FINE LINE: Do Outro Lado Da Linha | LIVRO #2

Capítulo Quatro

ELENA

Deixando um pouco a minha vida amorosa de lado e focando no que realmente interessa e importa a respeito da minha vida, o curso de Direito é realmente o curso dos meus sonhos; e estar cursando em Stanford é um verdadeiro privilégio! Sinto-me a jovem mulher mais sortuda do planeta Terra. Atualmente estou concluindo o terceiro período com mente e coração no próximo semestre, pois irei finalizar Direito Penal, por fim. Eu adoro Direito Penal, mas são quase quatro semestres estudando Direito Penal! Acredite ou não, algumas vezes eu acabava sonhando o conteúdo da disciplina quando estava em período de avaliações. Doida? Não. Um pouco perturbada? Talvez! Entretanto, apesar de ser perseguida em sonhos por Direito Penal e por passar alguns perrengues com Direito Constitucional I, estou amando cada vez mais o curso. Sinto que estou me encontrando a cada dia, a cada aula, a cada novo conhecimento adquirido. Os professores são excepcionais e estão sempre ali de "stand by" para fornecer apoio toda vez que for necessário, sobretudo quando Projetos de Extensão, os famosos Cursos de Verão, despertam o interesse dos alunos. No verão desse ano, o projeto que irá ser ofertado para minha turma é envolvendo as disciplinas de Sociologia Jurídica e Psicologia Jurídica. Eu queria muito, muito, muito participar, mas coincide justo no período do aniversário de 15 anos da Olivia e seria egoísmo da minha parte não estar presente em um momento tão especial para ela. Quero que tudo seja diferente do que foi comigo. Quero que ela tenha um dia de princesa, mágico, e que seja feliz ao lado das pessoas que ama.

Assim que as aulas começaram na faculdade, papai começou a frequentar uma espécie de roda de conversas para veteranos e fez muitas amizades por ali; uma delas, em especial, foi com um tenente aposentado da Marinha: Kyle Pritchett. Kyle mora na Califórnia há doze anos e, infelizmente, há dois anos ficou viúvo, pois a sua esposa faleceu devido a algumas complicações no câncer de mama. Atualmente, Kyle mora com o seu filho Luke, de 22 anos, que também estuda em Stanford. Luke está no quarto da faculdade de Direito. Direito, pois é. Creio que esse é um dos motivos pelos quais papai vez ou outra insiste em que eu abra o leque de oportunidades com o Luke, se é que me entende. Luke é um bom rapaz, é gentil, saímos algumas vezes nos últimos meses, mas nunca rolou nada além de um único beijo porque eu não conseguia me relacionar assim com outra pessoa, por mais que eu tentasse. Felizmente, Luke sempre fora muito compreensivo. Na mesma noite do beijo, quando ele veio me deixar no condomínio, contei sobre o meu relacionamento com o Benjamin e passamos praticamente a madrugada inteira conversando no parquinho. Ele me ouviu, bastante, por sinal, me aconselhou, me abraçou, e, acima de tudo, ele respeitou a mim e aos meus sentimentos. A partir daquele momento, tornamo-nos bons amigos. Quando a Alicia ligava por chamada de vídeo e perguntava sobre as novidades, eu sempre escondia o que havia acontecido entre mim e Luke porque no fundo eu sabia que, mesmo sem querer, ela acabaria comentando com o Benjamin e eu não queria que ele... eu só não gostaria que... parece idiotice da minha parte tentar proteger os sentimentos de alguém que provavelmente nem lembra mais de mim dessa maneira, enquanto eu estou aqui usando um colar cujo pingente é a inicial do seu nome.

— Então o seu pai está frequentando um centro para veteranos? Poxa, Leninha, que legal! — Alicia falou super contente.

— Pois é, pois é. E ele está tão feliz, amiga. Fez até alguns amigos por lá!

— Que demais!

— Um deles se tornou bem próximo do papai. Ele é um tenente aposentado da Marinha, se chama Kyle Pritchett. Kyle e papai se dão super bem, parece até o Caleb e... você lembra o quão palhaços eles eram juntos, né?

Alicia percebeu que eu não consegui mencionar o nome dele, mas pareceu dissimular.

— Continuam os mesmos bobões de sempre, Leninha. — Riu. — Mas, e aí, conta mais sobre esse amigo do seu pai.