que? a vergonha? – e o humor contagiante de kat estava de volta, não sabia como mas também não tinha tempo para lidar com os demônios dela agora, eu tinha os meus de volta. eu não contaria nada para ela, porque tinha certeza de que a faria surtar mais do que eu, katherine não sabia lidar bem com situações fodidas como essa e eu a privaria até não conseguir mais.

– é só um brinco, hero está procurando no quarto. você quer comer? íamos pedir o jantar. talvez comida japonesa, o que acha? – eu nem conseguia olhar para kat, estava tão preocupada em achar algo naquela sala que não pararia tão cedo. hero saiu de meu quarto e jogou um pequeno objeto para mim, com um sorriso satisfeito nos lábios.

– clichê, jo. ele não passa de um amador, estava observando você por essa merda barata. estava escondido no seu lustre. – eu olho novamente para o que parecia uma microcâmera e suspiro, ainda tensa.

– graças à deus. eu sabia que ia encontrar. – não relutei em abrir a janela da sala e jogar a maldita câmera do décimo andar. queria fazer jace engolir aquilo mas eu não era como ele, não era cruel e sádica.

– se lembra do jace? cabelo loiro bem falso e tatuagens mal feitas? – katherine se lembrava dele porque ela me via com o idiota pelo campus, quando estava por lá. – ele estava me observando, sabe lá desde quando mas agora acabou. acho que estamos em paz, por enquanto.

minha irmã gargalhou, porque ela disse que era muito sinistro, e era mesmo mas eu não achei graça alguma até que ela fizesse uma brincadeira, dizendo que ele era amigo de hero, por isso a psicopatia. os dois riam como adolescentes e eu me rendi, porque era fodido, tudo aquilo mas eu estava envolvida, o que me fez rir até demais.

– ele era meu amigo, sua estupida. agora parece só o perseguidor da jo. – hero ficou sério quando kat insistiu nas piadas, talvez tivesse ficado bravo mas sim, os dois eram parceiros de crime, então hero não podia reclamar, foi escolha dele.

– tá, eu mereço isso, podem rir. quero ver se você, senhorita josephine, estará rindo daqui uns minutos. – a fala de hero só me fez rir mais, katherine estava até vermelha. eu senti falta de rir assim, senti falta dessa alegria, da energia boa. hero ter voltado para a minha vida foi uma das melhores coisas do mundo, como eu pensava, ele realmente me trouxe de volta à vida.

nós comemos, até demais, sushis e temakis que eu amava mas não comia há um certo tempo, porque hero e eu comíamos aquilo sempre, então meus pratos favoritos viraram uma lembrança que eu queria esquecer. mas agora, sinto que posso comer novamente sem me lembrar de coisas ruins, sou livre novamente. é uma sensação incrível, um pouco estranha até, mas fodidamente libertadora. o relógio da cozinha marcava quase meia-noite, perdemos a noção do tempo enquanto conversávamos sobre tudo, sobre a loucura que os últimos meses foram mas toda vez que eu olhava para hero e o via sorrir, meu coração se aquecia; eu tive certeza que nunca esqueceria ele nem que quisesse, naquela noite. como eu dizia para katherine, algo bom sempre acontece antes do ano acabar. bom, estávamos há um dia para o final do ano mais louco da minha vida, e tudo estava bem. com certeza eu iria agradecer à deus mais tarde, por ter hero novamente, e katherine comemorando sua sobriedade por um ano. eu era a garota mais feliz do mundo, naquela noite.

– jo? você parece chapada. – minha irmã comentou, bebericando sua taça de vinho enquanto eu sorria, perdida em pensamentos bons.

– acho que estou, de certa forma. já volto. – no caminho para o banheiro do meu quarto, escutei hero dizendo para katherine que eu parecia feliz, e ela o agradeceu por ser a razão da minha felicidade.

quando voltei, estava com um moletom que cheirava como hero, porque talvez fosse dele mas meu quarto estava tão bagunçado que eu não sabia distinguir mais o que era meu.

– querem assistir um filme? – pergunto ao notar que os dois me encaravam, notei uma certa preocupação nos olhos que me fitavam mas talvez fosse o vinho me deixando lesada. – vão ficar me olhando assim? é só um moletom, e vocês dois já me viram nua.

kat balançou a cabeça e puxou meu braço, me sentando na cadeira ao lado da sua. ela puxou seu celular da superfície gelada da mesa e digitou sua senha, que eu sabia de cor ou pelo menos melhor do que ela. três tentativas depois, katherine abriu um sms que continha um arquivo de vídeo. quando ela deixou o celular em minhas mãos, uma espécie de sex tape começou na tela e eu virei o rosto.

– por que está me mostrando isso? eu não... – eu me parei quando reconheci minha voz no vídeo, meu quarto e o corpo de hero por cima do meu. – sou eu?

katherine concordou, me deixando sem fôlego. minha cabeça girou como se eu levasse um soco mas eu estava bem consciente, não era um sonho, era real. hero andava de um lado para o outro na cozinha, estava me deixando ainda mais chocada e até nervosa. ele não podia ter feito isso, porque hero tinha ciúme que alguém me visse de biquíni, ele nunca me desrespeitaria daquele jeito e eu confiava cegamente naquilo.

– vou matar ele. mas que porra?! – hero exclamou, batendo suas mãos na mesa e fazendo katherine pular da cadeira. antes que eu pudesse me recuperar, hero saiu do apartamento mas eu estava paralisada para ir atrás dele. katherine ficou confusa, mas no fim seguiu ele, porque era o certo.

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obrigada pelos comentários, bolinhos, eu leio todos e acho uma gracinha. obrigada mesmo, de coração. adoro vocês. – iza.

Every breath you take | Herophine ∞Onde as histórias ganham vida. Descobre agora