Toxic 》 malik

44 | Tu para mim és a única.

▕ B l a i r▕

Ainda que eu tenha suspirado de alívio com a mensagem do rapaz loio, Zayn continuava a não ter conhecimento do que se passara verdadeiramente na noite passada. Mordo o lábio após ver que a sua postura ainda não havia mudado e que ele continuava aborrecido com as marcas de cor roxa observáveis no meu corpo e, muito certamente, encontrava-se a imaginar algo muito diferente do que fora a realidade.

O seu olhar fulminante, furioso, cai em mim fazendo com que eu sentisse as bochechas a queimarem com a vergonha da situação em que me havia metido. Se eu soubesse que tudo isto iria acontecer, eu ter-me-ia deixado ficar a dormir ou, pelo menos, a fingir que o fazer. Esta manhã, simplesmente, não havia sido feita para mim. Baixo com cuidado e delicadeza a minha camisola e ajeito-a de forma a voltar a tapar os horrendos hematomas que ocupavam grande parte do meu peito.

"Eu quero desfazer o gajo!" Zayn exclama, já do outro lado do quarto.

A minha cabeça ainda doía mas havia tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo que isto era apenas mais um pormenor. As suas mãos pousam-se bruscamente, sem qualquer cuidado, na secretária existente em frente à cama e vejo a sua cabeça deixar-se cair ao ponto de ficar escondida entre seus braços. Os seus músculos estavam realçados, mostrando por isso a força que ele devia estar a exercer sobre si para controlar os seus sentimentos, os seus pensamentos mais remotos e dos quais eu nem queria imaginar.

"Zayn..."

Zayn nega com a cabeça como se pedisse para eu não pronunciar mais uma palavra que fosse. Com medo de que ele, neste estado de exaltação, me magoasse resolvi travar as minhas palavras como um ato de segurança, de proteção. Se eu não tivesse ido sair nada disto estaria a acontecer nem eu estaria aqui, com ele, neste preciso momento.

Nem ele é um príncipe para me salvar nem eu sou nenhuma rapariga indefesa que esteja constantemente a necessitar dele. Eu odeio quando ele me inferioriza e pensa que eu não sou capaz de cuidar de mim mesma.

O meu corpo assusta-se quando, inesperadamente, Zayn bate na mesa com força. Conseguido ouvir um suspiro prolongado sair por entre os meus lábios e mordo o meu, repleta de receio e nervosismo. O meu coração bate aceleradamente e de forma pouco controlada enquanto as minhas pernas, que pareciam não querer obedecer ao meu pedido para pararem de tremer, se juntar após observar a ação.

"O que é que tu foste fazer?"

Dou de ombros e viro-lhe costas ficando, com isto, de frente ao espelho que ele tinha na parede que fazia a separação do quarto com a casa de banho. O meu corpo está muito mais magro do que estava no início do ano universitário e essas diferenças são bem visíveis. O meu olhar atento apenas consegue observar imperfeições e comparar-me a outras raparigas com quem Zayn possa, eventualmente, ter estado. Contudo, a razão pela qual ele está aqui, comigo, e a demonstrar sentir ciúmes é algo onde o sadomasoquismo não pode ser avaliado. É algo que ultrapassa o que nós tínhamos inicial, a relação dominante-submissa.

Os meus dedos brincam com a beira da camisola enquanto eu tento ganhar coragem de revelar mais o meu corpo. Tentava ter a ousadia de observar com mais atenção o meu corpo pintado com alguns traços da minha diversão da noite passada. Pelo reflexo do espelho, consigo atentar Zayn, no mesmo sítio onde anteriormente se encontrava ainda que agora ele se encontrasse com uma postura direita e com o seu olhar posto em mim. A sua cabeça inclinasse ligeiramente quando tenta decifrar as minhas ações, os meus movimentos dos quais ele aparentava estar a prestar bastante atenção.

"Vai em frente. Vê a merda que os outros fizeram no teu corpo."

Nego com a cabeça, tomando proveito da minha teimosia, e volto a compor a camisola sem revelar mais um milímetro que fosse do meu corpo. Zayn, após ver que eu não concretizara o seu incentivo, caminha na minha direção mas felizmente para deixando algum espaço entre os nossos corpos. Pelo menos era essa a perspetiva que o espelho me dava.