50 | A tua mente é semelhante à de um bebé.

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B l a i r

Sexta-feira, quatro horas da tarde, certinhas. Provavelmente, o dia de hoje e as horas atuais passam despercebido à maior parte pessoas mas, posso afirmar muito honestamente, que é o começo de uma curta felicidade para mim. Por outras palavras, estou a saudar as férias de Natal com o maior sorriso que sou capaz de colocar no meu rosto.

A última aula acabara de forma muito triste. Não pelas saudades de vou ter da professora carrancuda, mal-humorada, de cabelos brancos e de pele mais enrugada do que um elefante, mas sim porque ela tivera todo o gosto em me informar que tivera negativa à sua frequência. Hoje sai uma pauta com as classificações de todas as provas que se realizaram durante este período mas a senhora irritante quisera dar-me a feliz noticia mais cedo. Com isto, vou ter que a aturar para mais um período visto que chumbei à sua disciplina. Mal posso esperar por ouvir as palavras repletas de orgulho da minha progenitora.

Palmas para mim, eu, realmente, mereço.

Estou certa que as pessoas conseguem ouvir a música que os meus fones me transmitem. O volume já estava no máximo mas, mesmo assim, eu pressionava constantemente o botão superior, ainda pouco satisfeita com o rebentamento progressivo dos meus tímpanos.

O meu quarto fica tão longe da porta principal da universidade que me faz considerar todo este caminho, que agora me encontro a percorrer, um aliado ao emagrecimento. Decerto que, numa fase em que ande descontente com o meu corpo, o irei percorrer vezes sem conta.

Quem é que eu quero enganar? Eu sou uma preguiçosa de primeira, por isso, provavelmente, enfiar-me-ia do meu quarto a comer ainda mais e a deprimir.

Assim que abro a porta do quarto, marcada no centro com o número catorze, encontro Samantha a fazer a sua mala, junto do seu guarda-fatos. Um beicinho infantil forma-se nos meus lábios, já com um sentimento de saudade a pesar-me no coração, e corro ao seu encontro para me colocar às suas cavalitas.

A rapariga loira oscila com a ação inesperada e geme quando quase caímos as duas, devido à exageração do meu afeto. Dou um pequeno guincho ao ver a porta aberta do guarda-fatos passar por mim de raspão.

A última coisa que eu pretendo agora, que as férias estão a começar, é ir para ao hospital.

"Tu és completamente louca, Blair. Nem parece que tens dezanove anos!" Ela repreende-me, enquanto inclina as suas costas para trás, para que eu pudesse voltar a pisar o chão, uma vez que agora se encontrava mais estabilizada. Desço das suas cavalitas com um pequeno sorriso no meu rosto e beijo a sua face de forma atrevida para derreter o seu coração.

"Estás a insinuar que eu tenho uma mente jovem? És um amor, Sam, obrigada."

Samantha revira o seu olhar e compõem o penteado que eu acabara de estragar. Olho-a fixamente para conseguir perceber se ela estava realmente exasperante para comigo e, após assistir à tentativa falhada de me meter medo com um semicerrar de olhos, comprovo que não. As gargalhadas que dera logo se seguida foram a prova de que a minha colega de quarto é tão ou mais maluca quanto eu.

"Claro, claro, Blair. A tua mente é semelhante à de um bebé."

"Cada vez mais querida, obrigada." Eu troço, dando-lhe uma estalada sem força, encenada. "Mas bem, vou fazer a mala. Tenho que levar tudo, por isso, não devo sair daqui hoje."

Deixo um suspiro escapulir-se por entre os meus lábios e vou até ao outro lado do quarto para ir buscar a minha mala. A mesma, muito bem dobrada, não saíra da gaveta desde o último fim-de-semana das minhas férias de verão.

Bons tempos, esses em que eu ainda não sabia o que era realmente um universidade.

"Vais passar estas férias com ele?" A curiosa pergunta ao mesmo tempo que dobrava o amontoado de roupa que tinha em cima da cama.

Toxic 》 malikOn viuen les histories. Descobreix ara