53 | Pareces triste...

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B l a i r

Já não conseguia ouvir mais a voz irritante da minha mãe e pedia, desesperada, para que o meu pai regressasse a Inglaterra. A sua partida, anteontem, magoara-me muito e deixara-me completamente devastada. Ele é a pessoa em quem eu mais confio e com quem eu mantenho uma melhor relação. Não obstante, a ambição de querer aproveitar cada segundo com ele e a ocasião festiva não favoreceram a que eu lhe contasse a verdade relativamente a mim e a Zayn.

Nada mais pude eu fazer, nessa altura, além de acenar feita estúpida para um avião, com as lágrimas a preencherem-me o rosto e com o olhar no extenso espaço. Eu fazia isso, mesmo sabendo que ele não me poderia ver do interior do meio de transporte. Fora ótimo o tempo que passara aqui com ele e mal podia esperar para voltar ao aeroporto novamente.

Eu prometera-lhe que, da próxima vez, o iria buscar no meu próprio carro, ou seja, terei que me esforçar para tirar até lá e prometera-lhe ainda que lhe daria novidades melhores do que só ter passado a uma disciplina, ainda que ele tenha ficado muito satisfeito e muito orgulhoso do meu feito.

Felizmente, o meu pai entende a minha preguiça para com a vida, ainda que ele não seja assim.

Não consigo acreditar que amanhã já é o último dia do ano. O mesmo passara a correr e não existem palavras que eu consiga usar para exprimir todo o misto de sensações que senti, principalmente nestes últimos meses. Elaine já me mandara fazer uma lista com os meus doze desejos, para não me esquecer de nenhum quando for a altura, mas muito honestamente nada que me ocorre além daqueles típicos como é o caso da saúde, do dinheiro, da felicidade, dos amigos e todas essas tretas que as pessoas respondem que vão pedir para não ficarem mal na fotografia.

Levanto-me da cama e retiro os fones dos meus ouvidos, após pausar a música. Como já eram quase horas de almoçar, ou como diria o meu pai, horas de governar vida, decido tomar banho antes que a minha mãe venha novamente ao meu quarto mandar-me fazê-lo. Desde que cá chegara que ela não para de mandar vir comigo, independentemente se está presente Elaine ou o seu noivo. Ela simplesmente consegue colocar defeitos em tudo aquilo que eu faço e, por causa disso, surgem discussões.

O meu progenitor diz que nós temos todas estas divergências devido a uma personalidade semelhante. Já eu, rio-me da sua piada.

Curiosamente, ontem, fora um bom dia visto que ela ficara o dia quase todo na universidade por causa de reuniões e de umas complicações quaisquer que surgiram na secretaria. Sem ela em casa tudo se torna muito melhor, muito mais pacífico e tenho a certeza que tanto o seu noivo como a sua enteada pensam da mesma maneira que eu.

Encaminho-me até à casa de banho e, após ligar a água, dispo as minhas roupas. No meu corpo já não era possível observar as marcas das nossas noites que passara na companhia do homem moreno e atraente e a minha pele já sentia uma espécie de amnésia dos seus beijos intensos. Todavia, o meu coração ainda acelerava insanamente a cada mensagem, o meu comportamento ainda se assemelhava a algo infantil e o meu sorriso ainda aparecia a cada recordação.

As gotas de água ardentes percorrem a minha pele, após colocar o meu corpo nu debaixo do chuveiro, e os meus olhos fecham-se envolvendo-me em pensamentos. Desde de o dia em que o meu pai patira, ou seja, anteontem, que Zayn não me responde a nenhuma mensagem e muito menos me atende a chamadas. Já antes notara que ele andava estranho e bastante afastado de mim mas agora começo cada vez mais a interrogar-me relativamente à situação. Todas as respostas, que passam pela minha mente, me parecem ser negativas e todas elas me assustam de uma forma que não consigo sequer explicar.

Admito ter um grande receio que ele conheça alguém, alguém diferente, alguém mais maturo. Eu tenho que aceitar a realidade e essa mesma aponta para um desequilibro do meu funcional. Zayn tem vinte e cinco anos e, ainda que não seja pela idade, tenho um certo receio que ele se canse de mim e da minha personalidade impulsiva, espontânea e atrevida porque, aceitemos os factos, toda a gente acaba por se cansar. Até mesmo eu acabo por o fazer.

Toxic 》 malikWhere stories live. Discover now