capítulo quatro

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hero: josephine não fala comigo há uma semana. ela está com você? eu só quero vê-la. por favor.

kat: é impossível. você acabou com ela e eu não sei o motivo mas fica longe. ela não fala com ninguém desde que chegou aqui.

hero: só pede para ela me atender, eu não vou fazer nada pelo telefone. vamos, katherine, você é minha amiga. e como irmã dela, sabe que ela precisa de mim.

kat: ela precisava, agora só precisa esquecer você, esquecer seja lá o que tenha a feito para ela.

hero: dois minutos, kat. eu prometo.

kat: se ela ficar pior, eu sou capaz de qualquer coisa.

  katherine havia saído do quarto onde eu estava apodrecendo fazia dias, com o celular em mãos, eu escutei a conversa toda porque ela não se afastou o suficiente, mas como desde aquela noite, eu não tive nenhuma reação. estava perdida em pensamentos e em dúvidas, muito perdida para ser encontrada, muito perdida para saber o rumo à tomar. minha irmã entrou no quarto, acendendo a luz brutalmente ao bater no interruptor, me fazendo resmungar. ela me entregou o telefone, sem dizer nada, então eu olhei para a tela brilhante identificando o número de hero. até seu nome me deixava suando frio, gélida. neguei repetidas vezes com a cabeça e estendi o telefone para ela mas kat não fazia nada além de me encarar. aquele olhar significava que eu tinha que enfrentar aquilo sozinha, kat sempre colocava esse olhar sob mim quando as coisas ficavam feias, ela me deu o pouco de coragem que tenho atualmente. meu coração acelerou e minhas mãos não paravam de suar, meus olhos novamente ficaram inundados pelas lágrimas de decepção, talvez de medo.

– jo? graças à deus. achei que nunca mais falaria com você, – ele fez uma pausa esperando por uma resposta minha mas eu ainda estava em choque – quero te explicar o que aconteceu, jo.

– eu sei o que aconteceu, não sou idiota. você, em quem eu confiei o suficiente para quase tudo, e seu parceiro criminoso, com quem você me deixava tomar café e ficar sozinha com ele, mataram uma garota que não merecia morrer. eu tive um sonho antes disso acontecer, hero, foi um aviso e eu ignorei. agora que eu sei, jace quer acabar comigo e acho que você também quer me silenciar. não entendi porquê ainda não vieram, eu estou esperando. – kat sentou ao meu lado e acariciou meu ombro, me confortando em seus braços. eu estava nervosa novamente e chorando como se isso fosse resolver algo.

– é isso que eu faço, hero. confio em pessoas e elas acabam comigo, me deixam vazia e me decepcionam, todas as vezes. foi o que você fez. você acabou comigo, está satisfeito? – eu não estava histérica nem gritando mas a calma com que minha voz soava no telefone me assustava, eu estava tão distante que não conseguia gritar com ele, não hoje.

– porra, josephine. você interpreta mal para caralho, então me deixa explicar. eu não vou mentir para você, já aprendi que você vai embora quando eu faço isso e não vai se repetir, – hero parou e eu tive a certeza de que estava puxando seus cabelos, era sua mania de descontar a raiva sem quebrar nada – vai me escutar?

– estou escutando. – pedi para que kat me deixasse sozinha, gentilmente; eu precisava enfrentar aquilo sozinha, sabia disso mas doía pensar no quão inocente fui ao confiar em alguém como hero. kat me avisou que ele era problema e eu não ouvi, claro que não ouvi.

– não matei aquela menina. eu sei que isso é fodido mas você merece saber e eu cansei de mentir. eu me mudei no começo do ano, se lembra? antes, morava em uma cidade minúscula na inglaterra. jo, eu estava aqui para recomeçar e só consegui com você. – eu suspirei, deixando minha raiva sair para fora para que eu pudesse prestar atenção e não ficar cega por ela.

– por que veio para cá? – perguntei com a voz falhada, com medo da resposta mas eu realmente merecia saber de tudo antes de tomar uma decisão.

– eu fazia esse tipo de coisa lá. essa coisa... de matar. você não precisa ouvir os detalhes porque nada justifica, eu sei que não. – pedi que ele continuasse mas eu já não estava mais escutando, não parava de pensar que eu poderia estar morta mas pela misericórdia de um louco, estou viva.

– quantas? – hero respondeu que haviam sido quatro. quatro adolescentes, entre quinze e dezessete anos. quarto vítimas, quatro garotas que não mereciam ter um demônio em suas vidas. minhas lágrimas voltaram a cair, dessa vez molhando o travesseiro.

– você fez todas se apaixonarem para depois fazer isso? – ele concordou, me deixando sem fôlego. – por quê?

– eu as amei, jo. mas elas não me amaram de volta, nenhuma delas. eu não sou um monstro, não planejei matar alguma delas. eu só não conseguia vê-las sendo felizes e seguindo com suas vidas patéticas. elas não me amaram. – deus. eu queria gritar como hero era doente, não para ele mas para o mundo. o perigo no qual me coloquei estava me assombrando há dias.

– você observou elas por dias, quem sabe meses, viu como todas estavam bem sem você e então deu um fim nisso. seu ego é enorme, hero. e você é realmente doente, não entendo como me fez cair nisso. você... você me olhou nos olhos e disse que eu podia confiar em você, eu me lembro claramente. mas mesmo assim, você e jace queriam me matar. eu te amei de volta, eu dei tudo de mim e você queria me matar. isso não é fodido, é doentio.

– não, jo, não. eu não quero machucar você. no começo, eu observava você dormir e sair com seus amigos, eu queria estar com você e... eu queria você. achei que você nunca gostaria de mim, então jace colocou seu nome na lista. logo começamos a sair mas eu ainda tinha aquilo dentro de mim, porque alguém como você não iria me amar. quando dormimos juntos pela primeira vez, eu não vi o rosto delas em você. eu vi você. você estava me amando. então eu estava te protegendo dele mas jace não desistiu, ele é cruel e gosta de matar dos piores modos. ele matou leslie, porque eu não tive coragem. desde que cheguei, não tive coragem de matar ninguém. jace só agiu na cidade vizinha e não parou desde então. – eu desliguei o telefone e em uma espécie de hipnose ou choque, procurei kat pela casa. a encontrei na cozinha, quase a matando de susto.

– jo? você está pálida. o que ele fez? josephine? está me assustando, inferno. – eu realmente devia estar assustando kat com meus olhos vazios e a palidez eminente, mas eu não queria aquilo, queria um abraço, que acabei dando em minha irmã. com aquele gesto que deveria ser de carinho e alegria, eu finalmente senti meu coração partido. eu estava pedindo para que sentisse algo além de raiva e decepção, agora eu sinto, e machuca de uma maneira indescritível.

– eu vou acabar com aquele desgraçado. – ela sussurrou ao meu ouvido, porque eu não a soltava por nada, mas chorava tão alto que talvez tivesse danificando a audição dela.

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oi, oi. achei que essa fanfic não ia para frente mas estou amando escrever, então obrigada por ler, porque sem você, eu não conseguiria. obrigada, bolinho lindo que está lendo isso. com muito amor e carinho, o capítulo de hoje está aqui. e não, não será uma relação tóxica que vou romantizar, antes que desistam por causa disso. esperem para ver. – iza.
obs: não revisado.

Every breath you take | Herophine ∞Onde as histórias ganham vida. Descobre agora